Quem teve contato com água de inundação, ou com lama neste período chuvoso, deve ficar atento às doenças provocadas pela contaminação. Os principais problemas relativos às enchentes começam primeiro com os traumas, como perfurar um pé com um prego. A pessoa deve procurar um centro de saúde e tomar a vacina dupla adulto, para se proteger contra o tétano. Há vacinas específicas para crianças.

Além do tétano, as pessoas devem ficar atentas aos sintomas da leptospirose, transmita pela urina do rato, doença muito característica desta época de enchente. 

“Na água de enchente pode ter essa bactéria, que ela vem da urina principalmente de roedor, do rato”, alerta a diretora de promoção à saúde e vigilância epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, Lúcia Paixão.

A leptospirose se manifesta de um a 3 dias após o contato com a água contaminada. “Uma média de 15 dias. A pessoa deve ficar atenta com os sintomas, que são: febre, dor no corpo, cefaleia, falta de apetite, náuseas, vômitos, pode ter manchas vermelhas na pele e dor na articulação. E pode ter uma hemorragia no olho”, explica Lúcia. 

A pessoa não deve ficar esperando melhorar em casa. “Tem que procurar assistência imediata porque essa doença tem que ser tratada precocemente com o uso de antibióticos para evitar evolução para a forma grave, pois a forma grave tem uma letalidade muito alta”, alerta.

Outra doença muito comum neste período é a hepatite viral A. Os sintomas aparecem de 15 a 45 dias. “Febre, náusea, enjoo. Ela geralmente cursa com o amarelão da pele, icterícia, e as fezes ficam esbranquiçadas”, disse.

A rede pública oferece vacina contra hepatite A para as crianças em todos os centros de saúde. “No calendário da criança a vacina de hepatite A está disponibilizada. Então, os pais devem verificar se o filho tomou ou não tomou. 

A rede pública não oferece a vacina de hepatite viral A para os adultos. Pelo sistema SUS, apenas adultos com casos especiais, como doenças imunológicas e que baixam a resposta imunológica, segundo Lúcia.

Em Belo Horizonte, a vacina de hepatite viral A adulto é vendida em farmácias por R$ 125, mais de taxa de aplicação. No entanto, ela está em falta. A maior rede de drogarias do estado, por exemplo, não tem a vacina no estoque.

Além disso, vítimas de enchentes podem ter diarreia aguda que pode evoluir para um surto. “Uma mesma família, ou toda a vizinhança inteira podem apresentar sinais de diarreia. O tratamento basicamente é uma boa hidratação, mas sempre procurar assistência, pois ter uma bactéria ou alguma coisa que precise de um tratamento específico. 

Outra doença é a febre tifoide, que muita gente confunde com tifo, segundo Lúcia. “A febre tifoide é uma doença causada também por alimentos contaminados. Ela também cursa com febre mal-estar, dores abdominais, às vezes muita diarreia e tosse. É uma doença que também tem que ser feito o diagnóstico porque ela tem tratamento específico”, explica.

“A pessoa que se expos (a água de enchente e lama), e tiver alguns desses sintomas, deve procurar o centro de saúde da sua área. Se tiver gravemente enfermo e tiver muito indisposto, e se for em um horário em que o centro de saúde estiver fechado, seja no fim de semana ou à noite, deve buscar atendimento na urgência”, orienta a diretora de promoção à saúde.

CUIDADOS EM CASA 

Outra orientação de Lúcia Paixão é usar botas e luvas quando for fazer a limpeza da casa após a enchente. “Se ela não tiver isso disponível, pode usar sacos de lixo duplo amarrados nas pernas e nas mãos, para diminuir a exposição à lama”, recomenda.

Na limpeza das áreas afetadas, usar sempre água sanitária. “Para um balde de 20 litros, colocar duas xícaras de chá de água sanitária”, ensina.

Em relação aos utensílios, como panelas e pratos, também tem que lavar com água sanitária. “Tem que colocar os objetos de molho por 15 a 20 minutos. Uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água”, explica.

Todos os alimentos devem ser descartados, a não ser os enlatados. “Se a lata estiver perfeita, o alimento pode ser utilizado após fazer o procedimento de limpeza da lata. Vidro é a mesma coisa”, disse.

Os alimentos que estão em sacos plásticos devem ser descartados.