A mensagem que cada vez circula mais é que todos devem fazer a sua parte no intuito de conter a rápida proliferação do novo coronavírus pelo país. No entanto, os síndicos de edifícios residenciais e comerciais terão um papel mais acentuado, já que terão de zelar pelo convívio seguro em comunidade. Dessa forma, o Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG elaborou uma espécie de guia para que o impacto do novo coronavírus seja minimizado.

Além das questões de limpeza, orientações sobre o uso de elevadores, áreas comuns e de álcool em gel, o documento fala da questão da confiança que deve haver entre os moradores e ou locatários junto ao síndico.

"Pedimos encarecidamente que qualquer estado gripal, mesmo que inicial, seja comunicado ao síndico, com confidencialidade. Lembre-se de que a gripe comum e a imunidade baixa predispõem à infecção", diz um dos itens da circular.

"Resultados positivos para Covid-19 (doença causada pelo coronavírus) devem ser obrigatoriamente informados ao síndico e aos demais moradores. A sugestão é que qualquer pessoa com sinais de estado gripal deve ficar o máximo possível em seu apartamento (ou na casa de um/a cuidador/a treinado/a), em distanciamento social (dois metros de distância das pessoas)", afirma outro trecho.

Em Belo Horizonte, o administrador Lauro Menezes afirma que boa parte dessas medidas estão sendo tomadas, inclusive no que diz respeito à confirmação de infecção por algum morador.

"Em todas as convenções a gente pede que, em caso do morador apresentar alguma doença contagiosa, ele informe ao síndico imediatamente. Já colocamos esse aviso nos elavadores para que possamos nos resguardar e pedir para que essa pessoa fique o máximo possível isolada, sem frequentar as áreas comuns dos condomínios", ressaltou.

Além disso, Menezes explicou que outras medidas estão sendo tomadas em conformidade em inúmeros condomínios.

"Intensificamos a limpeza com álcool nos corrimãos, elevadores, hall social e demais dependências comuns. Já instalamos recipientes com álcool em gel para visitantes, moradores e prestadores de serviço o utilizarem assim que entrarem nos prédios. Também contamos com a colaboração dos moradores para fechar o salão de festas pelo menos até o dia 18 de maio", continuou.

O subsíndico de São Paulo Túlio Astoni afirmou que na capital paulista medidas como essas já foram adotadas, inclusive com a interdição de parquinhos e demais dependências comuns aos moradores, além da recomendação para o mínimo de circulação possível.

Ignorância

Mas nem todos os síndicos têm contado com a compreensão dos moradores, como foi o caso de um administrador de um condomínio de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com ele, que preferiu não se identificar, apesar das informações divulgadas e também afixadas por todo o condomínio, alguns moradores reclamaram do fechamento da academia e de áreas comuns.

"Chegaram a dizer que eu estava me achando Deus por tomar essas medidas. Outro afirmou que eu não poderia fazer o que eu bem entendesse. Felizmente, a maioria tem apoiado as decisões, só alguns poucos criticam e não seguem todos os cuidados", lamentou.