Relacionamento

Arromânticos e assexuais: conheça as diferenças de cada um

Enquanto um não se apaixona e não se envolve de jeito nenhum, o outro não faz questão e nem sente falta de sexo


Publicado em 17 de janeiro de 2022 | 05:00
 
 
 
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Cada vez mais conectado às discussões feitas nas redes sociais, o reality “Big Brother Brasil”, o “BBB”, da Rede Globo, sempre tem mobilizado extensos debates sobre os mais diversos assuntos. E algumas das situações apresentadas no programa – que estreia sua 22ª edição nesta segunda-feira (17) –, de tão alegóricas e didáticas, acabam se tornando quase incontornáveis quando aquele tópico vem à tona. 

É o caso da passagem do psicólogo Victor Hugo pela casa durante o “BBB 20”. À época, a participação dele mobilizou a audiência do reality a discutir a assexualidade. E é até verdade que muitos dos que acompanharam o programa puderam se familiarizar com esse tipo de orientação sexual. Contudo, para outros tantos, o que se viu na tela mais confundiu do que ajudou a entender o tema. Afinal, uma pessoa que não deseja o sexo pode se apaixonar? E será que o contrário também é válido? 

A reportagem de O TEMPO responde a essas questões, explicando melhor o que é a assexualidade e a arromanticidade.

Arromânticos. “De maneira geral, a pessoa arromântica tem pouco ou nenhum interesse em vivenciar relacionamentos românticos, embora alguns deles possam ter a experiência de nutrir atração romântica, caracterizada pelo desejo de se conectar com uma pessoa a nível emocional, de maneira não convencional”, explica a psicóloga e sexóloga Bruna Coelho Fernandes. Por outro lado, ela lembra que esses indivíduos podem sentir atração erótica, caracterizada pelo desejo de ter interações sexuais com o outro, podendo ou não estabelecer uma relação duradoura com suas parcerias sexuais. 

Assexuais. “Já a pessoa assexual tem pouco ou nenhum interesse em vivenciar a prática sexual”, define Bruna Fernandes. Porém, nada impede que esses sujeitos sintam atração romântica ou mesmo se engajem em um relacionamento afetivo com outra pessoa – mas, para elas, o sexo seja acessório, e não algo fundamental para aquela relação. 

Um e outro. É possível que as duas orientações se sobreponham. Nesse caso, o sujeito seria assexual e arromântico, não desejando nem o sexo, nem a construção de uma relação romântica. 

Tipos de atração. É importante destacar que, ao falar sobre assexualidade e arromanticidade, estamos falando sobre formas distintas de estabelecer relações com o outro. De um lado, há a orientação romântica, que vai dizer sobre o perfil de pessoas com que a pessoa vê a possibilidade de se sentir atraída emocionalmente. De outro, há a orientação sexual, que vai dizer sobre o perfil de pessoa que o sujeito vai se sentir atraído sexualmente. 

Juntos ou separados. Evidentemente, as duas orientações podem andar juntas: uma pessoa pode se sentir atraída sexual e emocionalmente por uma mesma pessoa. Mas também podem caminhar separadas. Caso de pessoas que se sentem bem em um relacionamento afetivo, mas sem sentir por sua parceria nenhum tipo de desejo erótico. 

Tintim por tintim. “Da mesma maneira que você pode ser romântico e não querer sexo, você pode também ser alossexual (pessoa que tem desejos sexuais) e não desejar construir relações amorosas”, resume o psicanalista e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Fábio Belo.  

Espectro. Entendendo a arromanticidade e a assexualidade como um espectro, Fábio Belo é assertivo: “Não existe uma tipologia na qual os humanos vão caber todos em um grupo uniforme. Assim, não haverá uma categoria de assexuais homogênea. Então, as pessoas assexuais, por exemplo, podem querer ou não relações românticas, querer ou não se masturbar, querer ou não transar ocasionalmente”, diz. 

Tipos de orientação. “Além disso, o assexual pode, por exemplo, se sentir hétero, bi ou homorromântico e pode desejar uma relação monogâmica ou mesmo não monogâmica”, cita o psicanalista Fábio Belo, lembrando que essas pessoas, normalmente, não sofrem de disfunções hormonais ou de falta de libido. Da mesma maneira, pessoas arromânticas podem se identificar como hétero, bi ou homossexual. 

Preconceito. “Há preconceito, porque existe uma certa obrigatoriedade sobre as formas como devemos nos amar e nos relacionar; existe a crença de que a relação sexual é obrigatória. Mas ela não é. Assim como nem todos desejam estar em uma relação romântica”, pondera Fábio. 

Importância. “Nós temos manifestações distintas de nosso comportamento sexual e afetivo. Quando isso não se discute, as pessoas tendem a se submeter a situações em que não se encaixam. Nomeando esses fenômenos, as pessoas podem se identificar melhor, evitando sofrimento. 

Fontes: 

  • Bruna Coelho Fernandes, psicóloga e sexóloga  

  • Fábio Belo, professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) 

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