Motoristas de Belo Horizonte já estão pagando mais barato para abastecer os veículos após o corte de impostos federais que incidem sobre os preços dos combustíveis. Na avenida Teresa Cristina, no perímetro entre os bairros Camargos e Prado, o litro da gasolina chegou ao preço de R$ 7,14 nesta segunda-feira (27). O valor está sendo praticado por no mínimo seis postos na via.
As cifras também já são encontradas em estabelecimentos da avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha. A queda no preço da gasolina, segundo informou o supervisor de um posto à reportagem de O TEMPO, é efeito direto dos cortes nos impostos federais que incidem sobre os combustíveis.
De acordo com o administrador, o preço deve continuar caindo nos próximos dias, tendo em vista que o repasse com o abatimento dos tributos federais, que deve chegar a R$ 0,68 somente para a gasolina, estão sendo feitos de maneira gradativa aos postos pelas distribuidoras. A rede Ipiranga, por exemplo, já reduziu R$ 0,34 desde o dia 24 de junho, enquanto a BR abateu R$ 0,41 do preço final, segundo informou o representante do setor à reportagem.
A expectativa é de que nos próximos dias sejam feitos novos descontos até que se chegue ao valor de R$ 0,68. “A justificativa é que ainda estão vendendo combustível que foi comprado com preço antigo”, explicou o supervisor. Mas, apesar de ainda longe do ideal desejado, os motoristas já celebram o alívio no bolso. O vendedor Ricardo Luiz da Silva, de 50 anos, abastece diariamente.
Para ele, a gasolina compensa mais pelo consumo do veículo. Silva relatou que o gasto mensal com combustível quase dobrou neste ano e já chega a R$ 500. “Ainda está com valor bem acima do que a gente esperava, gostaria que abaixasse mais porque eu trabalho de carro. Quanto mais baixar melhor é”, diz o homem que ficou surpreso com o novo preço. “Se a tendência é cair mais, bom pra gente”, calcula.
Já para o empresário Rodney Matos, de 49 anos, a queda no custo da gasolina ainda não resultou em volta do consumo. Nesta segunda-feira, ele abasteceu com etanol que também estava mais barato: R$ 4,75, ante os R$ 4,89 praticados na última semana. “Ainda vou fazer o cálculo, mas se continuar reduzindo vou passar a abastecer para a gasolina sim”, projetou.
No caso do etanol, o desconto previsto com o corte dos impostos federais é de R$ 0,24, conforme o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro). Pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo site Mercado Mineiro mostra que entre os dias 21 e 25 de junho, quem abasteceu com o derivado da cana já pagou até R$ 0,20 a menos em BH e região metropolitana.
Por que o preço caiu?
A queda observada no preço da gasolina e do etanol deriva da sanção da Lei Complementar 194/2022. A norma zerou a alíquota do Pis Pasep, Cofins e Cide até 31 de dezembro para a gasolina e etanol, já que os impostos federais já estavam com cobrança zerada sobre o diesel. O texto ainda determina a redução, para 18%, da alíquota do ICMS nos estados.
Em Minas, o procedimento ainda precisa ser regulamentado pelo governo. O Executivo informou que vai se manifestar sobre o assunto após uma reunião que vai ser realizada nesta terça-feira (28) com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e representantes das Secretarias de Fazendas e Procuradorias-Gerais dos Estados.
Enquanto a medida não é oficializada, o mercado calcula uma redução de até R$ 0,90 com a redução dos atuais 31% do ICMS que incidem sobre a gasolina em Minas para 18%. Somado ao desconto dos impostos federais, o motorista pode pagar em torno de R$ 1,58 a menos no litro da gasolina comum para abastecer.
Apesar da redução no preço final, o corte das alíquotas de impostos estaduais e federais não são os culpados pelos altos preços dos combustíveis no Brasil. A carestia está relacioada à política da Petrobras que baliza os preços no Brasil, conforme o valor do barril de petróleo no mercado internacional.
O Preço de Paridade de Importação (PPI) passou a ser utilizado, de maneira integral, em 2016 em ato do ex-presidente Michel Temer (MDB). Desde então, a gasolina dobrou de preço no Brasil, conforme levantamento do Observatório Social da Petróleo. O litro custava R$ 3,662 em outubro de 2016, mês em que a estatal adotou o regime.
Resultado ainda limitado
Pesquisa divulgada nesta segunda-feira pelo site Mercado Mineiro mostrou que apesar da queda de preço em alguns postos, o motorista ainda paga caro para abastecer com gasolina na Grande BH. O preço médio chegou a R$ 7,56 no período entre 21 e 25 de junho, quando os dados foram coletados.
O maior preço visto no estudo foi R$ 7,89 e o menor, justamente, R$ 7,14. No caso do etanol, o levantamento apontou uma queda média de 3,78%, ou R$ 0,20. A média do combustível calculada pelo Mercado Mineiro é R$ 4,97. O valor é 65% do preço da gasolina, portanto ele compensa para o motorista — quando o preço do álcool é menor do que 70% do preço da gasolina, ele é, em geral, mais viável.