Em tempos de Carnaval, há um tipo de estabelecimento que vem ganhando destaque em Belo Horizonte: as lojas colaborativas. Trata-se de comércios que, em vez de vender produtos importados e nacionais de grandes fabricantes, dão espaço aos pequenos empreendedores locais. E, durante a folia, eles aproveitam a chance para faturar com a diversidade de produtos fornecidos pelos parceiros. E todo mundo ganha: o dono da loja, o empreendedor e o cliente. 

De acordo com o especialista em varejo e mercado de consumo do Sebrae, Victor Mota, lojas colaborativas são uma boa oportunidade porque elas já têm o cliente. “Geralmente elas estão localizadas em em locais com grande circulação de pessoas, o que aumenta a chance de você vender, né? Essa atração de clientes é um desafio para qualquer negócio”, afirma.

Ele lembra que abrir uma loja sozinho, por exemplo, pode ser um custo muito alto para um pequeno empreendedor. “Se eu tenho a opção de, por um pequeno investimento, locar um espaço ou pagar uma comissão de venda para ter meu produto dentro dessas lojas colaborativas, isso é para mim algo fantástico! Porque, por um custo muito reduzido, eu consigo estar presente onde meu público-alvo está”, diz. Outro ponto positivo é que o consumidor muitas vezes compra muito ‘por impulso’. “Essa é a grande vantagem de eu estar nessas lojas”, afirma Victor.

E, em se tratando de Carnaval, uma data sazonal, para os donos das lojas colaborativas, é também um bom negócio. “Porque são produtos que só vão ser demandados nessa época do ano. O lojista não vai precisar investir num estoque de um produto sazonal que só vai conseguir vender novamente no ano que vem, né? Então eu consigo dividir o risco com o empreendedor”, analisa.

Victor separou algumas dicas para os artesãos que desejam colocar seus produtos em lojas colaborativas. Veja no fim da matéria.

Foco total na folia

Quem vê o Carnaval como uma grande oportunidade são as sócias Nathalia Vieira, 40, Paula Silva, 34, Flávia Ruas, 30, e Gabriela Ruas, 26, proprietárias da Estação Carnaval, uma loja colaborativa que expõe todo tipo de produto carnavalesco. Ao todo, são 32 marcas parceiras exclusivamente de mulheres. Por lá, a expectativa é que, neste ano, o faturamento com a folia seja 50% maior que em 2024.

E um dos fatores que contribuíram para a boa expectativa é o calendário. Neste ano, o Carnaval acontece no início de março, o que permite trabalhar as vendas por dois meses inteiros (janeiro e fevereiro) e aproveitar a demanda para as festas de pré-Carnaval. “Estamos com a expectativa lá no alto”, diz.  “A data do Carnaval este ano impulsiona demais as vendas em relação ao ano passado em que tivemos apenas um mês de funcionamento. O calendário desse ano é o que mais nos favorece em relação a vendas”, comenta Nathalia.

Além do prazo maior para trabalhar os clientes, a loja ainda tem um atrativo a mais: está localizada na avenida Álvares Cabral, 348, na Região Central da cidade - ponto estratégico para acesso dos foliões que chegam para curtir o Carnaval em BH. “A gente está numa rua tranquila em que, por exemplo, a possibilidade de estacionar é grande. Estamos também perto do Conexão Aeroporto, o que facilita para quem está chegando de viagem para curtir a festa na cidade, e esse é um público cativo nosso”, comenta.

Para se ter uma ideia, de acordo com o BH Airport, em fevereiro, o terminal deve receber 975 mil pessoas. Só no dia 28, véspera de Carnaval, devem ser 32 mil passageiros, desses, um boa parte usa o transporte Conexão Aeroporto para desembarcar no centro de BH.

A Estação Carnaval funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 20h, e aos sábados das 9h às 14h. E, na reta final, de 18/02 a 28/02, todos os dias da semana.

Quem também tem uma boa expectativa para a folia é a Bárbara Magalhães, franqueada da Endossa, que tem duas lojas. Uma com 110 pequenos produtores parceiros e outra, focada totalmente no Carnaval, com 35. A loja ainda convida mais 12 artesãos para expor nas feirinhas de Carnaval promovidas pelo estabelecimento nos fins de semana que antecedem a folia. Inclusive, a loja espera ao menos 500 pessoas por dia nesses eventos.

A expectativa da loja, junto com as feiras e as ações de divulgação, é de um crescimento de 20% em relação ao ano passado. “Vemos que nosso espaço está se tornando uma referência para quem procura produtos únicos e diferenciados e muitas pessoas se lembram de nós nessa época”, afirma Bárbara. 

Para Bárbara, a data do Carnaval neste ano tem um lado positivo: todos tiveram mais tempo para se preparar, já que o Natal não ficou tão próximo do Carnaval. “Por outro lado, sabemos que o perfil de consumo do brasileiro ainda está em fazer compras em cima da hora, então sabemos que o ‘boom’ de fato começa agora, na reta final”, diz.

A Endossa está localizada na rua Sergipe, 1.179, Savassi, e funciona de segunda a sexta, das 11h às 19h, e aos sábados das 10h às 16h. A segunda loja fica na Galeria São Vicente, Praça Raul Soares, e funciona às quartas e quintas, das 11h às 23h, sextas e sábados, das 11h às 23h30, e domingos, das 12h às 18h.

Bom movimento também é esperado na Co.Lab, que conta com cerca de 30 parceiros. “Este ano parece que vai ser o maior Carnaval que BH já teve, então a expectativa para essas últimas semanas estão super positivas. A gente espera que seja melhor que o ano passado”, afirma Erika Nunes de Oliveira Santos, 39 anos, proprietária da loja.

O espaço, que fica no Mercado Novo, já virou referência para foliões e integrantes de blocos e tem de tudo! “Já tem 8 anos que a gente faz Carnaval, é uma época que movimenta muito aqui para a gente”, diz Erika. Por lá, são encontrados desde bio glitter até acessórios de cabeça, muito procurados pelas vocalistas dos blocos. “Aqui só não vai ter o sapato, porque até a meia a gente tem”, brinca Erika. Segundo ela, a peça ‘queridinha’ do público é a hot pant. 

A Co.Lab fica no Mercado Novo, 2° Andar, corredor I/J, n° 2147. E funciona terça e quarta, das 12h às 19h, de quinta a sábado, das 12h às 22h, e aos domingos, das 11h às 17h. As peças da loja também podem ser consultadas no instagram da loja.

3 dicas para quem quer expor produtos em lojas colaborativas

As lojas colaborativas não sobrevivem apenas de Carnaval. Elas são oportunidades para pequenos artesãos exporem seus produtos durante todo o ano. E elas têm de tudo: roupas, acessórios, itens para a casa, perfumaria, cuidados pessoais, bibelôs, presentes etc. Para quem deseja expor seus produtos, Victor Mota separou algumas dicas:

1. Invista na apresentação do produto

“Se você investe num produto bonito, numa embalagem bem bacana, a chance desse produto, que está dentro dessa loja colaborativa concorrendo com tantos outros produtos, chamar a atenção do cliente aumenta consideravelmente”, indica.

2. Visite o local com frequência

“Vai lá na loja, veja se seu produto está posicionado de uma forma legal. Não ache que só o outro vai fazer a sua parte, né? O olho dono é que engorda o boi”, sugere.

3. Esteja alinhado com o público-alvo da loja

“O seu produto está alinhado com o posicionamento da loja colaborativa? Isso é extremamente importante. Porque, se é uma loja de luxo e você coloca uma coisa muito simples, aquilo ali não vai se destacar. Se é uma loja mais popular e você coloca uma coisa muito sofisticada, as pessoas não vão querer pagar o preço que que vale aquele produto”, pontua. “O preço posiciona um produto e é um fator importante de decisão.”