Estudo

Terapia com realidade virtual pode reduzir paranoia e ansiedade

Pacientes com psicose foram submetidos a tratamentos combinados


Publicado em 13 de fevereiro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Paris, França. Pacientes com psicoses têm pensamentos paranoicos em 90% dos casos, o que os leva a perceber ameaças onde não há nenhuma. Como resultado, muitos deles evitam lugares públicos e contato com pessoas, passando muito tempo sozinhos. Mas uma terapia que combina realidade virtual com tratamentos tradicionais pode reduzir a paranoia e a ansiedade nessas pessoas, informaram cientistas na última semana.

De acordo com testes clínicos realizados em 116 pacientes de 18 a 65 anos na Holanda, os exercícios com tecnologia de realidade virtual tornaram as relações sociais dos sujeitos menos tensas, escreveram os cientistas na revista “The Lancet Psychiatry”.

A terapia cognitivo-comportamental (CBT, da sigla em inglês) em que os pacientes recebem ajuda para superar problemas que parecem esmagadores, ajuda a reduzir a ansiedade, mas faz pouco para controlar a paranoia. Um grupo de cientistas liderado por Roos Pot-Kolder, especialista da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, ampliou o uso desse método para um ambiente virtual. Para o teste, os 116 participantes receberam um tratamento tradicional, com medicação antipsicótica e consultas com o psiquiatra, mas apenas metade deles também praticou interações sociais em um ambiente virtual.

A terapia consistiu em 16 sessões de uma hora de duração, num período entre oito a 12 semanas. Os pacientes foram expostos, através de avatares virtuais, a situações sociais que provocariam medo e paranoia em quatro cenários: a rua, o ônibus, o café e o supermercado. Os terapeutas podiam alterar a quantidade de avatares, sua aparência e se as respostas já registradas para o paciente eram neutras ou hostis. Os especialistas também aconselhavam os participantes, ajudando-os a explorar e testar seus próprios sentimentos em diferentes situações.

Os participantes foram avaliados, três meses depois e seis meses depois. Mais testes são necessários para confirmar os benefícios a longo prazo dessa tecnologia, que simula uma realidade com outros avatares virtuais.

A terapia de exposição baseada na realidade virtual é eficaz para transtornos de ansiedade, de acordo com os resultados de outros estudos, mas a maioria deles concentra-se em fobias simples. “Com o desenvolvimento da realidade virtual e da tecnologia móvel, a gama de ferramentas disponíveis para a psicoterapia se expande”, disse Kristiina Kompus, da Universidade de Bergen.

 

Melhoria na qualidade das interações

Paris. O estudo revelou que a exposição à realidade virtual não aumentou o tempo que os participantes passaram com outras pessoas, mas sim a qualidade das interações.

“A adição da realidade virtual aos tratamentos tradicionais reduziu os sentimentos paranoicos e o uso de comportamentos ansiosos em situações sociais, em comparação com a terapia padrão sozinha”, declarou a autora principal, Roos Pot-Kolder. Não foram relatados eventos adversos relacionados à terapia ou às avaliações.

Flash

Mercado. Ainda é muito cedo para profetizar o quanto a realidade virtual vai impactar no trabalho diário do médico ou no ensino da ciência, mas já existem alguns exemplos de campos promissores, como o cirúrgico.

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