O mundo está perplexo diante de um conflito no Oriente Médio com contornos territoriais, religiosos e étnicos. Como tem sido lidar novamente com mísseis e milhares de mortes de civis? “Israel é conhecido como ‘Terra Santa’, mas nem todas as pessoas são santas. O próprio grupo terrorista Hamas usa a palavra ‘Jihad’, que significa ‘guerra santa’, mas sabemos que Deus ora pela paz e pela justiça. Fico triste de ver as pessoas usando o nome de Deus em tantos lugares do mundo para causar guerras e fazer maldade com pessoas inocentes”, comenta Aline Szewkies, brasileira, guia de turismo, criadora do canal Israel com Aline e moradora de Jerusalém há 15 anos. 

Sua situação é delicada. Com um filho com menos de 2 anos, grávida de oito meses e o marido, israelense, lutando na Faixa de Gaza, Aline tem tentado manter o equilíbrio. “O 

Hamas é um grupo terrorista, cujo objetivo é a destruição do Estado de Israel e a criação de um grande estado islâmico no local. Sua ideologia é muito parecida com a do Estado Islâmico. Eles estão destruindo tudo o que não tem a mesma ideologia deles. Eles atacam judeus, cristãos e muçulmanos não religiosos”, diz. 

Aline ressalta que o objetivo do Hamas “nunca foi a criação de um Estado palestino, mas de um Estado islâmico”. “Eles não querem o bem do povo palestino, roubam o dinheiro que o povo palestino recebe, por meio de ajuda humanitária, para a compra de armamentos para lutar contra Israel. Eles matam palestinos que são dissidentes políticos, usam o povo palestino de Gaza como escudo humano contra os mísseis lançados por eles próprios. Quem deseja apoiar a causa palestina tem que ser contra o Hamas”, argumenta. 

Ela pontua que “o Hamas manipula o islã e o Alcorão para criar uma ideologia extremista”. “Sabemos que a grande maioria dos muçulmanos não concorda com os atos terroristas do Hamas, do Hezbollah e do Estado Islâmico, que usam isso como pretexto para atacar Israel”, observa Aline. 

A Faixa de Gaza é a casa dos palestinos há muitas gerações. “Eles não se mudam para a Cisjordânia ou outras regiões porque o Hamas não permite a saída deles e, ainda, porque é difícil conseguir visto para morar em outras regiões ou países. Eles não querem abandonar o território em que moram há tanto tempo. A solução não é a retirada da população de Gaza, e sim dos terroristas, que geram tanto sofrimento para israelenses e palestinos”, sustenta a brasileira. 

Para Aline, “numa guerra não há vitoriosos, mas, militarmente falando, Israel vai vencer o conflito. O Estado de Israel está sofrendo muito e terá que sustentar um conflito em que o Hamas sofrerá um grande golpe. Não sabemos se esse grupo terrorista será exterminado completamente. Só o tempo dirá”, finaliza. 

 

O islã defende a paz sempre 

  

A Comunidade Ahmadia Muçulmana está presente em mais de 215 países, incluindo o Oriente Médio, onde tem uma mesquita. “Somos um ramo pacífico do islã, que acredita que o Messias prometido para os últimos tempos, ou seja, a segunda vinda de Jesus Cristo, já chegou na pessoa de seu fundador, Hazrat Mirza Ghulam Ahmad (1835-1908). Depois de sua morte, teve início o sistema de califado (sucessão), e, atualmente, o quinto califa, sua santidade Mirza Masroor Ahmad, lidera a comunidade em todo o mundo”, explica Wasim Ahmad Zafar, presidente da Comunidade Ahmadia Muçulmana do Brasil. 

Ele destaca que, “na maioria das vezes, os conflitos que ocorrem em nome da religião têm raízes políticas. O islã ensina sempre a buscar a paz. Até em tempos de guerra, o islã proíbe atacar crianças, mulheres, idosos e qualquer pessoa que abaixe as armas. Portanto, os ataques do Hamas, que é um grupo meramente político, não se alinham com os ensinamentos do islã. A violência não é a solução, pois leva a mais violência, como observado na reação de Israel aos ataques”. (AED) 

 

Conflito dá sinais de que vai piorar 

  

A mensagem do islã é a preservação da vida e da humanidade. “Não sou político e não sei se legalmente o Hamas tem legitimidade para representar os palestinos ou não, mas, com certeza, não representa o islã, pois fere princípios básicos e fundamentais da religião. Independentemente do caso, eles deveriam buscar soluções pacíficas em vez de espalhar ódio e violência”, comenta Wasim Ahmad Zafar. 

Para ele, “o conflito entre Israel e Palestina é muito triste e preocupante e, infelizmente, dá sinais de que ainda vai piorar. É essencial que ambos os lados parem imediatamente com os bombardeios e as hostilidades e busquem soluções pacíficas por meio do diálogo. Se a situação não for controlada, a guerra certamente vai escalar, e outras nações e outras potências mundiais também serão afetadas, podendo até levar a uma terceira guerra mundial”. (AED)