Para algumas pessoas, conviver com um clima mais frio e realizar tarefas simples, como lavar as mãos e escolher um produto congelado no supermercado, pode ser um verdadeiro pesadelo. A alergia ao frio tem uma incidência pequena, estimada em 0,05% da população, mas, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), pode causar urticárias (lesões) graves em pessoas acometidas pela hipersensibilidade.

Inchaço, vermelhidão e coceira são sintomas que ocorrem tipicamente minutos após o contato com ar, líquidos e objetos frios, afirma a dermatologista Luiza de Queiroz Ottoni. “A reação geralmente fica limitada às áreas da pele expostas ao frio, mas o contato prolongado pode resultar em irritações generalizadas e sintomas sistêmicos, como dor de cabeça, falta de ar e até a perda da consciência, que frequentemente resultam do contato extenso durante a exposição à água (em piscinas e cachoeiras)”, explica.

Há também risco de morte aumentado em caso de consumo de bebidas ou comidas geladas, que podem causar o inchaço da laringe e, consequentemente, provocar o sufocamento.

Os três fatores mais comuns de alergias são: medicamentos, alimentos e infecções. No caso do frio, a causa e os mecanismos envolvidos nessa que é a quarta causa mais comum de urticária ainda permanecem incertos. Porém, de acordo com a Asbai, em 50% dos pacientes o problema sofre remissão em até cinco anos. “Mulheres são afetadas duas vezes mais que os homens, com maiores incidências em locais de clima frio”, relata Ottoni.

Constatação. A primeira parte do diagnóstico é a confirmação por meio do “teste do cubo de gelo”, que consiste na aplicação de gelo no antebraço do paciente por cinco minutos para observar se há manifestação.

Gestora de qualidade que mora em Limeira, no interior de São Paulo, Fabiana Tetzner, 49, teve sua primeira reação há oito anos. Desde então, sua rotina se resume em tentar se “aquecer e não ficar exposta ao frio”. “Em casa, meu marido é quem lava a louça. Banho gelado, no calor, nem pensar. Quando estou no trabalho, sempre coloco casaco, e, quando o corpo vai ficando muito frio, a mão começa a pipocar toda”, conta.

Fabiana não usa qualquer tipo de medicação para controlar a alergia, mas em uma viagem à Europa ela precisou recorrer aos antialérgicos e anti-histamínicos.

Segundo a médica Cláudia Falcão, membro do Departamento Científico de Dermatite Atópica da Asbai, pacientes com esse tipo de alergia não devem limitar-se a apenas excluir o frio, mas procurar atendimento para avaliar se existe a possibilidade de haver relação com outras doenças. “Alguns quadros podem ser secundários a alguma doença de base relacionada a quadros infecciosos, doenças de colágeno, autoimunes. Nesses casos, exames clínicos e laboratoriais devem ser feitos”, diz.

Flash

Relação. A associação da alergia ao frio com doenças hematológicas (do sangue) e neoplásicas (câncer) foi relatada em poucos casos. Existem também formas familiares raras, segundo a dermatologista Luiza de Queiroz Ottoni.

Meu problema é

Tenho gordura no fígado. Quais são os tratamentos e os hábitos alimentares que devo adquirir? Mariana Pires- Belo Horizonte

A gordura do fígado é um problema comum causado por alimentação errada, obesidade, diabetes e tendência genética. Todos os pacientes com gordura no fígado têm mais risco de desenvolver diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, o problema pode levar a consequências no fígado mais sérias como a esteato-hepatite e até mesmo a cirrose hepática. Por isso, é importante que você procure o serviço de saúde. No Hospital das Clinicas da UFMG, existe um ambulatório especializado para casos da chamada “Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica” (gordura no fígado).

Para todos os pacientes com gordura no fígado, a adoção de medidas que favorecem a manutenção do peso ideal, uma dieta saudável e exercícios físicos são fundamentais. Recomenda-se maior ingestão de fibras, alimentos integrais, frutas e vegetais e redução de gorduras e carboidratos, como os carboidratos simples (doces, açúcar, pão francês, etc.). Exercitar-se mais, controlar diabetes, colesterol e triglicerídeos, além de proteger o fígado contra excesso de álcool e medicações é também são ações importantes.

Claudia Alves Couto, hepatologista, professora do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG.

 

Agenda

Cannabis: uso medicinal
O programa de rádio “Saúde com Ciência” desta semana apresenta a série “Cannabis: Uso Medicinal”, abordando os usos medicinais da erva. O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, na Rádio UFMG Educativa, 104,5 FM, em três horários: às 5h, às 8h e às 18h, além de em outras 185 emissoras de rádio em vários Estados brasileiros.

Na internet www.medicina.ufmg.br/radio.

Atividades lúdicas e educativas

O Centro de Referência da Juventude de Belo Horizonte recebe, no dia 27 de maio, das 9h às 17h, o primeiro Observaped Itinerante. O evento vai contar com oficinas, exibição de filmes e brincadeiras. A proposta é levar ações educativas à comunidade da capital, com foco na saúde da criança e do adolescente.  

Informações: www.medicina.ufmg.br/observaped.