Um anexo do decreto publicado por Donald Trump oficializando o tarifaço contra o Brasil nesta quarta-feira (30/07) traz uma lista de quase 700 exceções - incluindo ferro gusa e suco de laranja, dois setores que poderiam ser severamente prejudicados por uma tarifa de 50%. Apesar disso, o governador Romeu Zema (Novo) afirmou que o alívio para vários ramos econômicos "não foi mérito do governo federal", ao passar por um evento da Fiemg na noite desta quarta.
"O governo tem feito de tudo para irritar os EUA. Chegaram a questionar até o dólar, daqui a pouco vão questionar o sistema métrico de lá. Sem falar no Brics. Os EUA são nosso cliente e com cliente se dialoga, não se questiona. Estamos pagando o preço", disparou.
Segundo ele, a lista de exceções foi muito mais uma estratégia de Trump, para que ele não seja visto entre seus eleitores como o presidente que causou aumento da inflação.
"Imagina o suco de laranja ficar caríssimo por lá, ele passaria a ser mal visto. Apesar disso, destaco que não concordo com Trump e sua estratégia de retaliação. Ele é um jogador. Ele é o cara que tenta comprar um carro de R$ 100 mil por R$ 20 mil para ver o que acontece", declarou.
Agora, segundo Zema, a expectativa é a de que outros produtos consigam entrar nessa lista de exceções ou, pelo menos, tenham suas tarifas negociadas.
Entre eles está o café, que foi o produto mineiro mais exportado para os EUA em 2024. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, o café representou 33,1% das exportações para o país norte-americano e movimentou cerca de US$ 1,5 bilhões.
"Tenho a esperança de que os EUA cheguem à conclusão de que não é possível suprir a demanda total, mesmo que eles comprem de outros países", afirmou.
A fala aconteceu após Zema se reunir com mais de 100 representantes de diversos setores produtivos no prédio da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). A proposta era encontrar soluções para o momento e foi anunciado um crédito de R$ 300 milhões para empresários exportadores.
O presidente da Faemg, Flávio Roscoe, também acredita que lista de exceções também foi fruto de outros movimentos fora da esfera do governo federal.
"São segmentos importantes para os EUA. Acredito que foi fruto de uma pressão interna, o que também nos dá esperança de que outros setores relevantes possam entrar nessa lista futuramente", afirmou.
Apesar disso, Roscoe destacou como "positiva" a atuação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, está na linha de frente das negociações pelo governo brasileiro.
"Ele tem feito um bom trabalho de colocar 'água na fervura'. A atuação dele tem sido bastante positiva", afirmou.