A casa própria é o sonho e prioridade máxima na vida de 55% dos brasileiros, conforme pesquisa divulgada em setembro pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Mas colocar em prática o desejo tem custado caro em Minas Gerais, principalmente se a aspiração pessoal envolve a construção de toda a estrutura. 

Para fazer a obra, por conta própria, os valores por m² variam de R$ 1.544,86 a R$ 3.381,32 no estado, considerando os três padrões construtivos: baixo, normal e alto. Os dados são do Custo Unitário Básico de Construção (CUB) feitos pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). 

A apuração inclui os gastos com mão de obra e material, mas não leva em consideração gastos excedentes que podem ser necessários em um processo construtivo como fundações e instalação de elevadores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o custo subiu 0,66% em Minas em setembro deste ano, quase o dobro da expansão de 0,35% observada no Brasil. 

A economista-chefe do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcellos, explicou que entre 2020, início da pandemia, e 2024, o custo da construção em Minas subiu 53,17%. “Nesse mesmo período só o material de construção aumentou 84,63%, um aumento muito superior à inflação do país”, detalhou Ieda. O custo com a contratação de mão de obra também subiu no período, mas em patamar abaixo, de 31,17%, conforme dados do Sinduscon. 

“Nós temos, somente nestes dois itens, mais de 96% do custo de uma construção. Só material e mão de obra representam isso tudo”, atestou Ieda. A economista afirmou que as maiores variações foram observadas em 2021 e 2022, enquanto em 2023 e 2024 os custos subiram menos. “Mas foram variações pequenas em cima de altas muito fortes”, acrescentou. 

Mão de obra é gargalo 

Além dos custos altos, outra dificuldade para quem deseja construir a casa própria é a mão de obra. Quem trabalha no setor crava que conseguir pedreiros e ajudantes de obra têm sido um processo complexo. O gestor de obras Humberto Mayrink, que atua no ramo há oito anos em Belo Horizonte, relatou que o gargalo é geral no setor. 

Há facilidade para contratação na chamada mão de obra técnica, de bombeiros hidráulicos e eletricistas, por exemplo. “Porque há no mercado escolas técnicas que formam esses profissionais. As pessoas que querem entrar nesse mercado têm uma qualificação”, destacou. No entanto, a realidade é distinta para os pedreiros e ajudantes. Na equipe que trabalha com ele, a aposta é em salários um pouco acima do mercado e benefícios para reter os profissionais. 

“Se você tem 10 obras e os funcionários já estão distribuídos, você não consegue abrir, por exemplo, mais cinco obras, porque onde vamos achar esses profissionais?”, exemplificou. Ieda Vasconcellos, do Sinduscon, disse que o setor depende de maior capacitação de mão-de-obra para suprir as lacunas do mercado. “É um desafio da construção em todo o país”, arrematou.