É muito comum ouvir, após o término de um relacionamento, que é bom manter a distância do ex para evitar o arrependimento. Pois um estudo recente feito por psicólogos da Universidade Estadual de Wayne, nos EUA, põe abaixo esse conselho. Eles garantem que sexo com o ex pode não ser necessariamente uma má ideia.
O estudo avaliou casos como o do personal trainer Leonardo Pedra, 46. Ele conta que, na maior parte das vezes, tem “recaídas” depois de colocar um ponto final na relação. “Meus namoros terminam de uma forma respeitosa, o que me leva sempre a estar aberto a essa possibilidade”, afirma.
A universitária Bárbara Teixeira, 23, também acredita na hipótese. “É uma pessoa que você confia e conhece. Em todas as vezes que aconteceu comigo, queria manter a amizade, mas sem nenhum envolvimento sentimental. É o prazer com respeito”, diz.
Investigação
Realizado em duas etapas, o estudo analisou as vivências diárias de 113 pessoas que haviam passado recentemente por um rompimento. Dois meses depois, elas responderam a um questionário dizendo se haviam tentado algum contato físico com seus ex; como estavam emocionalmente ligadas a eles e como se sentiam depois de cada dia. A segunda parte envolveu 372 participantes diferentes, na qual também foram feitas sobre o contato físico com ex e seus níveis de apego.
Até então, acreditava-se que dormir com antigos parceiros deixaria o coração ainda mais partido e prejudicaria a capacidade de a pessoa seguir em frente. Os pesquisadores descobriram que a prática sexual não afeta negativamente o processo de cura do rompimento da relação.
Aqueles que ansiavam pelos velhos amores – mais propensos a procurar atividade sexual com eles para conseguir proximidade e conexão –, não relataram sentir-se mais chateadas depois do fato. Na verdade, ligar-se ao ex deixou-as mais positivas no dia a dia.
“O fato de que o sexo com ex é mais ansiosamente perseguido por aqueles que têm dificuldade em seguir em frente sugere que talvez devêssemos avaliar melhor as motivações das pessoas por trás da prática”, disse a principal autora do estudo, Stephanie Spielmann, em um comunicado à imprensa.
Segundo ela, os resultados destacam como é importante estudar a natureza dos rompimentos por um período maior de tempo, principalmente por causa das consequências que eles podem provocar na saúde mental das pessoas, em como elas ficam angustiadas e se são capazes de superar o rompimento.
Responsabilidade
O contato posterior ao término geralmente ocorre porque ambos se encontram em uma situação de zona de conforto, afirma a sexóloga Sônia Eustáquia.
“A intimidade criada no cotidiano durante a relação causa essa sensação de segurança e de que sabemos onde estamos pisando. Apesar disso, podem surgir situações e sensações novas, que não foram exploradas no passado”, explica.
Mas essas experiências, segundo a especialista, devem ser praticadas com consciência e, acima de tudo, com responsabilidade emocional.
“Ambos devem estar muito cientes de que tais situações são casuais, que não requerem, necessariamente, um tipo de satisfação. No entanto, essa ausência de ‘burocracia’ deve ser feita de forma responsável, respeitando sempre os sentimentos do outro”, diz.
Saúde emocional
Um estudo da Universidade de Arizona, que envolveu 137 adultos com relações terminadas recentemente, concluiu que satisfazer o desejo sexual é uma parte importante no processo de luto, mesmo que seja com a pessoa que ainda se ama.