Quando pensamos em meditação, é comum que as primeiras imagens que venham à cabeça estejam relacionadas a um ambiente silencioso, tranquilo e afastado. Determinadas posturas, mantras e olhos fechados completam o imaginário coletivo sobre a prática. Mas a técnica nem sempre precisa envolver todos esses detalhes. Na realidade, ela pode ser bem mais simples e, inclusive, feita de olhos abertos e em ambientes diversos. É isso o que ensina a raja yoga, uma forma de meditação acessível às pessoas em diferentes contextos.
“É uma meditação que tem foco na consciência do ser e na conexão do ser com a fonte”, afirma Goreth Dunningham, escritora, professora de Raja Yoga e coordenadora de uma unidade da Brahma Kumaris – local que ensina gratuitamente a prática – no país. “E pode ser feita com os olhos abertos, o que torna o método flexível, simples e fácil”, acrescenta.
Segundo Goreth, mesmo aqueles que nunca meditaram ou que não têm facilidade física ou familiaridade com a yoga, suas posturas e exercícios de respiração, podem praticar a raja yoga e buscar entendê-la. Para isso, inclusive, os interessados podem contar com palestras e cursos dados por voluntários em unidades da Brahma Kumaris espalhadas pelo Brasil e pelo mundo.
Além da gratuidade do ensino, outra vantagem da raja yoga é o fato de ser feita de olhos abertos, podendo ser praticada, portanto, em diferentes ambientes e momentos. “É possível manter o estado meditativo trabalhando, dirigindo”, exemplifica.
Tendo como foco trazer o equilíbrio de volta às pessoas, a meditação torna-se ainda mais importante no contexto agitado, confuso e díspar em que vivemos. “Agora temos um grande desafio, ainda maior que o que foi a pandemia, que é o adoecimento mental da população, e a meditação dá conta de equilibrar a mente, o intelecto e a personalidade de forma que as pessoas consigam lidar com os desafios da vida e mantenham a paz”, pontua Goreth.
O que afirma a professora também já foi comprovado pela ciência. Conforme um estudo publicado no periódico “Psychiatry Research: Neuroimaging”, em 2011, oito semanas consecutivas de meditação, com média diária de 27 minutos, são capazes de alterar até mesmo fisicamente o cérebro, impactando áreas ligadas ao estresse, à empatia e à autoconsciência.
Ainda de acordo com a pesquisa, a prática é capaz de trazer benefícios, como redução da pressão sanguínea, diminuição da insônia, melhora nos sintomas da depressão e maior facilidade para lidar com a ansiedade.
Benefícios acompanhados de perto
A advogada Ana Maria Calazans é uma das pessoas que viveram as mudanças proporcionadas pela meditação. Ela conheceu a prática por meio da irmã, que frequentava a Brahma Kumaris. “Eu tinha tudo que necessitava, pois sou advogada, mãe de dois filhos, tenho uma família grande com muitos irmãos, condições financeiras para ir aonde eu quisesse. Já tinha viajado o mundo quase todo, mas me encontrava em um processo de depressão, numa busca desenfreada por Deus. Nada me dava satisfação em termos espirituais. E, certo dia, passando na porta da escola de meditação, minha irmã disse que me levaria lá quando eu estivesse melhor”, conta.
Assim que os remédios para tratar a depressão começaram a diminuir, Ana Maria fez sua primeira visita ao local e nunca mais parou. “Passei a frequentar as palestras aos domingos e a cada dia eu me sentia mais completa. Então, resolvi ir à Índia para me dedicar mais à meditação. Pisar na Universidade Espiritual da Brahma Kumaris foi como um bálsamo para minha alma. Senti que tinha ido de cabeça para baixo e voltei de cabeça para cima. Isso foi em 1998, e daí em diante nunca mais deixei de praticar”, diz a advogada.
Agora, já são 25 anos de prática e inúmeros benefícios alcançados. “Nunca mais entrei no processo de depressão e tristeza, sinto que estou aqui para servir à humanidade. Também passei a me relacionar com as pessoas de forma diferente, com amor, reconhecendo dessa maneira que todos nós somos irmãos, filhos do mesmo pai”, diz ela.
A advogada, que agora atua também como voluntária na Brahma Kumaris, indica a prática da raja yoga para todos. “Tenho certeza de que o mundo mudaria para melhor”.