Após reunião com o senador Rodrigo Pacheco (PSD), representantes de empresas siderúrgicas de Minas Gerais também se reuniram com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em Brasília, nesta terça-feira (29/7). Os encontros ocorrem em meio ao anúncio de que ao menos cinco companhias do setor paralisaram ou vão paralisar atividades devido à redução de pedidos de importadores dos Estados Unidos, em função da tarifa de 50% às exportações do Brasil.
Durante o encontro, Alexandre Silveira afirmou que tem acompanhado de perto a situação da siderurgia mineira, que pode ser afetada diretamente com o possível aumento da tarifa de exportação. Ele afirmou que tem mantido diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o assunto na busca de possíveis soluções.
Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgado nesta terça, mostrou que o setor será o mais afetado em função do tarifaço de Donald Trump. Em 2024, as exportações brasileiras de ferro-gusa totalizaram US$ 5,3 bilhões, dos quais US$ 1,8 bilhão foram para os Estados Unidos. Minas Gerais foi responsável por 64,9% do valor exportado para os americanos. Atualmente, a tarifa sobre as exportações brasileiras do produto para os Estados Unidos está em 10%.
“Não vamos transigir na defesa dos interesses de Minas Gerais e do Brasil. Os empregos dos mineiros estarão representados nessa discussão, especialmente os do ferro gusa, do aço, da mineração, setores tão importantes em nosso Estado. Participaremos de todas as discussões e grupos de trabalho para agirmos contra esta agressão desproporcional ao Brasil provocada por interesses políticos não legítimos”, disse Silveira, após o encontro.
O ministro ainda sinalizou que o governo brasileiro ainda não sabe qual será o futuro da tarifa anunciada por Trump. A Casa Branca afirmou que a alíquota entra em vigor na próxima sexta-feira (1º de agosto), mas há diversas frentes de negociação lideradas por membros da União, representantes de setores produtivos e até de senadores na tentativa de adiar o início da cobrança ou baixar o valor anunciado por Donald Trump.
“Vamos aguardar a efetivação ou não deste aumento da tarifa, mas também vamos trabalhar para buscarmos mecanismos e possibilidades para o fortalecimento da nossa siderurgia interna e também para abrir mercados”, afirmou o ministro. Participaram da reunião o presidente do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (SINDIFER), Fausto Varela Cançado, representantes de 16 siderúrgicas mineiras e os prefeitos de Sete Lagoas, Douglas Melo, e de Matozinhos, Italo Borges.
Reunião com governadores
Nesta quarta-feira, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) vai se reunir com governadores no Palácio do Planalto. Apesar de estar à frente do 5º estado mais impactado, Romeu Zema (Novo) não comparecerá ao encontro. O encontro foi solicitado a Alckmin pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enquanto coordenador do Fórum Nacional de Governadores.
A instância é justamente a responsável por reunir anualmente os chefes dos Poderes Executivo dos 26 estados e do Distrito Federal. Ibaneis pediu a agenda ao vice-presidente nessa segunda (28/7). Zema atribuiu a ausência a compromissos previamente marcados em Belo Horizonte.
“Essa reunião vai ser amanhã cedo, foi marcada um pouco em cima da hora e eu já tenho compromissos em Belo Horizonte que não consigo alterar. Eu vou estar mandando um representante, porque o assunto é muito relevante”, disse ele, nesta terça, em entrevista ao UOL.