No fim de julho, Adriana Perroni, sentiu um caroço perto do olho esquerdo, mas não deu atenção. Dias depois, a jornalista da Record TV precisou ser internada. O diagnóstico? Celulite facial, algo desconhecido por ela até então. “Foram dias difíceis, com antibiótico, homecare e um susto que me tirou do ar por duas semanas. Mas também foi um tempo de aprendizado e cuidado”, escreveu em suas redes sociais.
“Fiquei surpresa com a repercussão do meu caso. Muita gente nunca tinha ouvido falar de celulite facial e agora sabe que ela existe. Isso já vale como alerta. Prestem atenção aos sinais que o corpo dá”, disse a jornalista em um vídeo publicado em seu perfil.
Talvez você também nunca tenha ouvido falar sobre celulite facial, mas a infecção exige tratamento médico imediato, segundo o médico dermatologista Jonas Bueno, que atua há mais de 20 anos na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças de pele.
“A celulite facial é uma infecção bacteriana aguda da pele e dos tecidos subcutâneos (tecido mais profundo à pele). Ela provoca vermelhidão intensa, inchaço – em geral, é quente ao toque –, dor e, por vezes, febre, podendo comprometer a saúde e a vida se não for tratada rapidamente”, comenta o especialista.
“Esses são os sinais de alerta. Se há vermelhidão, inchaço, dor e aumento de temperatura – pode ser febre ou algo localizado –, é preciso procurar uma orientação médica porque pode ser o início de uma infecção”, enfatiza Maria Silvia Laborne, chefe do serviço de dermatologia da Santa Casa BH.
Maria Silvia faz um alerta: não confundir celulite facial com o acúmulo de gordura que produz marcas nas coxas e nos glúteos e gera aquele aspecto ondulado ou com furinhos na pele nessa região.
A celulite facial pode atingir pessoas de qualquer idade em qualquer região do rosto. A infecção é contraída através de feridas, machucados, cortes, picadas de insetos ou outras lesões. Peles muito secas no inverno ficam com microentradas que também podem ser porta de entrada.
Episódios de reincidência como o da jornalista Adriana Perroni também podem acontecer, como salienta Jonas Bueno: “A recorrência não é inevitável. Transparência, bons cuidados diários e atenção a sinais prematuros podem fazer toda a diferença”.
Desconhecimento é barreira
O desconhecimento sobre a celulite facial pode atrapalhar o diagnóstico. Jonas Bueno diz que grande parte de seus pacientes jamais ouviu falar da condição e, quando os sintomas aparecem, é bastante comum que confundam com reações alérgicas ou inflamação de dente.
“Quando explico que se trata de uma infecção que requer tratamento com antibiótico e atenção médica imediata, muitos se espantam justamente porque o termo ‘celulite’ traz uma conotação estética e não alarmante. Essa dificuldade de identificação é um problema porque pode atrasar o atendimento. Por isso, é essencial ter uma comunicação mais clara e informativa sobre o tema”, ressalta o médico dermatologista.
“Temos muitos pacientes internados com celulite na face, é mais comum do que a gente pensa”, destaca Maria Silvia Laborne, chefe do serviço de dermatologia da Santa Casa BH. Geralmente, a celulite facial não é contagiosa. No entanto, se alguém com ferida ou doença de pele tiver contato direto com a região afetada de outra pessoa, a bactéria pode penetrar e provocar a celulite infecciosa.
Vida em risco?
A celulite facial pode atingir níveis bastante graves. Se a infecção atingir a região dos olhos, por exemplo, o paciente pode chegar a perder a visão. “Existe essa gravidade, mas não é o normal”, pondera a médica dermatologista Maria Silvia Laborne.
Em casos extremos, se não tratada com eficácia, a celulite facial pode evoluir para um quadro de infecção generalizada e septicemia, que é quando a bactéria entra na corrente sanguínea e se espalha pelo corpo, podendo levar à falência de órgãos e à morte.
Prevenção é fundamental
Segundo o médico dermatologista Jonas Bueno, algumas medidas simples podem evitar o surgimento da celulite facial ou a reincidência dela:
- Manter a pele do rosto sempre limpa e hidratada, usando produtos adequados ao seu tipo de pele
- Tratar algum machucado, cortes, raspaduras ou picadas de inseto imediatamente, limpando bem a região e usando antisséptico, para evitar que bactérias entrem
- Monitorar e manter doenças crônicas sob controle, como diabetes, insuficiência renal, paciente imunossuprimido (transplantado, por exemplo), pois isso altera a imunidade e contribui para um maior risco de infecções