Faturamento, recolhimento de tributos e geração de empregos na indústria da mineração crescem no 1º semestre. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) nesta terça-feira (5/8) e referem-se ao período janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a entidade, com tarifaço dos Donald Trump, 24,4% das exportações de minérios serão diretamente afetadas, com carga maior sobre pedras e rochas ornamentais. Minério de ferro ficou de fora.
Com exportações minerais de US$ 20 bilhões (192,5 milhões de toneladas) e importações de US$ 4 bilhões (19,9 milhões de toneladas), o comércio exterior de minérios gerou superávit de US$ 16 bilhões de janeiro a junho (1º semestre de 2025 - 1S25), o equivalente a 53% do saldo total da balança comercial brasileira (US$ 30,09 bilhões). No primeiro semestre de 2024, a participação havia sido de 41%. Neste ano, a indústria da mineração registrou alta no faturamento, no recolhimento de tributos (ambos cresceram 7,5%) e na geração de empregos com mais 5.085 vagas criadas no período, totalizando 226 mil empregos diretos, segundo o balanço do IBRAM.
Durante a apresentação dos resultados, a entidade informou que a manutenção do desempenho crucial do comércio exterior de minérios se vê ameaçada pelas medidas tarifárias (‘tarifaço’), anunciadas pelos EUA para valerem a partir de 6 de agosto (+ 40% de taxas comerciais, chegando a 50% se somadas às tarifas impostas em abril), já que afetam parte das vendas externas de minérios. "Isso restringe o potencial de exportação e reforça a urgência de diversificar mercados e produtos, além de ampliar a produção interna de forma responsável, sustentável e segura", alerta o IBRAM.
O diretor-presidente do IBRAM, Raul Jungmann, ao lado do diretor de Assuntos Minerários, Julio Nery, conduziu a apresentação dos dados em entrevista coletiva à imprensa brasileira e estrangeira. Jungmann apresentou lista dos minérios impactados pelo tarifaço e os que não sofrerão a sobretaxa, segundo dados oficiais de 2024:
- Exportações impactadas pelas novas tarifas (24,4% das exportações de minérios): sobretudo pedras/rochas ornamentais (19,4%), além de caulim (1,2%), pentóxido de vanádio (1,0%), alumínio (0,3%), cobre (0,009%) e manganês (0,007%)
- Exportações não impactadas (75,6% das exportações de minérios): outras pedras/rochas ornamentais (27,1%), ferro (25,7%), ouro semimanufaturado (12,2%), nióbio (10,6%)
Perfil atual de vendas aos EUA
Cerca de 4% das exportações de minérios do Brasil seguem anualmente para os EUA. No primeiro semestre de 2025, o Ibram mostra, com base em dados oficiais, que os EUA concentraram 57,6% do valor, em dólar, das exportações brasileiras de pedras/rochas ornamentais, além de relevância em vanádio (34,1% em dólar) e nióbio (8,1% em dólar); 5% em caulim; 3% em ouro semimanufaturado; em ferro, a participação é baixa (1,8% do valor). No primeiro semestre de 2024, os padrões foram semelhantes, com algumas oscilações por item. Em relação às importações de minérios dos EUA pelo Brasil, elas totalizam cerca de 20%.
Alguns dados do setor:
- Faturamento do setor: R$ 139,2 bi (+7,5% em relação ao 1S24)
- Por substância (R$): minério de ferro R$ 73,5 bi (-8,2%), o equivalente a 52,8% do faturamento do setor; ouro R$ 17,6 bi (+80%); cobre R$ 14,6 bi (+63,2%); bauxita R$ 3,2 bi (+21,3%)
- Participação no faturamento (1S25): minério de ferro 52,8%, ouro 12,6%, cobre 10,5%
- Por Estado (participação 1S25): MG 39,7%, PA 34,6%, BA 4,8%. Variação 1S25 vs. 1S24: MG +0,9 pontos percentuais (p.p.), PA +8,0 p.p., BA +32,6 p.p.
- O Brasil importou cerca de US$ 2 bilhões em potássio (+6,6%) e US$ 238 milhões em enxofre (+106,7%). E reduziu compras de carvão (-25,3%); rocha fosfática (-23,3%), entre outros minérios
- Tributos e encargos totais recolhidos pela mineração (1S25): R$ 48 bi (+7,5%) em relação ao 1S24
- FEM (1S25): R$ 3,7 bi (+1,4%); ferro responde por 69,4% da CFEM; MG e PA recolhem 45,3% e 39,2%, respectivamente.
- Empregos diretos: 226.067; variação +5.085 vagas de janeiro a junho (fonte Novo Caged)
- Total de investimentos entre 2025 e 2029: US$ 68,4 bi (+6,6% vs. US$ 64,15 bi projetados para o período anterior 2024-2028)
- Destaques dos investimentos 2025–2029: minério de ferro 28,7% do total, socioambientais 16,6%, logística 15,9%, cobre 10,7%; fertilizantes +8,2%; terras raras: +49%