As compras de Natal no fim do ano passado colaboraram para que o percentual de endividados em Belo Horizonte acelerasse em janeiro deste ano, atingindo 73,8% da população, contra 70,9% em dezembro de 2018. O índice é superior em 6,8 pontos percentuais se comparado a janeiro de 2018, quando chegou a 67%, e mantém trajetória de alta desde junho passado. Os resultados, divulgados nesta quinta-feira (8), são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Fecomércio MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Segundo a entidade, a análise, realizada na última semana de dezembro, retrata o comprometimento da renda familiar com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito, lojas e cheques pré-datados, bem como a capacidade de pagamento das contas dos consumidores da capital mineira.

Analista de pesquisa da Fecomércio MG, Elisa Castro destaca que o avanço do endividamento reflete a aceleração no consumo das famílias. “A inflação controlada e a melhoria dos aspectos conjunturais da economia, como a recuperação gradual do emprego, estimulam o consumo, sobretudo a aquisição de serviços financeiros, como carnê e financiamentos”, explica.

A pesquisa da Fecomércio indica ainda que o índice de pessoas que não terão condições de pagar suas dívidas permanece em trajetória de queda. No mês de janeiro, 14,1% dos entrevistados disseram não conseguir honrar seus compromissos, contra 14,6% em dezembro. O indicador registra tendência de retração desde setembro de 2018, quando atingiu a marca de 16,6%.

A principal modalidade de dívida continua sendo o cartão de crédito, que subiu de 88,8% em dezembro passado para 89,8% em janeiro, uma variação de um ponto percentual. Em comparação com janeiro do ano anterior, houve um aumento de 18,6 pontos percentuais nesse tipo de despesa. “Muitos consumidores utilizam o cartão de crédito para pagamento de contas e compras do mês. Por isso, é fundamental se planejar para não perder o controle do orçamento, uma vez que essa modalidade possui juros próximos a 300% ao ano”, esclarece Elisa. Outras dívidas que se destacam são aquelas com carnês (21,6%) e financiamento de carro (14,5%).

 

Um em cada quatro está no “rotativo”

Em meio ao cenário de alta da inadimplência e do desemprego, o consumidor brasileiro tem enfrentado dificuldades para quitar a fatura do cartão de crédito, modalidade que cobra os juros mais elevados do mercado. Dados apurados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que, entre novembro e dezembro de 2018, aumentou de 20% para 25% o número de usuários de cartão de crédito que não conseguiram pagar o valor integral da fatura, passando a entrar no chamado ‘crédito rotativo’.

De acordo com o indicador, os cartões de crédito mantiveram a dianteira de sondagens anteriores e foram o instrumento de crédito mais usado em dezembro, mencionado por 38% dos consumidores. Bastante à frente do segundo colocado, que é o crediário (15%). (Da redação)