Dores de cabeça e musculares, infecção urinária, artrose, vômitos, dor no peito, calores repentinos, asma, depressão, ansiedade... Esses podem parecer sinais de uma doença grave, mas nada mais são do que alguns dos sintomas enumerados por mulheres quando estas entram no climatério, momento da vida onde estão compreendidas a pré-menopausa, a menopausa e a pós-menopausa. É importante destacar, assim, que o fim do período reprodutivo feminino não significa um problema de saúde, e, sim, uma fase natural na vida de toda mulher.

Acontece que esse ciclo, que ocorre geralmente a partir dos 45 anos, pode ser muito doloroso para as mulheres, e, por isso, não deve ser ignorado, especialmente porque, quando não bem tratado, pode aí, sim, levar a consequências mais sérias, como a um AVC ou uma trombose. Para passar por esse ciclo de maneira mais leve e saudável, algumas mulheres têm recorrido aos “retiros da menopausa”, como são chamados resorts e hotéis que dispõem de programas de bem-estar específico para esse período. Dentre os tratamentos, estão a prática de ioga, a adoção planos de alimentares personalizados e a prática de exercícios de força.

Há espaços como estes espalhados pelo mundo, em países como Costa Rica, Estados Unidos, Himalaia e Maldivas, com hospedagens que duram entre cinco e 14 dias, e com diárias podendo custar até R$ 5.500, a depender do plano escolhido. No Brasil, esse tipo de empreendimento ainda engatinha, mas há iniciativas semelhantes, como o retiro oferecido pela psicóloga e terapeuta Kamila Cunha, no interior de São Paulo, em que mulheres se reúnem durante um fim de semana de imersão nelas mesmas, mantendo uma alimentação saudável e praticando atividades como ioga, argiloterapia e a vaporização uterina.

Segundo Kamila, essas práticas amenizam os sintomas da menopausa, desde a ansiedade e a depressão até a secura vaginal e dores musculares. A psicóloga conta que, em seus retiros, recebe muitas mulheres que entram na menopausa, se queixando de dores excessivas, justamente por não conseguirem se conectarem com o próprio corpo. “A natureza traz integração dos sentimentos e autoconhecimento”, analisa ela. Os encontros custam entre R$ 1.200 e R$ 1.600, o fim de semana.

A ginecologista obstetra e sexóloga Adriana Sad enxerga iniciativas dos “retiros de menopausa” internacionais como muito positivas, porque, de fato, podem ser utilizadas para atenuar alguns sintomas como fogachos, insônia e irritabilidade. “Então, se a mulher está em um ambiente acolhedor, se ela está tirando um momento único e exclusivo para cuidar dela mesma, já ajuda muito”, assinala. Ela reconhece, porém, que este é o mercado de alto luxo, voltado para cerca de 2% da população mundial. “Não é nem para ‘euzinha’ aqui, que sou ginecologista”, brinca. 

Mas isso não significa que não existam outras maneiras de se alcançar o bem-estar durante esta fase da vida. “O ideal, na verdade, é a população feminina, de forma geral e globalizada, ser preparada, desde a idade jovem, para saber o que fazer para se ter uma menopausa mais tranquila e leve. É fundamental, por exemplo, incentivar a atividade física desde a infância, pois ela ajuda na manutenção da poupança óssea. Os grandes problemas da queda de hormônios na menopausa são justamente a perda de massa óssea e o aparecimento de doenças cardiovasculares”, destaca.

Afinal, como amenizar os sintomas da menopausa sem gastar rios de dinheiro?

Acima de qualquer tratamento, é imprescindível ter “uma ginecologista para chamar de sua”, que acompanhe de perto a vida da mulher. “É importante ter também um cardiologista e um endocrinologista, porque esses dois especialistas vão acompanhar os ‘sintomas invisíveis’, como os problemas cardiovasculares e a osteoporose”, recomenda a ginecologista Adriana Sad. O tratamento tradicional consiste na reposição hormonal, feito com medicamentos, mas é necessário observar caso a caso quando ele é necessário.

Por isso, outros processos terapêuticos são recomendados, como a prática de ioga ou banhos de imersão. Proprietária do Spa Meu Momento, a terapeuta Cristina Fernandes Fortes afirma que atende várias mulheres na menopausa que reclamam de sintomas como cólicas, retenção de líquidos e dores de cabeça. “Muitas optam pela massagem relaxante com pedras, associado à drenagem linfática e escalda-pés, pois há melhora da circulação e do inchaço nas pernas, afirma. Ela também indica às suas clientes a prática da atividade física, que ajuda na regulação da ansiedade e estresse. “Recomendo caminhada, hidroginástica, corrida, musculação… O que a pessoa se sentir mais confortável”, pontua. 

Além desses cuidados, a ginecologista enumera outros métodos para aliviar os sintomas da menopausa:

  • Durma bem. A insônia é um dos sintomas da menopausa, portanto, é preciso adotar algumas práticas para evitá-la e ter uma boa noite de sono, tais como: não mexer no celular pelo menos 30 minutos antes de dormir; fazer uma atividade relaxante à noite, como meditação ou ler; tomar chás calmantes, como de camomila; e procurar dormir sempre no mesmo horário. “Tenha uma higiene boa de sono, não fique tanto nas telas”, recomenda a ginecologista.

  • Adote uma alimentação balanceada. Existem alguns alimentos que podem contribuir na melhora dos sintomas na menopausa, como as frutas vermelhas, ricas em fitoestrogênio [compostos semelhantes com os estrogênios humanos e que, dessa, exercem função parecida.] “A proteína de soja também é muito boa para alívio desses sintomas”, acentua Adriana.

  • Mantenha vínculos de amizade. “Outra coisa que ajuda muito é a sociabilidade. À medida que a mulher envelhece, é importante que ela diversifique os grupos de amizade para uma longevidade de qualidade”, aponta Adriana. Por isso, ela recomenda escolher um hobby que integre outras pessoas, além da participação de rodas de conversa e grupos de interesse.