Com aumento de produção, capilaridade e vendas, a mineira Pif Paf Alimentos tem um plano ousado de dobrar o faturamento – em 2019, a previsão é de R$ 2,2 bilhões – nos próximos cinco anos. Na comparação do gerente de relações institucionais da companhia, Cláudio Almeida Faria, é fazer crescer em apenas cinco anos o que ela conquistou ao longo de 50. Para complementar o investimento necessário ao crescimento, serão necessárias captações diversas.
Em visita à Sempre Editora, Faria contou que já estão ocorrendo movimentos na companhia. Ele admitiu que o IPO – oferta pública inicial de ações na Bolsa de Valores – seria um sonho para um futuro breve, com uma captação mais rápida e pulverizada. Mas outras opções, como um private equity, uma joint venture ou a entrada de um fundo de investimento, passam pela análise da companhia para acelerar as aquisições de outras indústrias e o crescimento. “Estamos atentos e temos flexibilidade para fazer a composição. Nosso setor, que gera dividendos, que tem apreciação pelo mercado, vem agora com uma projeção de futuro próspero”, avaliou o executivo.
Com 75 milhões de abates de aves e 500 mil de suínos por ano, a Pif Paf, segundo Faria, tem capacidade instalada 100% ocupada. “Estamos com um trabalho forte de planejamento estratégico, em que já identificamos algumas plantas (indústrias) e já temos negociações com algumas empresas para a Pif Paf promover o crescimento por meio de aquisições”, disse. As prospecções, segundo Faria, incluem negócios em território mineiro e em qualquer parte do país. “Quem quer expandir não tem fronteira”, observou.
Para dar esse novo impulso à empresa, não há um valor totalmente dimensionado que a companhia vai precisar dispor. Neste ano, o investimento é de R$ 50 milhões para desenvolvimento e lançamento de novos produtos – atualmente, são 350 itens no portfólio –, além de melhorias em algumas plantas industriais.
A cadeia produtiva da Pif Paf é verticalizada e se inicia nos matrizeiros de reprodução de aves e de suínos em Minas Gerais e Goiás. Com mais de 8.000 colaboradores, além da sede da empresa, que está em Belo Horizonte, são dez unidades industriais e 12 operações produtivas, totalizando 270 mil toneladas de produtos acabados por ano, entre cortes de aves e suínos, embutidos e massas. Além disso, há 11 centros de distribuição, 400 veículos de distribuição agregados e 195 mil entregas por mês.
Empresa quer exportar para China
A Pif Paf Alimentos possui habilitação para exportar para 21 países, entre eles Canadá, Singapura, Rússia, Hong Kong, Japão, Argentina e África do Sul. Na década de 80, a Pif Paf tinha uma concentração da produção voltada para as exportações. Mas a empresa sofreu com o rompimento de contratos de clientes, problemas causados por guerras no Oriente, entre outros, e isso provocou um colapso na companhia. “Foi um aprendizado”, resumiu o gerente de relações institucionais, Cláudio Almeida Faria. A empresa precisou buscar uma recuperação e depois se voltou para o mercado interno, competindo com grandes conglomerados.
Agora, a companhia pretende expandir a participação das exportações no faturamento, que hoje é em torno de 7% a 8%. “Temos o mundo com mais de 7,7 bilhões de habitantes para alimentar e o Brasil com 210 milhões para alimentar. Temos no Brasil 3% da população mundial. Temos um infinito para percorrer para a marca estar em mais países”, analisou.
No caso da China, que vem de um recente problema sanitário com suíno e precisa de proteína, a Pif Paf tem expectativa de finalmente entrar neste mercado. A empresa foi convidada a compor a recente missão da ministra da Agricultura e equipe na China e Ásia.
Faria sentiu que a China deve aprovar mais plantas brasileiras. “Estamos otimistas que a habilitação venha em breve”. A fábrica da Pif Paf em Visconde do Rio Branco foi visitada por uma missão chinesa em 2012 mas ainda não recebeu habilitação.
Início da empresa
- A história da Pif Paf passa pela trajetória da família de Avelino Costa, imigrante português que veio para o Brasil aos 18 anos.
- Em 1968, Costa adquiriu um abatedouro com sete funcionários no Rio de Janeiro e escolheu Visconde do Rio Branco (MG) para crescer. Na década de 70, foi o primeiro do Brasil a ter contrato para poder exportar frango com destino ao Líbano.