Nos últimos dois meses, 510 pinguins foram recolhidos em praias de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, pelo Instituto de Pesquisas Cananeia (Ipec). Apenas seis deles estão vivos e foram encaminhados para tratamento no instituto. De acordo com especialistas, a grande maioria não aguenta a longa viagem da região da Patagônia até as águas brasileiras.
O encontro de pinguins encalhados começou a ser comum para os profissionais do Ipec no início do inverno. Neste mês, em apenas um dia, eles chegaram a recolher mais de cem pinguins. Na estação mais fria do ano, os pinguins-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) que habitam as zonas costeiras da Argentina, Chile e Ilhas Malvinas, migram até ao Brasil ou até o Peru, onde podem encontrar águas mais quentes e comida.
O fenômeno acontece anualmente, e, de acordo com o Ipec, mais uma temporada foi iniciada. A quantidade de pinguins que viajam da região patagônica para mar aberto é enorme, e muitos desses animais, principalmente os mais jovens, não resistem ao percurso.
Biólogos afirmam que existe também a possibilidade de condições climáticas adversas desorientarem as aves durante a rota, além das chances de sofrerem consequências de atividades humanas, como a captura em redes de pesca e a ingestão de lixo despejado nos oceanos.
A previsão é que os pinguins que sobreviveram sejam soltos em novembro. “Queremos que eles reajam ao tratamento o mais rápido possível e voltem para a natureza. Precisamos fazer a soltura em grupos de, no mínimo, oito pinguins, para que eles não fiquem sozinhos”, diz nota do Ipec.
Por meio do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), o instituto realiza a inspeção das praias entre Cananeia e Iguape todas as manhãs, registrando os animais encontrados vivos ou mortos.
“Para não causarmos nenhum transtorno na cadeia alimentar do nosso litoral, apenas os animais recém-mortos são retirados das praias e trazidos para avaliação no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos do Ipec.
Os demais animais são retirados da linha da maré e deixados nas restingas para que outros animais, como urubus e carcarás, possam se alimentar normalmente”, informa o Ipec em nota.
Contato
O Ipec orienta as pessoas que encontrarem um animal marinho encalhado vivo ou morto nas praias da região a entrarem em contato por meio do telefone 0800 642 334.
Projeto
O monitoramento, a reabilitação e a necropsia de animais marinhos são algumas das atividades realizadas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
O projeto é uma exigência para a liberação do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.
A iniciativa é realizada desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos.