Guilherme Romano, 22, é médium desde os 3 anos, quando via gente morta e achava que estavam todos vivos. Viveu uma avalanche de fenômenos mediúnicos que o assustaram e a sua família. Apesar de jovem, ele bebeu em muitas fontes, foi buscar explicações na Índia, viveu um período atormentado, mas, aos poucos, foi encontrando um caminho para expressar e viver essa faculdade sem sofrimento.

Atualmente, está terminando o curso de filosofia na Universidade de São Paulo (USP). “Foi uma opção que encontrei para conciliar minhas visões espirituais com os estudos das escolas de pensamento de filosofia. E posso dizer que tem sido um processo interessante”, comenta o médium, nascido em São Paulo, em uma família espírita kardecista.

“Minha mãe trabalhava no Centro Espírita Perseverança, que reunia 25 mil pessoas por semana, sob a orientação da dona Guiomar Albanesi. Quando criança, eu comecei a manifestar fenômenos mediúnicos. Eu via, conversava com os espíritos, saía do corpo, psicografava. Tenho memórias claras de quando tinha 2, 3 anos e pensava que o mundo era bem mais cheio do que é”, diz Guilherme.

Ele lembra que, quando tinha 6 anos, a família passou por um problema. “Veio o espírito de uma criança que me disse que as pessoas que eu via estavam mortas. Eu via muito mais coisas ruins do que boas. Aos 10 anos havia lido os livros de Allan Kardec, mas, é claro, eu não tinha entendimento suficiente para compreender aquelas obras. Tirei minhas conclusões, mas queria entender o que acontecia comigo”, relembra o médium.

Aos 13 anos, ele aceitou ir ao programa de Ana Maria Braga. “Minha intenção era esclarecer o que eu vivia, mas a entrevista acabou gerando uma situação complicada, porque me tornei um tipo de celebridade. As pessoas queriam consultas, e dona Guiomar, para me resguardar, me chamou para trabalhar ao lado dela, que cuidou espiritualmente de mim desde pequeno”, diz.

Aos 15,16 anos, Guilherme tentava ser adolescente, mas já se sentia meio velho, porque estava sempre perto de pessoas mais maduras, tentando entender o que acontecia com ele. “Era uma linha tênue entre a loucura e a percepção extrassensorial. Surgiu um desequilíbrio muito forte, fiquei bastante debilitado espiritualmente. Fui me tratar em uma casa especializada, comecei um trabalho diferente”, comenta o médium.

Guilherme não considera a mediunidade um dom, mas uma responsabilidade, uma faculdade inata do ser, que pode ou não ser desenvolvida, pode ou não fazer o bem, pode ou não servir para um fim útil.

“Naquele momento eu estava descobrindo minha mediunidade. Sempre tive atração pelos caminhos espirituais da Índia, mas não tinha noção do que isso significava. Tinha 15 anos quando disse para minha mentora espiritual, avó Basilina, que queria fazer ioga e aprofundar mais sobre o assunto. Ela disse que eu estava pronto para conhecer alguém que me esperava desde o meu nascimento”, comenta.

Certo dia, às 10h, o médium estava sentado no seu quarto quando apareceu um indiano de barbas negras e longas. “Parecia ser um homem bem maduro. Conversei com ele e entendi a necessidade de explorar a minha mente e encontrar o que é bom, verdadeiro e inato dentro de mim. Queria saber quem sou eu. Passei a meditar, e esse processo se tornou natural: sentar, respirar e esperar que as respostas surjam”, diz.

Aos 16 anos, Guilherme se afastou do movimento espírita, queria ampliar seus horizontes.

“Entendi que todas as religiões são verdadeiras e únicas, cada qual tem sua singularidade. Eu queria entender outras verdades. Fui para o budismo, o hinduísmo, a umbanda, o candomblé. Era uma busca pelo transcendente. Todos esses caminham eram bons, verdadeiros, mas a mim não serviam. Minha mediunidade continuava em desenvolvimento ao mesmo tempo em que todos esses fenômenos iam acontecendo. As pessoas se assustavam com o resultado dos trabalhos”, comenta o médium.

Definição

Carma. O médium não considera que os problemas vão reformar o caráter de alguém. A pessoa deve se abrir para que o universo passe seus conteúdos, a sabedoria imanente.

Crise espiritual leva médium a rever sua busca e seu trabalho

O médium Guilherme Romano continuou buscando respostas e um caminho. “Conheci Aldelise, uma mãe de outras vidas, uma amiga com a qual desenvolvo um trabalho espiritual. Aos 17 anos tinha criado o meu próprio espaço, o Núcleo de Estudos Espiritualistas Luz da Nova Alvorada (Neelna), onde ministro palestras, atendimentos, tratamentos e cursos voltados a todos os que buscam a realização das sublimes verdades e da superação de si mesmo”, diz.

Mesmo assim, Guilherme se sentia dividido entre o trabalho, o centro, a pesquisa. “Entrei numa crise espiritual suicida e violenta. Não conseguia encontrar o ponto de equilíbrio e um sentido para a vida. Passei por psicólogos, fiz exames neurológicos para saber se tinha alguma deficiência mental ou se aquilo tudo era autêntico. Cheguei a ouvir que médium bom é aquele que baba, que passa mal. Não gosto do conceito de que se você está sofrendo é porque é carma. Problemas podem ser lições, dependendo do aluno”, diz Guilherme.

Nesse momento, o mestre indiano fez contato com o médium, que ficou um mês na Índia sob sua orientação. “Percebi que tinha que traduzir a espiritualidade para as pessoas, de tal forma que tanto um religioso quanto um ateu pudessem entender. Espiritualidade é um meio de se alcançar um estado de sacralidade, de bem-aventurança, é o eu holístico, é tudo o que a pessoa é”, ensina. 

Consciência precisa se modificar

Atualmente, Guilherme Romano concilia bem suas facetas. O médium exerce seu sacerdócio gratuitamente no Neelna por meio de tratamentos, consultas e cirurgia espiritual. “Meu mestre fala que nós não trabalhamos com traumas, mas com a mente que se permite traumatizar. As pessoas carregam dentro de si cinco venenos: a ignorância, o ego, o apego, a repulsa e o medo da morte. Não adianta tratamento se a consciência que se permite sofrer não se modifica e não se conhece”, ensina.

Para ganhar a vida, Guilherme atua como filósofo, pesquisador, escritor e palestrante.

SERVIÇO: Para contato com Guilherme Romano, envie e-mail para: contato@neelna.org