Impasse

Comunidade questiona linha de transmissão em suas terras 

Linha Estreito Itabirito 2, da Abengoa, passará no meio da Boa Morte, na região de Belo Vale

Por ludmila pizarro
Publicado em 03 de novembro de 2015 | 04:00
 
 
 
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A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento de Minas Gerais (Semad) vai ter dificuldade de atender o pedido de agilizar o processo de licenciamento ambiental da linha de transmissão (LT) Estreito Itabirito 2 feito pelo Ministério de Minas e Energia (MME) se depender da comunidade quilombola Boa Morte, que fica na região metropolitana da capital mineira e no caminho da linha de transmissão.

A Associação Comunitária da Boa Morte acionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para averiguar se houve irregularidade no processo. A comunidade reivindicou, em audiência pública realizada em dezembro de 2014, uma reavaliação do traçado da LT – que tem a espanhola Abengoa como concessionária, mas não obteve retorno dos órgãos ambientais, nem da empresa.

“A impressão que a gente tem é que a audiência foi feita para inglês ver, porque a gente não quer essas linhas. Elas poderiam passar onde a mineração já degradou”, diz o diretor da Associação Comunitária da Boa Morte, Itamar Monteiro.

Por outro lado, o Ministério de Minas e Energia está pressionando a Semad para agilizar o processo de licenciamento. Questionado, o MME confirmou, por meio de nota, “que acompanha o processo de licenciamento da linha de transmissão 500 kV Estreito Itabirito 2 e realizou reuniões junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado de Minas Gerais buscando agilizar a emissão da licença de instalação”.

Em uma reunião entre o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) do MME e a Abengoa em fevereiro deste ano, a empresa apresentou um relatório sobre diversos projetos atrasados, entre eles a LT Estreito Itabirito 2. Na ata da reunião, a empresa diz: “Em relação ao licenciamento ambiental, segundo planejamento inicial enviado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a LI (licença de instalação) estava prevista para junho de 2014, porém tiveram atrasos na aprovação da LP (licença prévia) (Copam-MG levou oito meses)”.

Diante dos atrasos, o documento relata que o ministro de Minas e Energia solicitou “empenho na articulação com os demais ministérios, órgãos licenciadores e intervenientes do processo, a fim de reduzir e ou eliminar entraves para emissão de licenças”. Segundo o contrato de concessão, o prazo de finalização da LT era de 30 meses; já se passaram 32, e as obras não começaram. Segundo o MME, “são ao menos 12 meses para a implantação do empreendimento após a emissão da licença de instalação”. 

Editoria de arte
TRACADOLT-
 

Mudança de órgão atrasa mais a análise

A mudança do órgão ambiental gestor do licenciamento da linha de transmissão (LT) Estreito Itabirito 2 pode atrasar a análise do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) sobre irregularidades no processo de licenciamento.

Após receber o pedido de inquérito civil por parte da Associação Comunitária da Boa Morte, a promotora de Justiça da comarca de Belo Vale, Andréa Cristina Caldas Santiago, solicitou, no mês passado, os processos de licença prévia e de instalação à Superintendência Regional de Regularização Ambiental (Supram). Porém, o órgão gestor desse licenciamento foi alterado pela Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), que não informou a promotora. “Não fui informada sobre essa mudança ainda”, diz Andréa Cristina. O processo saiu da Supram do Alto São Francisco, em Divinópolis, e passou para a Supram Central, na capital mineira.

Segundo a promotora, caso alguma irregularidade seja identificada, “além do inquérito civil, uma ação civil pública poderá ser aberta”, afirmou. “Fiz a solicitação para avaliar se houve irregularidade”, afirma a promotora. “Não recebi a documentação, e, só depois de avaliá-la, darei um parecer”, declara.

Já a Semad informou, por meio de nota oficial, que “a Supram Central tem melhores condições de analisar o processo no momento”, declarou. 

Sem resposta

Abengoa
. Mesmo após vários contatos, a concessionária do projeto da linha de transmissão Estreito Itabirito 2, Abengoa, não respondeu sobre a situação dos licenciamentos ambientais.

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