Os casarões centenários, igrejas coloniais e montanhas exuberantes que se esparramam pelas vias rústicas e formam as paisagens pitorescas de Tiradentes, Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais, e Paraty, no litoral fluminense, vão servir agora de palco à segunda edição do festival Estrada Real, evento que a partir desta quinta-feira (21) vai oferecer ao público dessas cidades históricas uma série de palestras, recitais e shows musicais com artistas renomados da cena instrumental brasileira e internacional.
Com programação completamente gratuita, o projeto passa por Tiradentes nos dias 21, 22, 23 e 24 de abril, depois segue para Mariana e Ouro Preto, nos dias 20, 21 e 22 de maio, e termina sua jornada em Paraty, entre 24 e 26 de junho.
Realizado pela primeira vez em 2008, o evento – que ficou engavetado sem patrocínio por mais de uma década – vai contar com a participação de mais de 30 instrumentistas, como Wagner Tiso, Toninho Horta e Victor Biglione, que vão ressaltar em suas apresentações todas as nuances e riquezas das sonoridades criadas no Brasil desde os períodos imperiais até os dias atuais.
“A ideia principal é contar um pouco da história dessas importantes cidades seculares por meio da música”, explica Leonardo Conde, produtor, curador e idealizador do projeto.
“Buscamos montar um programa que resgatasse a obra de compositores centenários, mas que também passeasse pela força da música contemporânea. Trabalhar com músicos como Tiso, Chico Lobo e Biglione facilitou muito no processo, pois eles têm muita estrada e uma visão ampla da importância da música brasileira”, complementa.
Leonardo salienta ainda que a música feita em Minas vai ter um destaque especial na agenda. “Nossa intenção é mostrar a força da música mineira, que ajudou na construção das bases da cultura nacional”, aponta.
Mas, segundo o realizador, será justamente o caráter heterogêneo da cultura nacional – representados por choros, modinhas e MPB – que terá um papel especial nos dias do festival.
“Em minhas andanças pela Estrada Real, uma pergunta sempre ficava em minha mente: ‘Se houvesse uma trilha sonora para essas cidades, qual seria ela?’. E foi esse interesse em juntar a música com a arte barroca e a história desses locais que deu origem ao festival”, resume.
Atrações
Entre as atrações do festival, destaca-se o show que o pianista mineiro Wagner Tiso e o guitarrista argentino Victor Biglione apresentam nesta quinta (21), a partir das 19h, em Tiradentes.
Parceiros há mais de 30 anos, os músicos vão mostrar um repertório especial em homenagem à música mineira. Passando por obras do Clube da Esquina e de Milton Nascimento, a dupla vai tocar clássicos como “Bailes da Vida”, “Travessia”, “Ponta da Areia”, “Cravo e Canela” e “Coração de Estudante”.
Na sequência, o Duo Viegas, formado pelas musicistas Salomé Viegas e Maria Amélia Viegas, faz um concerto especial à base de flauta e órgão. Com peças do período colonial, a apresentação acontece às 20h, na Igreja Matriz de Tiradentes.
Na sexta-feira (23), às 19h, o festival vai contar com um show único do pianista carioca Cristóvão Bastos e do violonista brasiliense Rogério Caetano, que juntos vão interpretar músicas autorais, além dos clássicos “Naquele Tempo”, de Pixinguinha, e “Odeon”, de Ernesto Nazaré.
O violeiro Chico Lobo também fará uma participação especial no festival no sábado (23), a partir das 19h. Com quase 40 anos de carreira, o instrumentista vai levar para o palco sua sonoridade repleta de folias, modas, batuques, catiras e toques de viola.
“O Estrada Real é de imensa riqueza e descortina um Brasil instrumental de rara beleza. Eu me sinto honrado de trazer a viola caipira, instrumento que tem a alma de um Brasil profundo, para esse evento”, comemora Lobo.
Na mesma noite, às 20h, a Orquestra Ribeiro Bastos – um dos mais antigos grupos de música sacra em atividade no Brasil – vai interpretar peças brasileiras dos séculos XVIII e XIX, dos períodos colonial e barroco mineiro. Com integrantes voluntários, a orquestra conta com um coral formado por músicos amadores e profissionais que se dedicam a preservar obras eruditas que datam desde os anos de 1800 até a atualidade.
Já no domingo (24), quem fecha a programação na Capela Nossa Senhora das Mercês, às 11h, é a Orquestra Ramalho. Fundado em 1860, o conjunto é conhecido por manter a tradição musical da histórica Tiradentes. No setlist do concerto estarão obras dos compositores mineiros Manoel Dias de Oliveira (1738-1813), Antônio de Pádua Alves Falcão (1848-1927) e Padre José Maria Xavier (1819-1887).
A programação completa do festival Estrada Real pode ser acessada diretamente na página oficial do evento no Facebook.
Serviço
O quê: Festival Estrada Real
Onde e quando: Nos dias 21, 22, 23 e 24 de abril, em Tiradentes; depois em Mariana e Ouro Preto, nos dias 20, 21 e 22; e termina em Paraty, entre 24 e 26 de junho
Quanto: Gratuito