De reflexões sobre os impactos da mineração à celebração da arte popular, passando por memórias do Cerrado, resistência corporal e revisões críticas da história, cinco exposições inauguradas recentemente em Belo Horizonte e região metropolitana convidam o público a um olhar panorâmico sobre a produção artística brasileira.
A série de mostras, visitada por O TEMPO, reúne artistas de diferentes gerações e linguagens, ocupando espaços como centros culturais, galerias e museus.
A seguir, em ordem cronológica, da abertura mais recente à mais antiga, conheça os destaques da programação para visitar ainda neste inverno na Grande BH.
Paisagens mineradas – Funarte MG
Inaugurada neste sábado (5/7), a exposição “Paisagens Mineradas: marcas no corpo-território” está em cartaz no Galpão 5 da Funarte (rua Januária, 68, centro), na região central de Belo Horizonte, até o dia 9 de agosto.
Com entrada gratuita, a mostra reúne obras de 12 artistas mulheres que abordam os impactos da mineração no Brasil. A iniciativa é do Instituto Camila e Luiz Taliberti, criado em memória das vítimas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019. As obras incluem pinturas, gravuras, videoarte, instalações e fotografias, sob curadoria de Isadora Canela.
Além de provocar uma reflexão crítica sobre o modelo minerário vigente, a mostra destaca o protagonismo feminino nas narrativas de resistência e regeneração. Artistas como Luana Vitra, Isis Medeiros e Shirley Krenak participam da exposição, que conta com recursos de acessibilidade como audioguia e equipe educativa.
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De algum lugar vem essa força toda – GAL Cidade Jardim
Em cartaz até 9 de agosto na GAL Cidade Jardim (rua Sinval de Sá, 586, 2º Andar, Cidade Jardim), a exposição individual de Cristina Marigo apresenta 24 pinturas em médio e grande formato.
Com curadoria própria, a artista mineira de 70 anos exibe três séries distintas – “Esporo espera esporo”, “Caminhos brancos” e “Na serra eu (me) escuto” – que permitem ao público passear por um percurso artístico marcado por pausas, retomadas e amadurecimento ao longo de décadas. A entrada é gratuita.
As obras expressam um embate intenso com a pintura e são construídas com gestos sobrepostos, cores intensas e forte presença material. Sobre a artista, a crítica de arte Fátima Pena destaca que Cristina “não pensa no que vai fazer: faz”. A mostra integra uma programação dedicada exclusivamente a artistas mineiras na GAL em 2025.
Esconjuro – Inhotim
O Instituto Inhotim (rua B, 20), em Brumadinho, a 60 km de BH, apresenta a terceira fase da exposição “Esconjuro”, de Paulo Nazareth, dedicada ao inverno.
Em cartaz desde abril de 2024 e com previsão de seguir até 2026, a mostra é dividida em quatro etapas, cada uma inspirada por uma estação do ano. A fase atual inclui obras inéditas na Galeria Praça e intervenções em áreas externas do museu. A entrada é gratuita às quartas-feiras e no último domingo de cada mês.
Entre os destaques estão “Medals of honor”, em homenagem a lideranças indígenas e negras, e “Mitologia modernista”, que critica a apropriação cultural. A instalação externa “Obra y trabalho” convida o visitante a descansar em redes presas a andaimes, em uma experiência que tensiona os limites entre trabalho e pausa.
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Finca-Pé: Estórias da Terra – CCBB BH
A exposição “Finca-Pé: Estórias da Terra”, do brasiliense Antonio Obá, está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários) até 1° de setembro, com entrada gratuita mediante retirada de ingresso.
Com curadoria de Fabiana Lopes, a mostra reúne mais de 50 obras que refletem sobre o corpo, o território e a permanência, em um percurso sensorial e simbólico inspirado no Cerrado. Esta é a primeira individual de Obá em Belo Horizonte.
O conjunto inclui pinturas, desenhos, instalações, filme-performance e cadernos do artista. A exposição conta ainda com a participação do artista mineiro Marcos Siqueira, cujas obras feitas com pigmentos naturais sobre madeira.
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Em Cada Canto – Casa Fiat de Cultura
A exposição “Em Cada Canto: Casa Fiat de Cultura e Instituto Tomie Ohtake visitam Coleção Vilma Eid” apresenta cerca de 300 obras de 100 artistas brasileiros, promovendo um encontro entre arte popular, moderna e contemporânea. Em cartaz até 17 de agosto com entrada gratuita, a mostra ocupa os três andares da Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários), propondo novas leituras a partir do acervo reunido ao longo de quatro décadas por Vilma Eid.
A curadoria de Ana Roman e Catalina Bergues recria o ambiente doméstico da colecionadora e propõe diálogos entre obras de diferentes épocas, estilos e linguagens.
O público pode ver obras de artistas como José Antonio da Silva, Judith Lauand, Conceição dos Bugres e Mira Schendel. A mostra amplia o debate sobre classificações na arte brasileira e reafirma a coleção como um gesto de afeto, escuta e legado.
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