Apesar de apresentar alta de 19,44% na prévia da inflação de março, o preço do ovo começou a desacelerar em Belo Horizonte. Em meados de fevereiro deste ano, a reportagem encontrou um pente, com 30 unidades, custando R$ 29,98 em uma grande rede de supermercado da capital. Cada ovo saía a quase R$ 1. Nesta quinta-feira (27/3), um pente com 20 unidades foi achado em um mercado da região Noroeste por R$ 13,98, o que representa o valor unitário do produto na casa dos R$ 0,70. 

“O preço do ovo continua em alta, mas realmente está desacelerando. Então há uma oscilação de custo. Em alguns lugares, caiu um pouquinho, e em outros, subiu, mas menos do que nas semanas anteriores. Ou seja, há um movimento de desaceleração, mas o acumulado do último mês ainda não apresenta queda,” destaca o economista do Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead) da UFMG, Diogo Santos. 

Na última semana, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da USP, mostrou que as cotações dos ovos recuaram nas praças acompanhadas pelos pesquisadores, variando a intensidade de acordo com a região. Ainda conforme o centro, a pressão pela concessão de descontos nos negócios aumentou devido à típica queda da demanda de produtos neste período do mês. 

"Situação sazonal"

A respeito do aumento apresentado desde fevereiro, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) afirma que é uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a Quaresma. “Após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e ovos. 

A associação ressalta ainda que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos insumos de embalagens. “Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos. Mesmo com estes fatores, os produtores esperam que o mercado deverá se normalizar até o final do período da Quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas.”