Quem não gosta de saborear um bom chocolate após o almoço ou o jantar? Próprio para todas as horas, momentos e lugares, a iguaria se tornou, ao longo dos anos, um item permanente nas compras do mês - ou até diárias. E, em 2024, mesmo com a crise mundial da produção de cacau e o aumento do preço da matéria-prima, a guloseima segue no radar do carrinho de compras do consumidor brasileiro.
O preço do chocolate no Brasil já acumula alta de até 18% entre janeiro do ano passado e maio deste ano, conforme levantamento da Kantar, empresa especializada em pesquisas de mercado. Apesar da inflação, o consumo de chocolate por parte dos brasileiros não sofreu redução até o momento. A guloseima obteve um crescimento de 15,5% em volume entre janeiro e maio deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, conforme a empresa de consultoria sobre consumo. O setor avançou por meio do aumento do consumo de barras, bombons, caixas, snacks, candy bars e confeitos.
Segundo a Organização Internacional da Cacau (ICCO), a demanda mundial pelo produto deve superar a oferta em 439 mil toneladas na safra 2023/24 (de outubro de 2023 a setembro de 2024), a terceira temporada consecutiva com déficit na produção global. Como consequência dessa crise na oferta mundial do cacau, os preços do produto alcançaram níveis elevados na bolsa de valores de Nova York. Para se ter ideia, em abril, a tonelada da fruta alcançou, pela primeira vez, o valor de US$ 11.878.
O presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), Jaime Recena, afirma que o consumo de chocolate é um hábito arraigado, inserido na cultura do brasileiro e, cada vez mais, a indústria se adapta ao gosto do consumidor. “São produtos de vários sabores e gramaturas: ao leite, com castanha, amendoim, mais intenso. A diversidade dos portfólios das indústrias contempla as várias possibilidades de consumo. Há chocolate acessível a todas as camadas da população. A iguaria está presente em celebrações e comemorações, é utilizada como presente e em receitas de família. Trata-se de um produto eclético, que se adapta ao gosto do consumidor e é um elemento agregador”, avalia Jaime.
De acordo com o gestor, para 2025, as perspectivas do setor são positivas, pois a economia brasileira está estável e há uma demanda global para o principal insumo do chocolate: o cacau. “Com a quebra da safra em Gana e Costa do Marfim, maiores produtores mundiais, pelas mudanças climáticas causadas por El Niño, o cacau está em alta. É uma commodity muito cobiçada”, analisa o presidente da Abicab.
NÚMEROS DO SETOR DE CHOCOLATE NO BRASIL EM 2023
De acordo com um levantamento da Euromonitor, instituto da Inglaterra especializado em pesquisas, em 2023, o setor de chocolates movimentou R$ 25 bilhões no Brasil. No mesmo período, as vendas de chocolate em todo o mundo somaram US$ 123 bilhões ou, aproximadamente, R$ 612 bilhões.
Uma pesquisa recente da Abicab revela que, no ano passado, foram produzidas 805 mil toneladas de chocolate no país, 6% a mais em relação a 2022. Mesmo fazendo parte do dia a dia de muitos brasileiros, a ingestão do produto no país ainda é pequena se comparada aos outros continentes. Em 2023, o consumo per capita no país foi de 3,9 kg, conforme a pesquisa da Abicab. Já entre os europeus, maiores consumidores da iguaria no mundo, esse número chega a 8 kg, em média.
O país exportou 43 mil toneladas do produto (contra 37 mil ton. em 2022) e importou 20 mil ton. (contra 17 mil ton. em 2022). Pelo segundo ano consecutivo, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) concedeu ao Brasil o certificado de país exportador de cacau 100% fino e de aroma.