Mártir

Conheça santa Corona, intercessora das epidemias, celebrada neste 14 de maio

Santa Corona teria sido morta junto a outro mártir, são Vitor, no ano 170 depois de Cristo; as relíquias dela estavam prontas para serem expostas na Alemanha, pouco antes do começo da pandemia


Publicado em 14 de maio de 2020 | 10:48
 
 
 
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Parece coincidência, mas não é. Hoje, 14 de maio, é celebrado o dia de santa Corona e são Vitor pela Igreja Católica. A história dos mártires do ano 170 depois de Cristo (d.C.) está guardada em uma basílica em Anzu, próximo a Feltre, na Itália, desde o século IX. A Itália, inclusive, já foi o centro da pandemia de coronavírus. Na fé dos cristãos, santa Corona também é considerada uma protetora contra as pandemias.

Pouco se sabe sobre a vida dos mártires Corona e Vitor. Ambos foram mortos na região que se acredita ser hoje a Síria, à época pertencente aos domínios do Império Romano.

De acordo com a Igreja Católica, Vitor era um soldado cristão. Durante a perseguição do Império Romano, foi denunciado ao prefeito Sebastião e torturado. Enquanto ele sofria,  a mulher de um companheiro de armas, cujo nome era Corona, declarou ser cristã também e o encorajou. 

Corona acabou presa e submetida a um breve interrogatório, depois do qual foi amarrada pelos pés presos sob duas árvores e cortada viva. Vitor, por sua vez, foi decapitado.

De acordo padre André, também professor de teologia da PUC-MG, o processo de santificação no período de santa Corona e são Vitor se davam pela aclamação da fé.

Há dúvidas ainda se a santa se chamava realmente Corona (a palavra “corona”, na tradução, significa “coroa”).  Apostadores de loteria também costumavam pedir intercessão da santa. "A tradição da igreja fala em coroa ao martírio, que pode ter originado o nome de Corona ", explica padre André.

Ele também revela que muitos santos da igreja acabam retornando a memória dos fiéis quando eles mais precisam delas. "Precisamos acreditar que não estamos sozinhos nessa luta", disse.

 

 

Naquela época, explicam religiosos, a Igreja considerava santo todo aquele que morria por se declarar um seguidor de Jesus Cristo. Por isso, Corona e Vitor são considerados santos pré-congregação, o que significa que foram reconhecidos antes da padronização dos processos de canonização pela Igreja. 

Sobre a associação de santa Corona à proteção contra as pandemias, a Igreja Católica explica que muitas dessas associações são feitas pelos fiéis, uma motivação que vem da piedade popular. Isso acontece na devoção também de outros santos, por exemplo, são Judas Tadeu, que foi considerado pelo povo o intercessor das causas impossíveis.

"São duas coisas que se comunicacam: a associação pela fé das pessoas e a própria história do santo", explica padre André. No caso de são Judas Tadeu, após ter ficado 'esquecido' em detriminto do outro Judas, o Scariodes, uma pessoa sonha com ele, e o mártir teria revelado que estava disposto a fazer o que lhe foi proposto. "E são Judas Tadeu acabou sendo aclamado pelos fiéis como santo das causas impossíveis", complementou padre e teólogo André.

No Brasil, a história de são Vitor e santa Corona foi trazida justamente pelos italianos, que fundaram a Comunidade Santa Corona, em Caxias do Sul.

Segundo a Diocese de Caxias do Sul, a devoção à santa Corona chegou na região há mais de 150 anos. "Todavia, com o passar do tempo, foi se perdendo a devoção, talvez pela razão de que as famílias já não mais as mesmas. Ou porque foram embora, ou porque não transmitiram a devoção às gerações", explicou, em comunicado. 

Ainda assim, há uma comunidade dedicada à santa Corona.  

 

Alemanha


A Catedral de Aachen, na Alemanha, que detém o título de Patrimônio Mundial da Unesco, estava pronta para exibir alguns dos restos mortais da santa em um santuário, como parte de uma exposição sobre artesanato em ouro. Isso, porém, acabou sendo barrado pelo isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus. 

“Como muitos outros santos, santa Corona pode ser uma fonte de esperança nestes tempos difíceis”, disse Brigitte Falk, chefe da Câmara do Tesouro da Catedral de Aachen, em entrevista à Reuters.

Ele explicou que os restos mortais, chamados relíquias de Corona, que teriam sido levadas a Aachen pelo rei Otto III em 997, foram guardadas em um túmulo debaixo de um piso na catedral, que ainda pode ser visto, até o ano 1911 ou 1912, quando foi colocada no relicário, que está sendo polido e preparado para uma exposição pós-pandemia. 

Áustria

Santa Corona também é bastante venerada na Áustria, onde habitantes de Wechsel costumavam pedir para ela proteção contra tempestades, más colheitas e epidemias que afetam o gado. Em Wechsel há uma imagem da santa.

 

 

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