Bruno Engler, candidato à Prefeitura de Belo Horizonte pelo PL, prometeu, mais uma vez, auditar todos os contratos do Executivo municipal, abrir a “caixa preta da BHTrans” e rever o subsídio das empresas de ônibus, caso critérios não sejam cumpridos. Em seu plano de governo registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Engler cita “fiscalizar e aprimorar a gestão dos contratos do transporte coletivo de BH”. As promessas referentes ao transporte público foram feitas em uma publicação nas redes sociais.
“BH não pode mais esperar. O transporte coletivo da cidade está um caos e é hora de virar esse jogo com inteligência e inovação. Vamos abrir a caixa-preta da BHTrans, fiscalizar contratos e trazer transparência e eficiência de verdade”, escreveu o candidato na legenda no Instagram, onde possui mais de meio milhão de seguidores.
Abrir a "caixa-preta" da BHTrans foi uma das principais promessas de governo do ex-prefeito Alexandre Kalil e, em dezembro e 2018, uma auditoria nos contratos acabou concluindo que o preço da passagem deveria ser muito maior do que o cobrado na época.
Depois disso, a Câmara Municipal de Belo Horizonte abriu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans e, em setembro de 2021, a Polícia Civil abriu oito caixas de documentos da autarquia para análise. O relatório final da CPI afirmou que havia um cartel formado pelos empresários de ônibus, que teria surgido na capital mineira ainda em 2008. A PBH, na época, afirmou que a conclusão era "política".
Questionado o que faria de diferente de outros prefeitos e candidatos que já prometeram resolver o problema do transporte público de Belo Horizonte, Engler afirmou que vai “fazer um raio-x” em todos os contratos da prefeitura:
“Essa questão da caixa preta da BHTrans vai ser diferente comigo, porque eu sou o único candidato que, de fato, tem coragem para enfrentar essas questões. E digo mais, não é só a caixa preta da BHTrans que nós vamos abrir, nós vamos passar o pente-fino em todos os contratos da prefeitura para dizer onde está indo o dinheiro do belo-horizontino. Os outros candidatos aí são caras novos dos mesmos grupos políticos que sempre geriram a nossa capital e nunca mudaram nada”.
Revisão do subsídio
Em junho de 2023, os vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovaram um subsídio às empresas de ônibus da capital de cerca de R$ 512,7 milhões, com o objetivo de custear o preço da passagem a R$ 4,50. Na época, a passagem passou a custar R$ 6 durante dois meses. O subsídio foi aprovado com uma série de condições às empresas, que deveriam, em troca do pagamento, aumentar em 10% as viagens e comprar, ao menos, 180 novos carros, além de substituir 240 que já tinham excedido a idade máxima. Para 2024, a prefeitura previu um gasto total de cerca de R$ 392 milhões com o subsídio.
Bruno Engler afirmou pretende manter o subsídio desde que todas as condições sejam cumpridas. Contudo, o candidato do PL prometeu que, caso as concessionárias não cumprem à risca os contratos, o subsídio será cortado para exigir o serviço de qualidade.
“Quando eu falo da inteligência artificial, não é só para gestão semafórica aqui de Belo Horizonte, mas também para o monitoramento dos ônibus, para a gente ver se o número de ônibus que está rodando é aquilo que está pactuado em contrato, se eles estão passando no horário. Se isso não estiver sendo cumprido, você aplica multas. Caso as concessionárias não paguem as multas, a gente pode, inclusive, cortar o subsídio para exigir o serviço de qualidade”, afirmou Engler.
Em seu plano de governo, Engler cita “modernizar e melhorar o sistema de monitoramento do transporte coletivo de BH, garantindo que o novo contrato seja executado com excelência” e “melhorar a cobertura e a frequência das linhas de ônibus, com foco em áreas carentes e integração com outras formas de transporte”.
Ônibus elétricos e sustentabilidade
Na área da sustentabilidade, Bruno Engler também aproveitou sua publicação nas redes sociais para reafirmar seu compromisso em disponibilizar ônibus elétricos para a cidade. No seu plano de governo, ele afirma que quer “incentivar o uso de transporte sustentável, como transporte público e veículos elétricos, através de políticas e incentivos adequados”.
O candidato propôs que, sempre que um ônibus precisar ser substituído por idade ou problemas mecânicos, o novo veículo disponibilizado seja elétrico. A compra dos ônibus seria feita por meio de licitação.
“Cada ônibus elétrico custa cerca de R$ 3 milhões. Este valor pode ser até 3 vezes maior que um ônibus a diesel, mas eles podem rodar por até 13 anos, enquanto um veículo a diesel roda por dez. Além disso, o intervalo para manutenção do elétrico é três vezes maior que o do veículo a diesel - a cada 60.000 km - o que exige menos paradas para manutenção”.
Fiscalização da linha 2 do metrô
Entre as promessas de Bruno Engler para o transporte público está a fiscalização da construção da linha 2 do metrô de Belo Horizonte. Em seu plano de governo, Engler fala em “cobrar da concessionária Metrô BH o cumprimento do cronograma da construção da Linha 2 do Metrô”.
A operação da linha 2 de Belo Horizonte está prevista para começar no primeiro trimestre de 2028. As obras de implementação devem ter início neste mês de setembro - com cinco meses de atraso, visto que, inicialmente, seria em maio. Sete novas estações, começando no trecho entre o Calafate e a Gameleira e terminando na região do Barreiro, estão previstas. A empresa que administra o modal tem até 2029 para colocar a linha dois em funcionamento.
Bruno Engler foi questionado pela reportagem de O TEMPO como pode atuar na fiscalização da construção da linha 2 do metrô, caso eleito prefeito, uma vez que a concessão é federal. O candidato afirmou que será “uma voz ativa na cobrança do cumprimento do cronograma”.
“Agora, a responsabilidade é da MetrôBH, concessionária que já está com o dinheiro em caixa. Então, o prefeito, enquanto ator político, tem que ser uma voz ativa na cobrança do cumprimento do cronograma. Caso a concessionária não honre aquilo que está previsto, não cumpra o que foi pactuado no contrato, vamos fazer as denúncias aos órgãos competentes, buscar o Ministério Público, buscar a fiscalização, para ser exigido aquilo que já está pago e que o belo-horizontino merece”.
O candidato aproveitou, ainda, para destacar que parte do dinheiro para a construção foi disponibilizado ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu principal padrinho político: “São R$ 2,8 bilhões que o presidente Bolsonaro mandou com os R$ 400 milhões do governo do Estado”.