A Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) rechaçou as críticas de supostas práticas desleais de comércio, feitas pelo presidente Donald Trump ao estabelecer tarifas de 50% a produtos brasileiros. A defesa foi feita nesta quarta-feira (3/9), durante uma audiência em Washington, no âmbito do processo da Seção 301. O procedimento foi estabelecido pela Casa Branca para investigar as relações de comércio do Brasil com a indústria norte-americana.
Segundo a CNA, o setor agropecuário do Brasil não dispõe de acordos comerciais que geram prejuízos aos estadunidenses. Representante da entidade na audiência, a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, destacou que apenas 5,5% das exportações brasileiras do agronegócio se beneficiam de alíquotas preferenciais concedidas em acordos.
“Outros exemplos são acordos preferenciais firmados com México e Índia, que representam apenas 1,9% das importações brasileiras, sem prejuízo à competitividade dos produtos norte-americanos no mercado brasileiro. Mais de 90% das nossas importações seguem o princípio da nação mais favorecida, assegurando igualdade de tratamento aos produtos norte-americanos”, citou Mori.
Na audiência, a representante da CNA salientou a importância do Código Florestal brasileiro, como um norte para a atuação do setor no país. “O Código Florestal exige a preservação de vegetação nativa em propriedades privadas, o que garante hoje 66% do território nacional coberto por vegetação nativa, sendo que mais de 33% estão preservados dentro de propriedades rurais privadas e mantidos pelos produtores”, complementou.
A defesa feita durante a audiência em Washington acompanha a atuação da CNA para contestar as alegações de Trump. Em 15 de agosto, a entidade protocolou uma manifestação com argumentos técnicos que demonstram a conformidade e a legalidade das políticas e práticas adotadas pelo Brasil relativas a três eixos questionados pelos americanos: “Tarifas Preferenciais”, “Acesso ao Mercado de Etanol” e “Desmatamento ilegal”.
“A competitividade do agro brasileiro decorre de fundamentos legítimos, como os recursos naturais e investimentos contínuos em inovação e não por práticas desleais de comércio”, frisou a diretora da CNA.