Nem sempre é possível segurar a vontade quando o tesão bate à porta. E é justamente nesse contexto que a rapidinha costuma ser a “salvação” para muita gente. Contrariando a ideia de que o sexo precisa ser demorado para ser prazeroso, a prática acaba inserindo mais espontaneidade, liberdade e até um tempero diferente nas relações, sejam elas casuais, sejam duradouras. “O que eu mais gosto é a adrenalina do tempo ‘apertado’, isso me excita”, confessa a estudante de pedagogia Ana Laura*, 27. Para ela, a conexão com a outra pessoa, representada pela decisão imediata de fazer sexo, também é o outro fator que a agrada na rapidinha. 

No caso da estudante, a prática já funcionou até mesmo como uma reconciliação em um de seus relacionamentos. “Eu estava correndo para sair e, por incrível que pareça, também estava brava por alguma coisa. Mas, de repente, meu parceiro me deu um beijo com uma pegada muito forte. Tivemos um momento de tensão muito excitante. Eu já estava atrasada, mas não resisti. Rolou e foi muito bom”, conta. 

Essa flexibilidade da rapidinha, que pode acontecer em diferentes situações e lugares, é um dos pontos positivos destacados pela sexóloga Enylda Motta, que pontua, porém, que é preciso respeitar questões de privacidade, segurança e consentimento. “Lugares privados são sempre preferíveis, mas a ideia é justamente aproveitar o momento sem grandes planejamentos”, ressalta. 

Enylda ainda pontua que a rapidinha pode favorecer tanto àqueles que buscam não se vincular com as pessoas quanto quem deseja aumentar o vínculo em uma relação. “Ela pode aumentar a conexão e a cumplicidade do casal. A rapidinha pode trazer diversão, paixão e espontaneidade, segurança, tesão e liberdade, que são elementos que muitas vezes ajudam a fortalecer a intimidade”, explica. 

Outro fator positivo da prática é a ausência de regras. “Ela geralmente necessita de espontaneidade e rapidez, mas o que importa é que ambos os parceiros se sintam confortáveis e aproveitem o momento. O diálogo e o consentimento são fundamentais para que a experiência seja prazerosa para os dois”, destaca. 

Respeito

Quando o assunto é rapidinha, a sexóloga também afirma que não existe certo ou errado. “O que existe é o respeito mútuo e a vontade de ambos os parceiros. Desde que haja consentimento, segurança e conforto, a prática está dentro dos limites saudáveis. É importante, no entanto, evitar locais públicos ou situações que possam causar constrangimento ou violar leis”, afirma. Em casos de relações mais duradouras, a sexóloga pontua que a rapidinha pode ser uma forma de quebrar a rotina, fazendo com que o casal saia da monotonia e insira mais entusiasmo no relacionamento. Além disso, ela acrescenta que a prática pode ser uma forma de demonstração de desejo entre o casal. “O que pode reforçar a autoestima e a conexão emocional”, diz. Há ainda outro aspecto que ela considera positivo: a praticidade. “Pode ser uma alternativa para momentos em que o tempo é curto, mas que o casal deseja manter a chama acesa”. 

Ela pontua ainda que, assim como qualquer relação sexual, a rapidinha pode ser uma forma de reduzir o estresse, já que é uma prática sexual e como tal é capaz de liberar endorfina e proporcionar bem-estar. 

Apesar das inúmeras vantagens da rapidinha, é importante ressaltar que a espontaneidade não costuma ser uma constante nos relacionamentos – e está tudo bem nisso. Em entrevista a O TEMPO, o sexólogo Rodrigo Torres falou sobre o tema, pontuando, inclusive, que em relações de longa duração, o sexo espontâneo, que pode incluir a rapidinha, tende a se tornar mais raro, assim como para casais que trabalham muito, que têm filhos ou que tem uma rotina cansativa. “Tudo isso influencia, de forma que esperar essa espontaneidade, nesse contexto, é uma besteira”, acredita. Diante de casos como esse, planejar o sexo, tendo até mesmo um momento marcado para que ele acontece, pode ser uma solução. “A ideia é planejar mesmo e, claro, quanto mais você planeja, mais a comunicação flui até que poucas palavras precisem ser ditas para que as coisas aconteçam de maneira talvez espontânea”. (Com Paulo Henrique Silva)

*Nome fictício