Arte popular

Museu da UFMG reabre Presépio do Pipiripau para visitação a partir deste sábado

Ver o presépio reaberto, é gratificante demais para mim, diz Carlos Alberto, que há 27 anos cuida da manutenção da obra

Por Alex Bessas
Publicado em 05 de dezembro de 2020 | 15:15
 
 
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A manhã deste sábado, 5, teve a emoção de uma estreia para Carlos Adalberto Alves Santos, de 51 anos, 27 dos quais dedicados à manutenção e operação do centenário Presépio do Pipiripau, que, depois de nove meses, é agora reaberto para visitação mediante rigorosos protocolos de segurança. “Por causa dessa pandemia, eu nem esperava que o museu fosse funcionar esse ano”, admite Carlinhos, como ele é mais conhecido, sublinhando que a exposição foi reativada graças à mobilização de funcionários do Museu de História Natural e Jardim Botânico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), local em que a obra está instalada. “Eu acho que foi a coisa mais certa que já fizeram. O que estava faltando no museu era isso, estava um marasmo danado. Ver o presépio reaberto, é gratificante demais para mim”, entusiasma-se.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por sua importância cultural em 1984, o Presépio do Pipiripau é um dos principais atrativos do museu localizado no bairro Santa Inês, na zona leste de Belo Horizonte. “Historicamente, esse período entre o final de novembro e início de janeiro é quando mais recebemos visitantes espontaneamente. São pessoas que não chegam aqui por meio de excursões escolares, por exemplo. Elas vêm procurando justamente para ver a obra do Raimundo Machado”, explica Gabriel Teixeira Casela, 38, vice-diretor do espaço, fazendo menção ao criador da instalação.

Desta vez, o volume de visitantes deve ser menor. A reabertura, afinal, é demarcada por uma série de medidas para reduzir as chances de proliferação do novo coronavírus. As sessões, limitadas a seis pessoas, vão acontecer até o dia 20 deste mês, sempre entre quinta e domingo, com possibilidade de agendamento entre 10h e 16h. “Cada visitante poderá retirar até três ingressos para uma única apresentação. O ingresso, que poderá ser impresso ou apresentado no celular, será conferido na portaria do Museu, juntamente com um documento de identificação do visitante”, explica a UFMG por meio de nota. Ao entrar no espaço, todos devem ter as mãos higienizadas e usar máscara facial cobrindo nariz e boca.

“Nós, do museu, queremos com a retomada da exposição ativar essa memória afetiva comum a tantos belo-horizontinos”, garante Casela. E, a julgar pela reação dos primeiros visitantes, a missão está sendo cumprida. Lucas Dias, por exemplo, visita o presépio desde a infância. “Para mim, é algo nostálgico”, elogia. Neste ano, apresentou a atração a João Nardy, que é de Alvinópolis, cidade localizada na região central de Minas e vive na capital há 10 anos. “Estava na hora de conhecer”, sentencia.

História

O Presépio do Pipiripau foi criado pelo artesão Raimundo Machado de Azeredo ao longo da primeira metade do século XX. Ao todo, são 586 figuras móveis sincronizadas e distribuídas em 45 cenas que contam a história da vida e da morte de Jesus Cristo. As sessões são costuradas ao cotidiano de uma cidade com sua variedade de artes e ofícios.

Mineiro de Matozinhos, Azeredo foi, desde a infância apaixonado pela tradição católica de construção de presépios. De acordo com registros, as primeiras peças da obra cinética foram criadas por ele aos 10 anos, em 1906. O trabalho completo, com todas as representações que remontam passagens bíblicas, ficaria pronto apenas por volta dos anos de 1930.

Agendamento. Os interessados em visitar o Pipiripau devem acessar este site e retirar o ingresso gratuitamente. A retirada de ingressos será realizada da seguinte maneira:

- ingressos para quinta-feira: retirados até as 17h de quarta;
- ingressos para sexta-feira: retirados até as 17h de quinta;
- ingressos para sábado e domingo: retirados até as 17h de sexta.

Pessoas que fazem parte do grupo de risco da Covid-19 são recomendadas a não visitar o espaço.

Onde. O Presépio fica no Museu de História Natural e Jardim Botânico, na rua Gustavo da Silveira, 1035, bairro Santa Inês, região Leste de Belo Horizonte.

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