Visionário

Aluno brasileiro ganha concurso de bilionário para transporte a vácuo

Elon Musk criou competição para 'empurrar' a nova tecnologia


Publicado em 24 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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Rio de Janeiro. Que tal ir de São Paulo ao Rio de Janeiro em 20 minutos? Com tecnologia que parece saída de uma fábula futurista, essa viagem seria pela terra (ou sob ela), e não pelo ar. Chama-se hyperloop, um meio de transporte com cápsulas que passam por tubos metálicos, isso quase no vácuo. E tudo poderia funcionar à base de energia renovável, sobretudo painéis solares.

Coisa do bilionário Elon Musk, dono da SpaceX (de viagens espaciais) e da Tesla (veículos elétricos) e metido em outras mil estripulias tecnológicas. O hyperloop, resumiu Musk certa vez, seria um cruzamento entre um canhão eletromagnético, um avião Concorde e uma mesa de hóquei de ar.

O estudante de engenharia mecânica Rafael Nass de Andrade, 23, demorava para chegar à USP três vezes mais tempo que o potencial do hyperloop para percorrer a distância entre as capitais paulista e fluminense. Hoje ele vai de bicicleta à Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, como parte de um programa de duplo diploma com a faculdade brasileira. E foi ali que seu caminho cruzou com o de Musk.

Nass foi um dos quatro líderes do time de 50 pessoas que venceu, em julho, uma competição universitária criada pelo magnata para dar um empurrãozinho na nova tecnologia.

Velocidade do som

O hyperloop pode, ao menos em tese, ultrapassar os 1.000 km/h, um pouco abaixo da velocidade do som (1.224 km/h) e bem superior à média dos trens-bala mais rápidos do mundo (400 km/h).

Mas ainda falta um bocado para se aproximar da passada sonora. Nass conta que sua equipe venceu o torneio de Musk “quebrando o recorde de velocidade”: atingiram 482 km/h.

Os protótipos estudantis deste ano levitavam ou usavam rodas, e seus criadores os testaram no tubo hermético aberto pela Boring Company, outra empresa de Elon Musk cujo nome em português pode ser traduzido como “entediante”.

Bom para o Brasil

Caso seja mesmo viável um dia, o hyperloop se daria melhor no Brasil do que em outros cantos do chamado primeiro mundo, acredita o universitário. “Por incrível que pareça acho mais difícil essa tecnologia ser aplicada na Europa, onde a infraestrutura de transporte é bem completa. E o hyperloop teria que substituir uma existente linha de trem”, imagina. O Brasil, na opinião do estudante, levaria vantagem por ter um sistema ferroviário mais precário.

“Mas creio que a primeira linha será na Índia, na China ou nos Emirados Árabes Unidos. Eles têm um incrível poder econômico e tentam mostrar para o mundo que são países do futuro. Ao mesmo tempo, a infraestrutura de transportes deles ainda tem grande potencial de melhoria”, opina.

Preço ainda é incógnita, e formato varia

Rio de Janeiro. As estimativas de preço para o transporte por hyperloop variam. Elon Musk já disse que viagens com a tecnologia poderiam custar US$ 1 (R$ 4). Outra companhia que desenvolve o sistema, a Virgin Hyperloop, diz que “é difícil precisar, mas a meta é fazer com que seja acessível”.

“Nós, uma vez, estimamos R$ 0,40/km para o consumidor nos primeiros anos”, afirma o brasileiro Rafael Nass, que também rabalha na tecnologia. Levando em conta o trajeto rodoviário Rio-São Paulo, com seus 434 km, daria R$ 173, mais barato que a média da ponte aérea.

O formato dos veículos é outro ponto aberto a discussão. Os mais buscados pelas empresas: cápsulas capazes de acomodar mais ou menos a mesma quantidade de pessoas que um ônibus.

Demora

Tempo. Elon Musk propôs o hyperloop em 2013. A previsão é que a tecnologia possa funcionar na próxima década em países onde a regulação é menos rígida, e a partir de 2040 nos demais.

Flash

Em Minas. A Hyperloop TT, outra empresa que trabalha na tecnologia idealizada por Elon Musk, anunciou a instalação de um centro de pesquisa em Contagem, mas desistiu em abril deste ano. O motivo teria sido a falta de liberação de uma verba do governo do Estado, de R$ 13 milhões – valor igual ao que a companhia investiria.

Veloses e furiosos

“Só existia um critério para vencer: atingir a maior velocidade possível e depois frear com sucesso.”

Rafael Nass

Estudante brasileiro

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