Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicou uma nota nesta segunda-feira (28) em que cobra, com maior veemência, uma negociação com os Estados Unidos para que não entre em vigor, a partir de sexta-feira (1º), a tarifa de 50% anunciada por Donald Trump. 

“Vamos olhar objetivamente para frente e termos os recentes equívocos como um grande aprendizado para enfrentar os futuros desafios. Temos observado referências de outros países que, definitivamente, estão negociando e buscando bons termos independentemente de posições ideológicas e geopolíticas”, frisou o presidente da CNI, que reitera o posicionamento de que a tarifa é "injustificável".

Segundo ele, “queremos acreditar que tal situação não se deva única e exclusivamente a uma escalada de posições políticas e geopolíticas” e “devemos ser pragmáticos nas discussões meramente técnicas como temos visto por parte de outros países em desenvolvimento”. 

Alban afirma ainda soberania é "o que realmente importa é o que traz benefícios e entregas para seu povo", além de pedir equilíbrio no debate. 

O chanceler Mauro Vieira está em Nova York nesta semana para uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) e mandou um recado para Washington, dizendo que está disponível para uma negociação. De acordo com o governo brasileiro, foram feitas várias tentativas de negociação sobre o tarifaço, mas o governo Trump não tem demonstrado interesse em sentar à mesa com uma equipe brasileira. 

Veja a nota de Ricardo Alban abaixo:

“A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vem a público reiterar sua posição sobre a provável implantação do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas sobre as exportações brasileiras. Já nos manifestamos, realizamos diversas tratativas e reivindicamos a revogação e até mesmo a prorrogação por 90 dias do chamado “tarifaço”. Também pedimos que a recente “investigação” aberta pelo EUA seguisse o processo formal.

Como é de pleno conhecimento de todos os brasileiros e americanos, não existe qualquer justificativa econômica/comercial para o Brasil ter saído de uma posição do “piso” de 10% para uma inexequível posição de “teto” de 50%.

Queremos acreditar que tal situação não se deva única e exclusivamente a uma escalada de posições políticas e geopolíticas! O que, certamente, seria inaceitável para não só às relações comerciais, bem como para toda a sociedade brasileira e americana. É imperativo refletir sobre possíveis equívocos de natureza política/ideológica que tenham agravado a presente situação.

O Brasil precisa priorizar seus reais interesses, em nome do bem comum de todos e da verdadeira soberania de qualquer nação: o que realmente importa é o que traz benefícios e entregas para seu povo!

Vamos olhar objetivamente para frente e termos os recentes equívocos como um grande aprendizado para enfrentar os futuros desafios. Temos observado referências de outros países que, definitivamente, estão negociando e buscando bons termos independentemente de posições ideológicas e geopolíticas.

Vamos focar em clarificar os entendimentos que levam a posições políticas exacerbadas. Devemos ser pragmáticos nas discussões meramente técnicas como temos visto por parte de outros países em desenvolvimento. Devemos manter uma das maiores conquistas do Brasil, de ser uma nação com boa relação internacional com todos (friendly). Enfim, acreditamos que se mantivermos uma posição de focar em esclarecer e desmistificar os equívocos, não perderemos qualquer conceito de soberania.

Sim, devemos buscar não perder a razão e manter a nítida e clara postura de enfrentar os desafios de forma retilínea e com altivez de quem, efetivamente, quer o melhor para a sua sociedade. Mesmo tendo que enfrentar situações adversas e ou provocativas. Afinal, o equilíbrio e o bom senso sempre prevalecem.

Somos, definitivamente, contrários a qualquer escalonamento das discussões do comércio bilateral entre o Brasil e os EUA, assim como nos colocamos a inteira disposição para os pertinentes alinhamentos necessários ao processo de negociação, inclusive para o atual processo da investigação da Seção 301 aberta pelos EUA. O Brasil é da nação brasileira, composta por todos brasileiros e suas instituições. Esperamos o consenso e o bom senso para o desfecho desse equívoco que é taxação de 50% sobre as exportações brasileiras”.