A vacina é uma medida bastante efetiva contra a varíola dos macacos, conforme explica o infectologista Carlos Starling. No entanto, a aplicação do imunizante foi suspensa na década de 1980, quando a doença foi tida como erradicada. Retomar a fabricação não acontece do dia para a noite, conforme ressalta o especialista.

“Também existem novas vacinas sendo pesquisadas, em várias regiões. Existem alguns estoques estratégicos, mas não são suficientes para vacinar toda a população”, afirma ele, lembrando que o imunizante é importante para frear a doença. Minas confirmou nesta quarta-feira (29) o primeiro caso da enfermidade, em Belo Horizonte.

A reportagem procurou a Secretaria Municipal de Saúde e perguntou sobre a vacinação contra a doença. Em nota, a pasta destacou que “a aquisição e a definição sobre a aplicação das doses são de responsabilidade do Ministério da Saúde”. O TEMPO também procurou o Ministério da Saúde e aguarda retorno.

Confirmação

Após a confirmação do primeiro caso de varíola dos macacos no Estado, outros três seguem sendo investigados, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). Oito casos suspeitos já foram descartados depois de exames laboratoriais.

A SES-MG esclareceu, em nota, que os pacientes com casos em análise são de Juiz de Fora, Varginha e Pará de Minas. “Até o momento, os casos suspeitos não têm histórico de deslocamentos ou viagens para o exterior. Dentre os contatos próximos, ainda não há nenhum caso sintomático”, diz trecho da nota. 

No sistema Research Electronic Data Capture (Redcap) do Ministério da Saúde, 12 casos suspeitos de Monkeypox foram notificados, sendo oito descartados, um confirmado - de Belo Horizonte - e os três que são investigados. 

Mais detalhes dos casos, conforme esclarecido pela SES-MG, não podem ser divulgados “para preservar a privacidade e individualidade dos pacientes, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Saiba os principais cuidados

Apesar de o risco de uma pandemia de varíola dos macacos existir, conforme afirma o infectologista Carlos Starling, é baixa a possibilidade de o homem diagnosticado com a doença em Belo Horizonte ter contaminado outros passageiros durante viagem de volta da Europa nesta semana. 

Segundo o especialista, o fato de não haver contato próximo na aeronave e de as pessoas estarem usando máscara por conta da pandemia da Covid-19 reduz os riscos de contaminação. Conforme Starling explica, a doença é transmitida por meio do contato com as lesões ou com gotículas expelidas por quem está infectado, o que requer maior proximidade entre as pessoas.

Por isso, diz ele, os cuidados em relação à doença são muito importantes. Muitas medidas que funcionam contra o coronavírus também são recomendadas para ajudar a combater a disseminação da varíola dos macacos. “Lavar sempre as mãos, usar máscaras e evitar aglomerações é importante”, diz ele.

Segundo Starling, a doença é transmitida até que as lesões na pele virem cicatrizes, o que pode levar até quatro semanas. Por isso, o isolamento da pessoa contaminada deve ser realizado. Em geral, isso é feito em casa, mas crianças e idosos, que muitas vezes não têm condições de autocuidado, podem precisar de internação.

“Se há uma pessoa contaminada em casa, é necessário haver todos os cuidados higiênicos, como lidar com luvas e limpar o ambiente com soluções cloradas”, afirma.