Morreu, na manhã deste domingo (10), o musicólogo Carlos Palombini, precursor dos estudos acadêmicos sobre o funk no Brasil. Ele tinha 68 anos. Sofreu um infarto em seu apartamento em Belo Horizonte, onde ensinava musicologia na Universidade Federal de Minas Gerais. A morte foi confirmada à reportagem pela irmã do musicólogo, Analice.

Palombini foi o primeiro pesquisador em um departamento de música no Brasil a desenvolver pesquisa sobre o funk, ainda nos anos 2000. Enquanto grande parte das escolas de música ainda via o funk como uma manifestação de valor apenas sociológico, Palombini buscava mostrar em suas pesquisas o valor estético e o potencial criativo da música que emergia das favelas cariocas. Também foi pioneiro ao debater sistematicamente a relação entre música e questões de gênero.

Antes mesmo dos estudos sobre o funk, Palombini já era um dos principais estudiosos da obra de Pierre Schaeffer, o francês criador da música concreta -produzida a partir de sons de objetos, e não de instrumentos musicais, gravados e manipulados em estúdio. Foram justamente as pesquisas sobre Schaeffer que deram ao professor o título de doutor em música pela Universidade de Durham, no Reino Unido, em 1992.

"Carlos foi, sem dúvidas, uma das pessoas mais sagazes, sensíveis e inteligentes que conheci. Ele falava com igual desenvoltura das escolas pianísticas do início do século 20 e do proibidões dos anos 2000", diz o pianista Igor Reyner, amigo e ex-orientando de Palombini. "Tinha uma mente fervilhante, sempre disposta a provocar e a estimular as pessoas a saírem de suas zonas de conforto intelectual e estético. Espero que seu legado intelectual e que seu senso de humor perspicaz continuem a reverberar por muito tempo ainda."

Segundo a família, após o traslado do corpo, o velório e o enterro devem acontecer no cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre. Palombini não tinha filhos, mas deixa mãe, irmãos, cunhados, sobrinhos e muito amigos.