A queda no preço de alguns alimentos como arroz, feijão, café, tomate e batata tem sido uma boa notícia para os consumidores nas compras rotineiras. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem mostrado, desde junho, um recuo nos valores do grupo de alimentação e bebidas no país, algo visto pela última vez em setembro de 2024.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em julho o preço do arroz recuou 2,89%, enquanto o feijão caiu 2,29% e o café 1,01%. Desde o início do ano, o arroz ficou 16,94% mais barato no país, enquanto a redução do feijão foi de 3,22%. Em Minas, a Empresa Mineira Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater–MG) informou que hortaliças também estão barateando.
Cenoura, batata, cebola e alface integram os produtos que tiveram baixa nos preços em julho no varejo, segundo a instituição. O economista Paulo Casaca, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) da UFMG, lembra a volatilidade em torno do preço dos alimentos. “Depende de uma série de fatores, tem questões comerciais, climáticas e de produção, que podem contribuir para essas quedas”, analisa Casaca.
O especialista cita que o barateamento, observado nos últimos dois meses, pode ser explicado também pelo longo período de encarecimento. “Quando o preço sobe bastante em um conjunto de meses, é comum que haja um reajuste e o preço caia. Tivemos no primeiro semestre um aumento no preço de alimentos muito intenso e, agora, estamos retroagindo”, completa.
Para Casaca, a queda no preço dos alimentos poderia resultar em um alívio na inflação de agosto, mas o aumento no valor da conta de luz, em função da ativação da bandeira vermelha patamar 2, pode anular o efeito. “A gente já viu isso em julho, tivemos deflação nos alimentos, mas por outro lado os preços subiram bastante na energia elétrica”, relembra.
Focus projeta inflação mais baixa desde maio
Apesar da indefinição sobre o futuro da inflação, o boletim Focus, do Banco Central, mostra que desde maio os economistas do mercado financeiro projetam uma queda nos preços no país. São onze edições do material indicando uma redução. A última, publicada nessa segunda-feira (11/8), mostrou que a estimativa da inflação caiu de 5,07% para 5,05%.
“O mercado tem reajustado para baixo a expectativa de inflação e isso se explica um pouco pela queda no preço dos alimentos e pela valorização do câmbio. É um movimento que a gente tem visto nos últimos tempos”, diz Paulo Casaca. O economista da Fundação Ipead acredita que o cenário já permite uma queda em torno da Selic, a taxa básica de juros. Atualmente em 15%, o indicador tem redução prevista a partir do ano que vem.
Casaca, porém, diz que não há espaço para mais altas na Selic. “Pelo contrário, vejo que há espaço já para começar o ciclo de queda, desde que não ocorra nenhuma situação adversa que impacte a inflação”, finaliza o economista.