Empresas do transporte público de Belo Horizonte vão pedir uma reunião emergencial com a prefeitura da capital para tentar um reajuste no preço das passagens dos ônibus.
A informação foi repassada à reportagem de O Tempo por Raul Lycurgo, presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH), após o anúncio de reajuste de 8,9% sobre o preço do óleo diesel.
Segundo o representante das empresas, o aumento no valor do combustível é “complicadíssimo”. “É quase 10% de aumento no diesel que é o nosso maior gasto, principal insumo. É extremamente grave em um sistema que já está colapsado e que tem a tarifa congelada desde 2018”, afirmou Lycurgo.
O presidente do Setra-BH ainda afirmou que a correção feita pela estatal se soma ao reajuste de 24,9%, feito em 10 de março. “Vamos marcar uma reunião emergencial porque mais 10% é complicadíssimo”, finalizou.
Lycurgo ainda citou uma nota emitida, na última sexta-feira (6), pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O texto afirmou que a alta sobre o diesel, confirmada nesta segunda, pode resultar em “uma falta generalizada de transporte público”.
O presidente da NTU, Francisco Christovam, disse no comunicado que a situação pode levar à paralisação de ônibus nas garagens em horários de pouca movimentação. “Se não forem definidas fontes para cobrir esses custos adicionais, as operadoras serão obrigadas a racionar o combustível e oferecer apenas viagens nos horários de pico pela manhã e à tarde”, justificou.
O posicionamento da associação ainda diz que a redução na oferta de ônibus vai impactar a rotina de 43 milhões de passageiros que dependem do serviço diariamente. “Operando apenas nos horários de pico, os ônibus deixarão de rodar no meio da manhã e da tarde, à noite e nos finais de semana”, indicou a NTU.
A reportagem questionou a PBH sobre o assunto. A administração municipal informou, apenas, que "não recebeu nenhum pedido de reunião".
Colapso
Os usuários do transporte público por ônibus em Belo Horizonte já enfrentam uma série de problemas desde que houve a reabertura do comércio e serviços após a fase aguda de fechamentos da pandemia.
Quem utiliza os coletivos na capital reclamam de número menor de viagens que resultam em coletivos lotados e longa espera nos pontos.
Na última quinta-feira, a prefeitura de BH apresentou um novo projeto de lei que pretende aumentar o número de viagens de ônibus no transporte coletivo da capital mineira, até mesmo no período noturno.
A proposta foi feita durante encontro entre o Grupo de Trabalho para discussão da Mobilidade Urbana de Belo Horizonte (GT-MOB-BH), vereadores e representantes de órgãos.
O texto estabelece o repasse de R$ 163,5 milhões para as empresas de ônibus relativo ao período de abril de 2022 a maio de 2023, sendo: R$ 156 milhões para o transporte público convencional e mais R$ 7,5 milhões para o suplementar.
No Projeto de Lei não está prevista a redução no valor da tarifa, como ocorreu em outros projetos encaminhados à Câmara Municipal. Atualmente o preço é de R$ 4,50.
As empresas de ônibus, por sua vez, precisarão seguir alguns requisitos, imediatamente, após o recebimento da primeira parcela de subsídios.
(*Com informações de Vitor Fórneas)