Imagine a seguinte cena: um parente seu viaja para outro país e, infelizmente, perde a vida. Ao receber a notícia, você descobre que o corpo demorará mais de dois dias para ser deportado. Toda a família se mobiliza para realizar a cerimônia de despedida desse ente querido. No entanto, para realizar esse desejo, o falecido deve ter o seu corpo mantido em bom estado de conservação. É nessa hora que a escolha de uma antiga técnica deve ser realizada, a do embalsamamento.

“Utilizamos essa técnica para preservar o corpo do falecido por um longo período. Por isso, esse procedimento é indicado para viagens de longa duração, como traslados internacionais, terrestres com mais de 2.000 km de distância e velórios de longa duração”, explica o supervisor de embalsamamento da Funerária Santa Casa BH, Alexandre Alberto Ferreira.

Ele ressalta que esse processo deve ocorrer, preferencialmente, nas primeiras 12 horas após a morte de uma pessoa. “Passadas 24 horas, o sangue pode engrossar dentro das artérias, o que dificulta a aplicação dos produtos químicos que preservarão o corpo”, explica.

Para realizar o procedimento, que pode durar de 4h a 12h, é feita, primeiramente, a lavagem do corpo com água e sabão. Em seguida, é utilizada uma solução química, conhecido como tanatofluído, que é aplicada por meio de uma bomba injetora com a função de substituir os fluidos corpóreos. “Esse líquido permanece no corpo para drenar parte do sangue – entre 60% e 80% do total. Assim, os órgãos ficam ‘emborrachados’ e duros, eliminado as bactérias que causam o mau cheiro e, consequentemente, a decomposição do corpo”, destaca Ferreira. Ele enfatiza que, para isso, nenhum órgão é retirado.

Ainda segundo Ferreira, o embalsamamento pode ser feito tanto em casos de mortes naturais quanto violentas, por exemplo, se a vítima tiver perfurações por arma de fogo que tenham atingindo a região do rosto. “Nesse caso, fazemos a necromaquiagem avançada, em que aplicamos uma massa no local afetado para realizarmos a reconstituição facial”, diz.

Tanatopraxia

Trata-se de outro método que consiste na prática de higienização e conservação de corpos. No entanto, essa técnica é utilizada para velórios mais curtos, diferentemente do embalsamamento. Segundo Leandro Santos, proprietário da Alpha Tonato, laboratório especializado nesse tipo de procedimento, o recurso é muito utilizado nos dias de hoje.

Ele explica que esse mecanismo consiste na prática de higienização e conservação de corpos humanos através da troca de fluidos corporais (sangue X produtos específicos a base de formol). “Esses materiais são utilizados para evitar o extravasamento de líquidos, inchaço, além de garantir um aspecto semelhante ao que o falecido apresentava em vida, deixando-o com uma aparência serena e corada”, frisa.

Santos aponta ainda que, por meio dessa técnica, é possível ter diferentes prazos de conservação do corpo. “Conseguimos preservar o cadáver seja para 2h, 3h, 12h ou até mais”. Ainda de acordo com ele, outra característica da tanatopraxia é a possibilidade de realizar o procedimento em corpos em um grau avançado de decomposição. O profissional destaca, também, que o Brasil está entre os maiores mercados funerários do mundo.

Celebridades

Ao longo dos últimos anos, algumas figuras históricas foram embalsamadas, como o ex-presidente americano Abraham Lincoln, a ex-primeira-dama da Argentina Evita Perón, a princesa Diana, os Papas Pio X, Pio XII e João XXIII, além de lideranças políticas como Vladimir Lenin, Stálin e Mao Tsé-Tung.