A trajetória profissional da atriz Ana Rosa é surpreendente e respeitável. Em 1942, com apenas 15 dias de vida, estava no picadeiro do Circo Novo Horizonte, de propriedade de seu avô, na peça “O Mundo Não Me Quis”. Durante a infância e a adolescência, continuou atuando no circo da família. Bem jovem, mudou-se para São Paulo, trabalhando no teatro de revista e na linha de shows da extinta TV Tupi. 

Em 1964, recebeu o convite de Cassiano Gabus Mendes, diretor artístico da TV Tupi, para protagonizar “Alma Cigana”, em que ganhou o Troféu Imprensa de Revelação do Ano. Foi sua primeira novela e a primeira da TV Tupi a ser gravada em videotape. A minissérie “A Fórmula” foi seu mais recente trabalho na TV Globo, em 2017. 

Em 1997, entrou para o “Guinness Book” como a atriz que mais atuou em novelas no Brasil: foram 63 produções até hoje, entre folhetins e minisséries. Filmes, ela acredita ter feito uns 15, e já perdeu a conta de quantas peças de teatro. Ainda em 1997, entrou em cartaz com a peça espírita “Violetas na Janela”, que completa 27 anos em cartaz, tendo percorrido todo o Brasil e sendo vista por milhares de pessoas. 

Hoje, Ana Rosa Guy Galego, atriz, diretora e produtora, espírita, completa 82 anos. 

Geminiana com ascendente em câncer e lua em leão, ela sobe ao palco do Cine Theatro Brasil Vallourec, no próximo domingo (ver agenda) para encenar “Violetas na Janela”, adaptação, feita pela atriz e pelo ator Guilherme Corrêa, do livro homônimo de Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho, que canalizou o espírito de Patrícia, uma jovem sobrinha da atriz, que morreu aos 19 anos de um aneurisma cerebral, e narrou suas descobertas no plano espiritual. 

Ana Rosa conta que tudo começou quando ela ganhou o livro “Violetas na Janela”. “Tinha perdido uma filha, Ana Luísa,que desencarnou em 1995, com 19 anos. Eu e meu marido Guilherme Corrêa fomos convidados para fazer uma apresentação de esquetes ou danças no centro espírita que frequentávamos com o objetivo de angariar fundos para ajudar as famílias carentes e com o enxoval para as grávidas, como toda instituição espírita costuma fazer”. 

Foi quando a atriz teve a ideia de adaptar a história de Patrícia para essa apresentação. 

“Quis o destino, melhor dizendo, nossos mentores espirituais, que o projeto se transformasse em um espetáculo profissional. Creio que o sucesso da peça se deve ao fato de mostrar de forma simples e clara como é o plano espiritual, sob a ótica de uma garota de 19 anos. Existem momentos de emoção intercalados com humor. É um espetáculo muito bonito, porque ensina, metafisicamente, o que é a morte e como é depois dela”, comenta Ana Rosa que também dirige o espetáculo. 

Durante esses 27 anos, a peça teve pequenas interrupções por causa do trabalho da atriz na televisão. Ana Rosa também perdeu o marido. “Fiz alguns filmes com temática espírita e também dirigi outros dois espetáculos: ‘As vidas de Chico Xavier’, sob a direção de Daniel Filho, e ‘Allan Kardec, um Olhar para a Eternidade’, que também está viajando há mais de 12 anos”, conta a atriz, que tem alguns convites para futuros trabalhos, mas nada ainda concretizado. 

AGENDA: A peça “Violeta na Janela” será exibida no próximo dia 23, domingo, às 17h30 e às 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec( av. Amazonas, 315, centro). Ingressos disponíveis para a sessão extra, às 17h30, no site Eventim. A outra sessão já tem entradas esgotadas

Atriz até já brigou com Deus

Ana Rosa diz que sua família sempre foi católica. “Aprendi que se deve dar uma orientação religiosa às crianças. Quando crescerem, caso optem, que mudem de religião. Qualquer religião é boa quando o crente é sincero. O importante é saber que todos nós fomos criados por um Ser Superior”, acredita. 

A atriz revela que, quando perdeu um filhinho de um ano e pouco, ela “brigou com Deus”. “A forma como o catolicismo explica a morte não me satisfazia. Fiquei revoltada. Por que eu? Por que meu filho? A doutrina espírita, que também é uma ciência, me deu as respostas que são lógicas e coerentes com a bondade do Pai”. 

Ana Rosa se considera “muito intuitiva”: “Não sou médium de incorporação nem vidente. Todos nós somos médiuns, mas existem diferentes tipos de mediunidade”. 

Apesar de professar a doutrina espírita, Ana Rosa diz que não costuma misturar religião com carreira. “Também não tento fazer a cabeça de ninguém. Acho que cada um tem suas posições”, finaliza.  (AED)