Uma pesquisa recente conduzida pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, tem chamado atenção tanto de leigos quanto de especialistas. Divulgado pelo Journal of Health and Social Behavior, o estudo correlaciona a prática sexual à diminuição do risco de morte prematura, corroborando, quase que literalmente, o slogan “sexo é vida”.

De acordo com a psicóloga especialista em sexologia e educação sexual, Renata Lanza, é fundamental destacar que, nesse caso, “estamos falando de um sexo prazeroso, satisfatório, consentido, principalmente quando falamos de mulheres”. “O sexo prazeroso pode trazer muitos benefícios, incluindo o aumento da sensação de bem-estar, a melhora da qualidade de vida, abrangendo todas as orientações sexuais”.

Ela aponta que “a frequência sexual pode ser um indicador importante da saúde e do bem-estar geral”. Nesse sentido, porém, Renata destaca um ponto revelador, investigado pela pesquisa, e que coloca abaixo folclores e lendas acerca da necessidade de um sexo quase que rotineiro.

“Essa frequência não precisaria ser maior do que uma vez por semana para se obter melhores resultados, e eu achei isso muito interessante, pois ainda percebemos que existe um questionamento geral sobre a ‘frequência sexual ideal’, que não tem resposta pronta, já adianto, pois é muito pessoal e depende de muitos fatores”, elucida a especialista, deixando claro que não é possível colocar todas as pessoas numa caixinha quando se trata de pensar sobre sexualidade.

Ainda segundo a pesquisa, Renata infere que “a atividade sexual pode melhorar alguma perda de função decorrente do avanço da idade e da progressão de doenças”. “Da mesma forma, a perda de qualidade da sexualidade costuma acontecer em alguns casos de doenças psiquiátricas, como a depressão, e relacionamentos afetivo-sexuais satisfatórios podem ajudar a amortecer os efeitos dos estressores cotidianos”, pontua.

Os pesquisadores também observaram “uma relação positiva entre a atividade sexual em um determinado dia, seguida por melhora de humor, e um significado positivo na vida no dia seguinte”. Eis aquele famoso, e bem conhecido, “estar de bem com a vida”.

Do coração ao tesão

Renata salienta que a pesquisa confirma descobertas anteriores, como o fato de a atividade sexual “ser importante para a saúde cardiovascular geral”. “Durante a relação sexual, o fluxo sanguíneo e a frequência cardíaca aumentam de forma exponencial. A liberação de endorfinas, oxitocinas e outros hormônios também é um mecanismo comprovadamente atuante nos benefícios da atividade sexual”, explica a sexóloga. Ela oferece outras dicas para uma vida sexual prazerosa e saudável, e condizente com os vários aspectos levantados pelos pesquisadores norte-americanos.

“Recomendo a autoestimulação, autoconhecimento, assertividade na comunicação com a parceria, e, se necessário, terapia, para que se descubra o que te causa prazer, e assim se alcançar uma vida sexual satisfatória”, enumera Renata, propondo que se ultrapasse muitos tabus sociais que oprimem as pessoas, impedindo uma vida plena.

Outra indagação da pesquisa que Renata faz questão de sublinhar diz respeito “às conexões de longo prazo entre depressão e mortalidade por todas as causas, e se a frequência sexual modifica essa relação”. “A pesquisa também ressalta a importância de se analisar o contexto biopsicossocial no qual a pessoa está inserida…”, diz Renata. 

“Entender que a saúde sexual é um indicador da saúde geral é importante.Tem havido um interesse crescente em se entender como a saúde sexual afeta a saúde geral, e isso é muito bom. Isso pode fazer com que falar sobre sexualidade se torne menos tabu, tendo a importância que merece”, celebra a especialista, ao eleger um dos principais ganhos quando se populariza esse tipo de pauta na nossa sociedade, esquecendo amarras e preconceitos que nos tornaram mais infelizes em um passado nem tão distante assim, e que ainda é capaz de afetar muitas pessoas ao nosso redor.

“É muito necessário que profissionais da saúde saibam como abordar o tópico da sexualidade em seus atendimentos. Este conhecimento aumenta a qualidade do tratamento do paciente”, garante Renata, afinal de contas, o sexo é uma parte da vida.

Pesquisa destaca impacto na vida sexual das mulheres

Um dos pontos que mais chama atenção na pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, que estabelece uma relação direta entre prática sexual e diminuição do risco de morte prematura, aponta que, para as mulheres, esse ganho seria ainda mais aparente. Para a psicóloga especialista em sexologia e educação sexual, Renata Lanza, tal conclusão dialoga com questões de ordem química e biológica, e da própria constituição do corpo.

“Nosso cérebro libera endorfina e oxitocina durante a relação sexual, hormônios de bem-estar e prazer, além do estrogênio, que desempenha um papel fundamental não apenas na regulação do ciclo menstrual, mas também na manutenção da saúde dos ossos e na saúde cardiovascular”, explica a especialista. Toda essa movimentação interna tende a trazer impactos também externos, e bem visíveis aos olhos dos outros.

“A atividade sexual prazerosa também pode melhorar o sono, o viço da pele, atenuar dores corporais, e atuar na melhora da conexão e confiança entre a parceria. E, ainda de quebra, proporcionar um aumento da autoestima”, diz Renata. Trocando em miúdos, como se costuma dizer, há algum tempo, entre gerações mais novas, é “tudo de bom!”.