O setor de bares e restaurantes reage com preocupação diante do novo reajuste no preço do óleo diesel nas refinarias, anunciado pela Petrobras na semana passada. O temor é que uma alta no preço dos alimentos comprometa o pagamento de empréstimos contratados para cobrir os desfalques da pandemia da Covid-19.

“Estamos respirando por canudinho. Tivemos uma pancada muito grande, com um número expressivo de restaurantes fechados por conta da pandemia. Infelizmente, o segmento não tem conseguido fazer repasse de custos. Isso tem achatado consideravelmente as nossas margens”, diz Ricardo Rodrigues, conselheiro da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel-MG). 

Para Rodrigues, o impacto do diesel não é imediato, mas vai acontecer em algum ponto dos próximos meses, diante do reajuste dos fretes. Ele lembra que os caminhoneiros, geralmente, repassam os aumentos de maneira automática, porque já têm uma margem de lucro pequena. 

“A gente está vendo, em breve, mais um aumento (nos preços) dos insumos, uma vez que o modal de transporte brasileiro é o rodoviário. Falar que o aumento do diesel tem um impacto instantâneo não é verdade. Mas, o frete é uma modalidade que não consegue evitar o repasse. Isso preocupa bastante”, afirma o conselheiro da Abrasel-MG. 

Por que a Petrobras reajustou?

O que a Petrobras regula é o preço do combustível nas refinarias. Dessa maneira, não incide nesta cotação outros impostos de alíquota definida, como o ICMS, PIS e Cofins.

O preço das refinarias leva em consideração a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), instituída em 2016 no governo Michel Temer (MDB). Com isso, a cotação é definida a partir do custo para importar cada combustível.

Nessa conta, o consumidor sempre sai em desvantagem. O preço de importação tem a carga cambial (dólar mais valorizado que o real), o custo de logística e até os impostos das transações internacionais. Por isso, a gasolina e o diesel sempre ficam mais caros quando a cotação do petróleo no mercado externo se eleva.