Nariz entupido, garganta irritada e tosse. Comuns a inúmeras doenças respiratórias, os sintomas citados acabam se tornando parte do cotidiano de muita gente assim que as temperaturas começam a cair. Não por acaso, a chegada do inverno contribui para o aumento de casos de enfermidades que afetam, principalmente, as vias aéreas superiores e os pulmões.  

De acordo com informações da Biblioteca Virtual do Ministério da Saúde, o clima mais frio, característico da estação, tem influência direta no aumento da incidência de infecções como gripe, resfriado e a própria Covid-19, já que favorece a disseminação dos vírus causadores dessas doenças. Além delas, casos de sinusite, rinite, bronquite e crise asmática também acabam tendo aumento considerável no período.  

Conforme a pasta, um dos principais motivos para que esse tipo de doença se espalhe é a permanência das pessoas em lugares mais fechados e com pouca ventilação, já que o confinamento facilita a circulação de microrganismos, inclusive os vírus respiratórios.  

O ar mais frio e seco também causa impactos na saúde. É isso o que explica Michelle Andreata, médica pneumologista da Saúde do Lar. “As mucosas do sistema respiratório vão se ressecando devido à baixa umidade, e, com isso, temos a formação de pequenas feridas que propiciam a entrada de vírus, bactérias e outros microrganismos no corpo, ativando a resposta imunológica das vias aéreas”, explica.  

Em Belo Horizonte, a diminuição das temperaturas já tem se refletido no aumento de casos de doenças respiratórias. Entre janeiro e abril de 2023, foi registrado um salto de 79% na quantidade de atendimentos de pacientes com sintomas dessas enfermidades, com os números passando de 23.510 para 42.233. Os dados, levantados pela Secretaria Municipal de Saúde, consideram as pessoas que foram atendidas nas nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos 152 Centros de Saúde da capital.  

Com a chegada do inverno, que teve início na última quarta-feira (21), a tendência é que os casos se tornem ainda mais comuns. Mas, apesar do maior risco, algumas medidas podem ser tomadas para ajudar na prevenção de doenças respiratórias – algumas delas são simples, como lavar as mãos como água e sabão, principalmente antes das refeições e ao pegar em superfícies que tenham contato com outras pessoas. 

Aglomerações e ambientes fechados também devem ser evitados. “Mesmo no frio é importante deixar o ambiente arejado e com boa circulação de ar; umidificar os cômodos, seja com aparelho próprio, seja com toalhas molhadas; fazer a lavagem nasal com água ou soro fisiológico, limpando e eliminando possíveis vírus que estejam na mucosa nasal; evitar contato com pessoas que estejam com doenças respiratórias ou pelo menos manter uma distância segura”, enumera a pneumologista. 

Cuidados que ficaram ainda mais conhecidos durante a pandemia da Covid-19 – como utilizar o cotovelo para cobrir a boca e nariz ao espirrar ou tossir, evitar encostar ou contaminar locais a que outras pessoas também tenham acesso e manter a carteira de vacinação atualizada – também são medidas importantes na prevenção de doenças respiratórias.  

Segundo Michelle Andreata, uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes também pode contribuir. “Existem alimentos que são capazes de ajudar o sistema imunológico a trabalhar melhor, seja por conta de suas propriedades anti-inflamatórias, seja por serem antioxidantes ou calmantes, como o mel, chás de camomila, raiz de alcaçuz, ervas, alho, canela, cravo-da-índia e limão”, enumera.  

Opções que sejam ricas em vitaminas C, D e E, minerais como zinco e selênio, frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas também são outras indicações dadas pela pneumologista. “É importantíssimo ponderar que esses alimentos ajudam a melhorar nossa imunidade e podem trazer alívio ao desconforto causado por alguns problemas respiratórios, mas não substituem o tratamento indicado pelo especialista”, pontua. 

Quando procurar ajuda de um médico? 

A maioria das doenças respiratórias possui sintomas parecidos, que podem incluir dores pelo corpo, febre, cansaço, nariz entupido e incômodos na garganta. Diante dessas semelhanças, o paciente pode acabar tratando o mal-estar como algo passageiro, uma gripe mais leve ou um resfriado. No entanto, alguns sinais podem indicar que é o momento de procurar atendimento médico.  

Segundo a pneumologista, pacientes que apresentam dificuldade para respirar, sensação de dor no peito e febre alta, acima dos 38°C, persistente por mais de três dias seguidos, devem procurar um especialista. “Sintomas que pioram ao longo dos dias também podem ser um alerta”, explica. Ela acrescenta ainda que tosse com duração de mais de duas semanas ou com sangue, confusão mental, fraqueza intensa e tontura também podem indicar a necessidade de ajuda médica. “É muito importante que tanto o enfermo quanto seus familiares estejam atentos a esses sinais para buscar o atendimento de um médico para avaliação e diagnósticos precisos”. 

Quais são as doenças mais comuns no inverno? 

  • Gripe: causada pelo vírus influenza, que é altamente contagioso 
  • Resfriado: infecção viral que afeta o nariz e a garganta 
  • Bronquite: inflamação dos brônquios, que são responsáveis por levar ar aos pulmões 
  • Asma: também chamada de “bronquite crônica”, é uma inflamação das vias respiratórias que têm como característica o estreitamento das vias aéreas e o chiado 
  • Pneumonia: infecção nos pulmões, geralmente causada por bactérias, fungos ou vírus  
  • Covid-19: infecção respiratória aguda nos pulmões