O tarifaço implementado por Donald Trump a dezenas de países a partir da próxima sexta-feira (1º de agosto) - incluindo o Brasil - vai impactar 75% das importações de alimentos dos Estados Unidos. A medida ameaça cerca de US$ 163 bilhões em negócios. Os dados constam em um estudo divulgado pela Tax Foundation - entidade que monitora dados sobre impostos a nível mundial - nessa quarta-feira (29/7). 

O levantamento apontou que, em 2024, o mercado norte-americano importou cerca de US$ 221 bilhões em mercadorias do ramo alimentício. Desse total, cerca de US$ 163 bilhões em negócios são alvo das barreiras tarifárias de Donald Trump. “Embora essas importações atualmente enfrentam tarifas que variam de 10% a 30%, elas ultrapassarão 30% para alguns países se as tarifas recíprocas entrarem em vigor em 1º de agosto”, apontou a pesquisa. 

Os cinco maiores exportadores de alimentos para os EUA, em ordem, são México , Canadá , UE, Brasil e China, respondendo por 62% do total das importações de alimentos do país. “As tarifas sobre o setor alimentício terão impactos diferentes na economia dos EUA em comparação com as tarifas sobre insumos industriais e bens de consumo”, avaliou. No caso do Brasil, tarifado em 50%, a corrente comercial somente com a importação de alimentos soma cerca de US$ 7,4 bilhões. 

“Um produto como o café brasileiro, que, sob o regime tarifário recíproco proposto por Trump , enfrentaria uma tarifa de 50%. Considerando que o café brasileiro pode ter um perfil de sabor único, os produtores americanos não podem simplesmente produzir "café brasileiro" nos EUA. Nessa situação, alguns consumidores podem optar por simplesmente pagar o preço de importação mais alto pelo café brasileiro, em vez de trocar por outro tipo”, analisou a Tax Foundation.

A União Europeia, que fechou acordo com Trump para uma taxa de 15%, as transações somam US$ 31 bilhões. O bloco fechou um acordo que estabeleceu uma taxa de 15% para o envio de exportações aos EUA. Para os economistas responsáveis pelo estudo, o tarifaço sobre alimentos vai gerar em efeito distinto ao pretendido por Trump, de impulsionamento da produção nacional e criação de empregos.

Eles ressaltam a dificuldade estadunidense para a produção alimentícia em função da escassez de terras e falta de clima adequado ao cultivo de certos produtos como obstáculos. “Os consumidores também costumam preferir a alternativa estrangeira aos produtos cultivados nos EUA. Isso significa que tarifas sobre a importação de alimentos provavelmente levarão a preços mais altos, prejudicando a situação dos consumidores”, finalizou.