Samba na veia

Warley Henrique faz live no Barraco do Pretim para lançar homenagem a Ipoema

A ideia do músico é valorizar uma região do Estado rica em cultura e recursos naturais, com belas cachoeiras e paisagens montanhosas

Por Patrícia Cassese
Publicado em 24 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Sexta-feira com direito a sambas de compositores como Cartola e Noel Rosa, além do lançamento de um samba-enredo. A partir das 20h, diretamente do Barraco do Pretim, na região da Pampulha, o compositor e cavaquinista Warley Henrique entra em cena para uma live que terá duração de duas horas e contará, ainda, com as participações de Gustavo Monteiro (violão) e Robson Batata (percussão), além de convidados surpresa. A transmissão se dará no Youtube. Facebook e Instagram do Barraco do Pretim.
 
O lançamento em questão é o do samba “Terra Abençoada”, feito em homenagem a Ipoema, distrito de Itabira situado na estrada real. "Este samba nasceu de uma encomenda de um amigo meu, que se chama Reinaldo Vieira. Ele é morador de Ipoema e está fazendo um projeto de CD e DVD com 12 faixas, tendo a cidade como tema. Tempos atrás, ele me falou sobre essa iniciativa, mas acabou ficando adormecida. Agora, nesta pandemia, um outro amigo em comum, Adailton Nem,  relembrou, e ele mesmo fez uma letra e me mandou. Comecei  a mexer no material e logo pensei em um samba-enredo. Fiz a melodia, harmonia, mexi na letra, fui ajeitando as coisas... e saiu essa parceria em  homenagem a Ipoema", conta Warley.
 
Na verdade, Warley já fez dois shows no distrito, onde também já esteve a passeio. "Me apresentei no Museu do Tropeiro e numa praça. Então, o que me norteou foram as minhas visitas e também essa coisa do interior mineiro, dos tropeiros, de viajar por grandes distâncias e lugares". Mas não só. "Também, por conta dessas viagens, de ficar longe da mulher e da família. Samba tem sempre um amor no meio, não tenho como falar de samba sem amor". A religião acabou sendo outro componente deste caldeirão. "Aproveitei para falar dessa coisa do sincretismo, de mamãe Oxum, com a padroeira da cidade".
 
Com a live vai ter a duração de duas horas, o repertório abarcará muito mais. "Vou fazer um passeio por composições minhas, boleros, forró e baião, além dos sambas de Cartola e Noel Rosa. O público vai ser contemplado com música de altíssima qualidade, só com pérolas. E vai ter para todo gosto, de samba a baião, então, acredito que vai atingir uma plateia muito variado, assim eu espero". A iniciativa vai contar com um QR Code na tela, por meio do qual as pessoas vão poder contribuir com o valor que quiserem. "Essa é a nova forma que nós, artistas, achamos, e que estamos ainda adaptando, para continuar as nossas atividades e a nossa vida, já que tudo foi suspenso. Éum momento muito importante pra mim, importante e especial, porque é muito diferente. Eu sempre tive rede social, mas nunca fui apegado a colocar sempre a cara, falando alguma coisa, postando vídeos. No entanto, estou tendo que me adaptar a essa nova realidade".
 
Perguntando sobre os dias de confinamento, Warely conta que tem feito tanta coisa que às vezes até se flagra meio perdido. "Dá uma confusão na cabeça, porque a rotina é totalmente diferente da que eu tinha, antes. Eu sou músico há muito tempo, então, estava sempre tocando, fazendo shows, viajando, e agora, estou em casa. Tenho plantado. fiz uma hortinha aqui, podei árvores, inventei de fazer ginástica, caminhadas. Ensaiei voltar a correr, mas foi uma tentativa frustrada", diverte-se. No quesito profissão, ele tem feito músicas novas. "Além dessa, 'Terra Abençoada', fiz outras duas". Também tem aproveitado para se organizar. "Tenho mexido bastante nas minhas redes sociais, buscando arquivos que não tinha tempo nem pensava em mexer. Como os de shows passados". 
 
Já sobre o que espera do mundo pós-pandemia, Warley confessa desejar que o mundo seja mais solidário. "Que as pessoas sejam mais cidadãs de fato, que aproveitem esse momento para refletir, em relação à arte também, em relação ao país que a gente tem, a quantidade de artistas maravilhosos que a gente tem, e que os valorizem. Veja, para fazer uma live dessa, tem um investimento que não é barato, e eu tenho toda uma preocupação de fazer essa transmissão acontecer da melhor forma, pois me preocupo como ela vai chegar às pessoas que estão em suas casas, assistindo. E faço isso sem garantia nenhuma que as pessoas vão contribuir entrando no QR Code e pagando algum valor. Eu não tenho certeza alguma disso, ainda assim, tenho a preocupação em tentar fazer o melhor que posso, para que a música chegue da melhor forma às pessoas. Penso que esse espírito de fazer o melhor para o outro poderia prevalecer no pós-pandemia. Que a gente sempre pensasse assim. Seria uma glória", encerra.
 
Músico autodidata, Warley Henrique começou a tocar cavaquinho aos 15 anos. Desde então, sua trajetória foi palmilhada de reconhecimentos. Foi vencedor do Prêmio BDMG Instrumental, Jovem Instrumentista e Prêmio de Melhor Show no festival BDMG (2002), Prêmio de Melhor Instrumentista no BDMG Instrumental (2006), Prêmio Conexão Telemig Celular de Música (2006), Prêmio Música Independente (2007), Prêmio Marco Antônio Araújo (2009), Finalista revelação no Prêmio da Música Brasileira (2009), Conexão Vivo (2010 e 11), Rumos Itaú Cultural (2011).  Em 2008 lançou seu primeiro CD, “Delicado”, e contou com as participações especiais de Dona Ivone Lara e Wilson das Neves. Já o segundo CD, "Pra quem não me conhece", trouxe 10 composições próprias. O terceiro disco da carreira de Warley foi “Memórias”, produzido em parceria com Rodrigo Brasileiro.
 
 

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