Uma oliveira com mais de 350 anos, considerada a mãe de todas as árvores e símbolo da paz, está majestosamente plantada no átrio central de um espaço cercado de vegetação e que recebe duas colunas de água que deslizam suavemente de um espelho d’água, criando um cenário de comunhão com a natureza. É nesse ambiente cuidadoso e respeitoso que foi implantado o BioParque, o primeiro empreendimento do Brasil e o único no mundo que transforma as cinzas de um ente querido em uma árvore.
Localizado numa área de 138 hectares em Nova Lima, o BioParque é um parque ecológico, memorial e museu e foi idealizado pelo CEO Hugo Tanure e será inaugurado oficialmente até o final do ano, mas lá já estão várias “árvores”. O espaço abrigará ainda ambientes lúdicos de relaxamento e contemplação, uma galeria de arte, um jardim botânico e um orquidário”, comenta Selma Capanema, executiva de negócios do empreendimento.
O BioParque não realiza a cremação. “Nosso trabalho começa após recebermos as cinzas resultantes da cremação, que são acomodadas na urna ecológica e 100% biodegradável juntamente com sementes de uma destas espécies arbóreas: ipê-amarelo, pau-brasil, jacarandá, acácia amarela, quaresmeira, sibipiruna e jequitibá. Os familiares escolhem o local onde a “árvore” será plantada, ao lado do rio ou no alto da montanha”, comenta Selma.
O processo de manuseio das cinzas acontece com a presença de no mínimo dois familiares. “Após a semeadura, ocorre uma cerimônia intimista e personalizada. É o momento das homenagens, quando a família pode exibir fotos, vídeos, colocar música, enfim, honrar a vida do seu ente querido”, explica Mônica Tanure, gestora socioambiental e presidente do Instituto BioParque.
Após a cerimônia, a muda vai para o centro de incubação, onde será monitorada até que esteja apta para o plantio no solo. Esse processo demora entre 12 meses e 24 meses, é georreferenciado, e a família pode acompanhar o desenvolvimento da árvore pelo site. Após esse período a árvore será plantada no BioParque em Nova Lima.
Toda a pesquisa para a implantação do projeto consumiu pelo menos oito anos e envolveu uma equipe multidisciplinar, que produziu um material técnico robusto e validou o projeto.
“O conceito é moderno, inteligente e inusitado, proporcionando experiências singulares. É um lugar de paz, respeito e equilíbrio e traz leveza para a questão mais angustiante de nossa condição humana: a morte”, finaliza Mônica.
Há um canal exclusivo, uma plataforma em que os familiares podem construir o legado do seu ente querido, colocar fotos, lembranças, histórias e eternizar a trajetória para as gerações futuras.
SERVIÇO: Saiba mais sobre o BioParque pelo telefone (31) 3018-7000 ou pelo site
Cuidados especiais com a cremação
Como as religiões recebem a cremação? “O judaísmo, o islamismo e o candomblé defendem a ideia de que o corpo deve retornar à terra, não aprovando a cremação. Para o hinduísmo e o budismo, a cremação é obrigatória, e seus seguidores acreditam que o fogo induz o sentimento de desapego do espírito, contribuindo para sua passagem ao novo mundo e que, só assim a alma se purifica e se liberta do corpo. Os espíritas aceitam a cremação desde que se aguarde de dois a três dias para efetuá-la, pois acreditam que esse intervalo é necessário para que o espírito abandone o corpo físico”, comenta Mônica Tanure.
Para a Igreja Católica, a cremação foi um tabu até metade da década de 60 e, apesar de atualmente autorizar a prática, ela ressalta que as cinzas devem ser guardadas em um lugar sagrado, seja nos cemitérios ou espaços próprios criados para esse fim. (AED)
Cadela reconheceu sua tutora
As relações de amor são eternas. “Uma filha veio contratar o serviço e escolheu aleatoriamente uma acácia-amarela. Arrumando as coisas da mãe, encontrou um tecido que ela havia bordado em que falava de sua vontade de voltar para a natureza e se transformar em uma árvore. Detalhe: a árvore bordada era amarela, assim como a acácia”, relata Selma Capanema.
Há um caso emocionante. “A primeira vez que uma família foi visitar a filha, que morreu muito jovem, a cachorrinha pulou do colo dos familiares e se deitou exatamente aos pés da árvore em que sua tutora havia se transformado. O fato se repete todas as vezes em que a família vem visitar a jovem. Os laços se amor não se encerram com a morte. São eternos”, conclui Selma. (AED)
Espécies plantadas
Ipê-amarelo: força e vitalidade
Pau-brasil: história e tradição
Jacarandá: sabedoria e renascimento
Acácia: pureza e imortalidade
Quaresmeira: cura e desapego
Sibipiruna: elegância e beleza
Jequitibá: força e nobreza