Destruição da natureza

Planeta está próximo da sexta extinção em massa de espécies

ONU diz que 1 milhão dos 8 milhões de populações animais e vegetais desaparecerão


Publicado em 07 de maio de 2019 | 03:00
 
 
 
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Paris, França. Um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção, e o ritmo está acelerando, de acordo com um relatório da ONU que pede uma “profunda mudança” na sociedade para reparar os danos à natureza. Nesse trabalho inédito publicado na segunda-feira (6), o grupo de especialistas da ONU sobre biodiversidade (IPBES) apresenta um panorama sombrio para o futuro do ser humano, que depende da natureza para respirar, beber, comer, se aquecer e até mesmo se curar.

“Estamos acabando com as bases das nossas economias, nossos meios de subsistência, a segurança alimentar, a saúde e a qualidade de vida em todo o mundo”, alertou Robert Watson, presidente do IPBES.

O desmatamento, a agricultura intensiva, a sobrepesca, a urbanização descontrolada, minas fazem com que 75% do ambiente terrestre esteja“seriamente perturbado” pela atividade humana, enquanto 66% do ambiente marinho também está afetado.

O resultado: 1 milhão de espécies animais e vegetais dos 8 milhões estimadas na Terra estão ameaçadas de extinção, e muitas podem desaparecer “nas próximas décadas”. Uma constatação alinhada com o que muitos cientistas descrevem há anos: o início da sexta “extinção em massa” – um termo não mencionado no relatório – e a primeira da qual o homem é o responsável.

Mas também seria “a primeira que poderia ser interrompida, se agirmos de forma decisiva agora”, segundo Mark Tercek, presidente da ONG Nature Conservancy.

“Não é tarde demais para agir, mas temos de começar agora”, e por meio de uma “mudança profunda” na sociedade, disse Watson, para quem o primeiro objetivo é retardar os “motores” da perda de biodiversidade que ameaçam o homem tanto quanto a mudança climática.

Aquecimento global

O relatório, em que 450 especialistas trabalharam por três anos, identifica os cinco principais responsáveis por essa realidade: uso da terra (agricultura, desmatamento), exploração direta de recursos (pesca, caça), mudança climática, poluição e espécies invasoras.

A mudança climática pode aumentar nessa escala, agravando os outros fatores, embora algumas ações para reduzir as emissões de gases do efeito estufa possam trazer benefícios diretos à natureza.

O primeiro objetivo seria o sistema agroalimentar. Alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050 de forma “sustentável” implica transformação da produção agrícola (agroecologia, melhor manejo da água), mas também dos hábitos de consumo (dieta, desperdício), segundo o relatório.

Os ministros de Meio Ambiente do G-7 e de outros países reunidos na França adotaram nesta segunda-feira uma “carta à biodiversidade”, na qual se comprometem a lutar contra a destruição da natureza com “ações concretas”.

No Brasil, Pantanal e Amazônia estão sob risco

Brasília. O Brasil abriga mais da metade da biodiversidade do mundo, mas especialistas advertem que santuários ecológicos como a Amazônia ou o Pantanal são ameaçados por grandes grupos econômicos, que encontraram em Jair Bolsonaro e em sua retórica antiambientalista um aliado. Com proprietários de terras que cortam árvores centenárias para o plantio de soja, mineiros clandestinos que poluem com mercúrio os rios vitais para as populações nativas ou traficantes de madeira que dizimam espécies preciosas, a biodiversidade sofre no país.

E o perigo aumentou com a chegada ao poder do presidente Bolsonaro, eleito com o apoio do lobby do agronegócio e que prometeu acabar com “o ativismo ecologista xiita”.

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