O setor industrial brasileiro defende que o Brasil inclua a realização de estudos para exploração de terras raras, desenvolvimento de insumos para data centers e produção de combustível sustentável para aviação na negociação de tarifas com os Estados Unidos. A avaliação foi feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), após retorno de missão empresarial em território norte-americano nesta semana. 

A missão teve como objetivo abrir oportunidades de negociação com membros do governo de Donald Trump, parlamentares e empresários. Segundo Ricardo Alban, presidente da CNI, os setores destacados têm potencial para impulsionar negócios de interesse bilateral.

“A missão continua. Nós fizemos um trabalho de diplomacia empresarial, que é de sermos facilitadores de uma mesa de negociação, quer seja para redução de tarifas, quer seja para aumentar a lista de exceções ou, ainda, para criar oportunidades”, disse Alban. 

A comitiva da CNI reuniu 130 empresários, líderes de associações de setores industriais afetados pelas sobretaxas e dirigentes de federações das indústrias de oito estados. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, integrou o grupo.

Ele destacou que as articulações com empresas norte-americanas também buscavam pressionar o governo dos EUA. "Estamos trabalhando juntos para que ambos os governos sentem à mesa e encontrem uma solução para esse impasse”, afirmou Roscoe.

A partir da discussão de medidas em alternativa ao tarifaço, o presidente da Fiemg crê em resultados a partir da viagem. "O resultado imediato é o fortalecimento da sinergia entre empresários e a construção de um trabalho conjunto que renderá frutos. Acredito que esse esforço em cada país será capaz de mobilizar forças políticas na direção correta para superarmos essa crise”, destacou.

Comitiva

Durante três dias, os integrantes da comitiva participaram de diálogos bilaterais para discutir a relação comercial no contexto das tarifas e estratégias de atuação, se reuniram com autoridades de governo – o secretário adjunto do Departamento de Estado, Christopher Landau, e o subsecretário de Comércio para a Indústria e Segurança, Jeffrey Kessler –, parlamentares e com a embaixadora do Brasil nos EUA, Maria Cecília Ribeiro Viotti. 

O embaixador Roberto Azevêdo, consultor da CNI para as negociações, teve reunião com o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), órgão governamental responsável pela elaboração e implementação da política comercial externa. Azevêdo também representou a instituição na audiência pública do USTR que está investigando as práticas comerciais do Brasil nos termos da Seção 301 da Lei de Comércio americana. 

“Ficou evidente que o papel do setor privado é muito importante, sobretudo fazendo contatos com as congêneres americanas. Esse diálogo que nós mantivemos foi muito importante para identificar as sinergias que existem entre os setores produtivos do Brasil e dos Estados Unidos”, avaliou Azevêdo.

“O próximo passo é mapear todas essas áreas e, a partir daí, voltar a ter contatos com as autoridades americanas, com o Congresso e criar mecanismos de diálogo que busquem complementar os canais da diplomacia tradicional”, completou.