Em uma situação desafiadora em que você precisa tomar uma decisão rápida, você se define como ansioso, nervoso, explosivo ou depressivo? Não é fácil controlar os impulsos e os sentimentos. Em muitos momentos é preciso inteligência para lidar com as emoções.
O que ocorre é que o lado emocional do cérebro funciona mais rapidamente que o lado racional. Ou seja, enquanto se está agindo no calor da emoção, a razão ainda está processando o fato e analisando-o.
É disso que trata a inteligência emocional, conceito relacionado com a chamada “inteligência social”, presente na psicologia e criado pelo psicólogo estadunidense Daniel Goleman. Ele considera que um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele que consegue identificar as suas emoções com mais facilidade.
“O grande segredo do bem-estar, seja ele físico ou emocional, está no condicionamento, ou seja, dar condições para seu corpo, sua mente e suas emoções se manterem saudáveis. Para isso, existem técnicas que direcionam melhor emoções, como o medo, a tristeza, a raiva e até mesmo a alegria, que são canalizadas apenas para gerar conflitos, problemas e doenças físicas e mentais que assolam e destroem famílias e empresas”, explica Rodrigo Fonseca, comunicador social graduado pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente e fundador da Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional.
Segundo ele, a inteligência emocional é o somatório de habilidades que tornam as pessoas capazes de administrar as pequenas e grandes adversidades da vida, de modo a perceber e aceitar suas emoções, direcionando-as para obter melhores resultados e relacionamentos.
Mas qual o primeiro passo para se chegar a ela? “Desenvolver o autoconhecimento. A inteligência emocional permite que o ser humano olhe para as próprias emoções e entenda como reage diante de cada uma delas. Conhecer a si próprio e sua história de vida é o pilar para se adquirir maior controle em todos os tipos de situações. Quando se desenvolve a inteligência emocional, o indivíduo entra em contato com a própria essência. O autoconhecimento ajuda o entendimento de quais são suas crenças fundamentais, potencialidades, características marcantes da sua personalidade e seus próprios limites”, ensina Fonseca.
Quando se fala em desejos pessoais, o tema “inteligência emocional” foi o terceiro mais buscado na internet em 2018, no Brasil. “O Google fez um levantamento das cem perguntas mais pesquisadas que começavam com variações da expressão ‘como ser’, e a inteligência emocional fala sobre isso, demonstrando como as pessoas procuram cada vez mais se informar sobre essa competência, já que desenvolver ou não a inteligência emocional impacta positiva ou negativamente nossa vida pessoal e profissional”, comenta o profissional.
Fonseca diz que ainda não há um número concreto em relação a esse crescimento, mas é visível que existe um movimento em todas as partes do mundo em direção à evolução constante do desenvolvimento humano, inclusive como matéria obrigatória no currículo escolar.
Daniel Goleman afirma que existem dois tipos de inteligência: o quociente de raciocínio lógico (QI) e o quociente de inteligência emocional (QE) e ainda salienta que 20% dos resultados positivos obtidos na vida podem ser atribuídos ao QI, enquanto 80% ficam por conta de outros fatores. Ele defende que é o quociente de inteligência emocional o maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos na vida, seja profissional ou pessoal.
A explicação é que, enquanto a inteligência racional só considera alguns aspectos da inteligência, ou seja, aqueles ligados a pensamentos lógicos, matemáticos e analíticos, a inteligência emocional permite identificar os próprios sentimentos e os dos outros, aprendendo a administrar as emoções de forma positiva e atingir metas.
Os incompetentes emocionais
As grandes corporações já perceberam que a inteligência emocional é uma ferramenta essencial para se alcançarem bons resultados, maior produtividade e sucesso na carreira.
“Atualmente, as empresas de sucesso já perceberam a importância de ter, em seus quadros, profissionais com habilidades que vão além das competências técnicas. Hoje em dia, é muito claro que encontrar profissionais cheios de conhecimentos técnicos é tarefa relativamente simples, já que, muitas vezes, alguns cursos de aperfeiçoamento ou uma pós-graduação já bastam para o desenvolvimento dessas competências”, avalia Rodrigo Fonseca.
No entanto, diz ele, “encontrar profissionais que sejam emocionalmente inteligentes, tenham perfil empreendedor e atitude de vencedores, sejam bons comunicadores e saibam superar desafios em equipe é bem mais difícil, já que a inteligência emocional é uma habilidade que ainda começa a ser percebida como fundamental para definir o êxito ou fracasso das organizações”, avalia o especialista.
Mas há muitos incompetentes emocionais no meio corporativo. “As empresas contratam seus funcionários por suas competências técnicas e os demitem por conta de sua falta de competência emocional. Infelizmente, ainda existem muitas pessoas que nem sequer sabem da existência da inteligência emocional, mas estamos caminhando para o oposto disso: o desenvolvimento humano é uma área que está em constante evolução, e estima-se que, até 2020, a inteligência emocional será uma competência exigida por todos os profissionais que desejam se destacar no mercado, segundo o último Fórum Econômico Mundial”, argumenta Fonseca.
A inteligência emocional faz diferença na esfera pessoal também. “A vida é cheia de desafios: metas, prazos, reuniões, família, filhos, relacionamentos, saúde e inúmeras decisões a serem tomadas. Em qualquer âmbito da vida, as pessoas estão sendo observadas, avaliadas e cobradas o tempo todo, o que faz com que todos vivam em uma pressão constante”, diz Fonseca.
Segundo ele, esse é um contexto que pode ser muito estressante e desgastante, especialmente para quem não possui inteligência emocional.
“Isso acontece porque as emoções estão em toda parte, e todas as pessoas vivem direta ou indiretamente sob o impacto delas. Depressão, estresse, ansiedade, insegurança e compulsão são alguns sintomas gerados por desequilíbrios emocionais muito maiores, e, justamente por isso, a inteligência emocional é extremamente necessária nos dias de hoje”, finaliza o especialista.