Relacionamentos

Viver o amor livre: as descobertas e dissabores da não monogamia

Poliamor, relações abertas e outros modelos de relacionamento apartados da lógica monogâmica ainda são vistos com desconfiança e preconceito


Publicado em 13 de julho de 2020 | 03:00
 
 
 
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O sorriso estampado, o brilho vibrante dos olhos e aquele andar como que nas nuvens: o clichê do conjunto de sintomas dos apaixonados era sensível e o próximo passo – fosse o enredo de uma comédia romântica – teria um quê de óbvio: Uri e Ana trocaram poemas, e ela pediu que os versos fossem guardados em segredo. Ele, que tinha em Catarina sua confidente, logo contou dos recentes acontecimentos, que despertaram nela uma pontinha de ciúme – sensação que logo se tornou acachapante, e, por isso, a pedagoga decidiu que precisava falar sobre aquele incômodo com o rapaz. Uri explicou que, por se tratar de uma promessa, não poderia revelar os poemas a ele dedicados, mas que iria mostrar aqueles que ele mesmo havia rabiscado. O que foi feito. Catarina sentiu-se reconfortada em tomar parte de uma história que, até então, estava um tanto alheia. Mais tarde, ao saber da angústia da outra, Ana logo abriu mão do sigilo: para a namorada de seu namorado, toda prosa e poesia poderia ser contada, a relação deles era um livro aberto.

Foi em 2012 que se conheceram Catarina, hoje com 39 anos, e Uri, de 43. Ela vinha de um namoro tumultuado, em que colecionou traições. Por isso, não buscava nada sério. Assim, tão logo ficou óbvio que aquele era um relacionamento perene, de pronto a professora de matemática buscou demarcar: desde que ninguém nesse arranjo relacional fosse enganado, qualquer um deles poderia se envolver, afetiva e/ou sexualmente, com outras pessoas. Essa regra básica vinha acompanhada de uma segunda: sempre conversarem quando algo causasse incômodo. 

A duradoura experiência de amor livre vivenciada pela baiana e pelo paulista – e que, a princípio, nem eles mesmos saberiam nomear muito bem – é exemplo de uma das diversas possibilidades de configurações em relacionamentos não monogâmicos. 

Como outros casais formados por mais de duas pessoas ou por aqueles que admitem que seus parceiros tenham uma vida sexual e/ou afetiva independente, Catarina e Uri precisaram, juntos, criar um novo modelo apartado dos padrões que classificam como monogâmicos, heteronormativos e patriarcais em que normalmente se compreende o amor. E, por conta disso, tiveram também que lidar com situações de preconceito e estigma – razão pela qual as histórias que ilustram esta reportagem foram compartilhadas sob a condição de a identidade de seus protagonistas ser preservada.

“O primeiro passo para que as não monogamias sejam discutidas mais abertamente e sejam incorporadas é a criação de um universo de representação social. Esses modos de se relacionar precisam encontrar espaço para serem apresentados de forma a gerar compreensão”, avalia o doutor em psicologia social Cláudio Paixão Anastácio de Paula. Para além da complexidade intrínseca a qualquer tipo de interação humana, diz, o fato de inexistirem precedentes no imaginário popular tende a ampliar os obstáculos impostos interna e externamente a essas relações.

Não monogamia é vista com desconfiança

No início, foi difícil falar sobre o assunto até mesmo entre amigos, que já olhavam torto para aquela história, contam Catarina e Uri. “Em vez de nos ouvirem de um lugar de escuta ativa, o que a gente percebia era um viés de curiosidade, e, a qualquer problema, logo vinham apontar o dedo, dizer que a não monogamia era impossível na prática”, lembra a professora.

Foram, principalmente, as amigas dela a torcer os narizes, e a má impressão só foi passar depois do segundo aniversário de namoro deles. Tanta desconfiança tem sua razão de ser: não são incomuns os relatos sobre homens que, para esconder um comportamento antiético e até abusivo, se dizem abertos ou poliamoristas, mas não admitem que suas companheiras, de fato, encontrem abertura para viver outras histórias de amor.

A situação de Catarina também era complicada em relação ao trabalho, pois, à época do início do namoro, era funcionária de uma empresa do ramo evangélico e, por isso, preocupava-se em preservar sua imagem. Em relação à família, que vive na Bahia, no entanto, não enfrentou grandes questões. A pedagoga chegou a apresentar um outro namorado para a mãe dela, que é religiosa e, como conhecia Uri, quis saber se estava tudo bem para os três. “Quando entendeu que estava, comentou que também era ‘bonitão’ aquele moço”, diz, entre risadas.

Para Uri, que é pai de duas crianças e vinha de uma separação, a relação foi mais delicada no seio familiar. Muito preocupado em como o modo de se relacionar poderia impactar seus filhos, o tradutor buscou se informar sobre outras histórias. Finalmente, apresentou outra namorada aos pequenos, que reagiram bem, com naturalidade até. “Mas minha ex-esposa ficou em polvorosa, queria até que eu fosse atendido pela psicóloga dela, o que não fazia nenhum sentido”, relata.

Sexo não é questão central

Um outro modelo de não monogamia é vivenciado desde 12 de outubro de 2013 por Paula, 42, e Bebeto, 39, e Flor, 41. Os três vivem sob o mesmo teto e têm um acordo de polifidelidade, isto é, só se relacionam entre eles, que são heterossexuais e cisgênero – não há, portanto, envolvimento sexual ou amoroso entre Paula e Flor, que dormem em quartos separados, sendo Bebeto o elo da tríade.

A ideia de que, vivendo juntos, eles teriam um cotidiano de sexo a três é apenas mais um prejulgamento, sem correspondência com a realidade. “Nós temos nossas individualidades e algumas regras. Por exemplo, se vou transar com uma delas, nós tomamos cuidado para não causar incômodo à outra. As pessoas acham que é complicado demais, mas é muito parecido com a dinâmica de casal quando há filhos”, explica o fotógrafo.

Poliamor (Documentário) from Zé Agripino on Vimeo.

Por outro lado, Catarina e Uri, que são bissexuais e cisgênero, admitem: eventualmente, já se relacionaram com o parceiro do outro, a três. Esta, entretanto, “não é a regra, não é obrigatório e não está no pacote: não é porque vai ficar com um de nós que vai ter que ficar com o outro”, comenta ela. “Cada relação que temos tem suas regras específicas. Então, pode ter ou pode não ter. O sexo não é a questão central”, completa Uri.

Acordo deve ser discutido com clareza

Quando Flor entrou na história, Paula e Bebeto já estavam casados há cerca de 11 anos e tinham um filho, então com 2 anos. A auxiliar comercial-administrativa de uma empresa de Belo Horizonte era amiga em comum do casal e, em 2012, começou a se sentir atraída pelo fotógrafo. Embora houvesse reciprocidade, ele, ao mesmo tempo, continuava apaixonado pela mulher com quem já vinha construindo uma vida. Por isso, os dois até tentaram se afastar um do outro, sem sucesso. Foi quando, em um desabafo, Flor disse: “Seria tão bom que a sociedade aceitasse outras formas de relações”. Aquilo virou uma chave em Bebeto, que embrenhou-se em leituras sobre o tema, ouviu sexólogos e psicólogos até que, finalmente, tomou coragem para falar com Paula, expondo que não queria viver um caso, ter uma relacionamento paralelo, que queria ser honesto com as duas – de forma que fossem, os três, uma família. Ela, a princípio, se mostrou reticente e até ofendida diante daquela proposta.

Com o tempo e com muita conversa, todavia, assimilou melhor a ideia e, por fim, aceitou que os três se encontrassem. Foi depois dessa longa e honesta reunião que decidiram encarar juntos a construção de um novo paradigma e foram costurando acordos entre si sobre como se daria aquela conjugalidade. Assim como no caso de Catarina e Uri, essas regras foram sendo constituídas a partir de uma extensa rotina de diálogo e de aprendizado. 

Esse contrato, aliás, é a pedra fundamental de qualquer relacionamento, inclusive dos monogâmicos, como explica o psicólogo Rodrigo Tavares Mendonça, especializado em psicoterapia de família e de casal: “Qualquer relação de longo prazo tem seu acordo que, na maioria das vezes, é implícito – o que avalio como um erro: tornar explícito o que é ou não aceitável ajuda os parceiros a se posicionarem”.

Companheirismo é a base fundante

À época em que Flor passou a viver com o seu namorado e a esposa dele, Paula estava na segunda gestação –  que foi acompanhada por todos e, quando o bebê nasceu, celebraram juntos. Com problemas renais, a criança teve complicações aos 4 anos, sendo internado em um hospital na capital paulista. A mãe ficou o tempo todo ao lado do pequeno, enquanto revezavam como acompanhantes Bebeto e Flor, que estava grávida depois de os três decidirem que caberia mais uma criança naquela família. “Infelizmente, o meu segundo filho não resistiu, ele faleceu no hospital. Foi uma fase muito difícil, um luto doloroso para todos nós”, comenta o fotógrafo. Meses depois, nasceu o neném, que tem Paula como madrinha.

Na casa, hoje, vivem cinco pessoas, incluindo um adolescente, de 13 anos, e um bebê de 2 anos e meio. Em quarentena, confinados sob o mesmo teto, a “grande família” – como são chamados por amigos – ficou ainda mais reunida e sem maiores atritos.

Depois de atravessarem alegrias e tristezas tão particulares, as pressões externas e o preconceito parecem não mais uma fonte de angústia para eles. Mas, claro, nem sempre foi assim. Principalmente no início, tiveram que enfrentar situações de constrangimento. Felizmente, o que ficou mesmo foi o apoio. “Teve de tudo, mas, felizmente, a grande maioria soube nos acolher”, celebra Bebeto. Mesmo entre os pais de cada um, passado o susto, a reação foi amistosa. “Exceto a mãe da Flor, que é muito religiosa, vive no interior e ficou profundamente incomodada”, detalha.

Embora pública, entretanto, elas preferem não expor a história com nomes próprios por temerem reações na internet: “Sabemos que podemos ser atacados… As redes sociais são, às vezes, um lugar cruel”.

Lógica patriarcal condena especialmente mulheres

O fato de o temor por ataques ter sido manifestado justamente pelas mulheres que estão na relação é indício de como as estruturas patriarcais da sociedades tendem a coibir e a punir a livre expressão da sexualidade feminina. É por isso que a economista Rosana, 46, prefere não se identificar socialmente como poliamorista.

“Apenas amigos próximos e meus parceiros sabem dessa característica”, comenta. “Infelizmente, ainda mais para alguém do gênero feminino, ser identificada como poliamorista ainda é sinônimo de falta de amadurecimento, libertinagem e irresponsabilidade emocional”, analisa.

Embora algumas mulheres considerarem as modalidades não monogâmicas como uma conquista – pois estendem a elas o direito de também terem relacionamentos múltiplos em um país em que são comuns as histórias de homens que constituem famílias paralelas secretamente em diferentes locais –, o machismo, obviamente, também atravessa essas relações.

“Quando inicio uma história em que há uma conexão mais forte sempre converso. Busco ser transparente sobre minha opção. Geralmente, os homens aceitam inicialmente. No entanto, é difícil para eles abrir mão desse apego sexual, dessa ideia de exclusividade”, expõe.

Pandemia é mais um obstáculo para não monogamia

Rosana acredita que ainda vai levar muito tempo para que esses modelos outros sejam compreendidos: “É algo que vai depender de uma profunda mudança de mentalidade, em que as pessoas pensem de forma mais livre, entendendo que somos seres individuais e que o amor não está associado a posse física e sexual”, diz.

Um cenário que, em função dos efeitos da pandemia da Covid-19, parece ainda mais distante agora. “O poliamor e as relações abertas nunca foram bem aceitas pela sociedade de modo geral. Algumas pessoas chegam a acreditar que o HIV/Aids, no passado e, agora, o novo coronavírus, se apresentaram ao mundo para frear comportamentos ‘libertinos’. Diante disso, acredito que não será bem visto falar sobre ter mais de um parceiro, sobre se relacionar em trisal ou de outras formas amorosas”, avalia.

A economista teme um “retrocesso também no debate quanto à liberdade de como queremos viver nossa sexualidade”. “Muito por causa da onda de conservadorismo que já estamos vivendo”, conclui.

Última alternativa. Um outro preconceito constantemente combatido pelos adeptos da não monogamia é a tendência de se encarar a modalidade como uma tábua de salvação para um namoro ou casamento em crise. Além disso, rejeita-se a ideia de uma progressão natural dos relacionamentos. Isto é, uma história que comece aberta não necessariamente deverá, em um segundo momento, ser fechada.

Ciúme e insegurança são parte de qualquer relação

O relato que abre esta reportagem explicita como insegurança e ciúme são também sensações experimentadas por pessoas em situações não monogâmicas. E, claro, o registro não foi o único do tipo.

Quando Catarina engatou um romance com Teodoro, foi a vez de Uri ficar desconfortável. “Conversamos e propus de sairmos nós três, para que eles se conhecessem”, conta ela, observando que o tradutor quase declinou do convite, mas, ao fim, aceitou. “A gente foi para um bar, tomamos uma cerveja, eles ficaram amigos e o ciúme morreu ali”, expõe. “Quando ela terminou com o rapaz, eu sofri junto”, comenta Uri, que hoje ri da situação.

Por outro lado, é sensível a satisfação de qualquer um deles ao falar sobre os namoros independentes do outro. No vocabulário da não monogamia, existe uma palavra que define esse sentimento: a compersão – verbete que designa o sentimento de contentamento em perceber a felicidade de seu parceiro quando com outra pessoa.

“Trata-se de um esforço superior de vontade, que implica em se livrar de um condicionamento cultural que dialoga com essa visão patriarcal e monogâmica que é reforçada cotidianamente”, analisa o psicólogo social Cláudio Paixão Anastácio de Paula. Ele lembra ainda que o ciúme é “um comportamento desencadeado por emoções que tem componente evolutivo” e, portanto, traz em seu bojo aspectos não apenas culturais e históricos como também biológicos e genéticos.

O psicólogo acrescenta que, sim, é possível lapidar essas sensações. Para tanto, “o primeiro passo seria perceber que você não tem controle, previsibilidade de futuro, garantia que uma relação, monogâmica ou não, vai durar para sempre”, aponta. Neste cenário, “muito melhor ter uma conversa clara e sincera e, desde o início, discutir o desejo do outro e o meu desejo”, pontua.

Uma identidade política

“A grande maioria das pessoas não conhecem uma alternativa à ‘escada rolante relacional’. A ideia de percorrer o script de conhecer, ficar, namorar e casar com o intuito de encontrar a ‘pessoa ideal’, sendo inclusive colocado como reprimível o simples fato de pensar em outro alguém”, aponta o texto “A não monogamia como identidade política”, que prossegue argumentando que, ao pensar politicamente na decisão de romper com a norma, “passamos a também poder nos perceber como pessoas não mono. Nesse caso, falando de uma identidade política”, prossegue a publicação, inteirando que, mesmo que um indivíduo não esteja se relacionando, o pensamento político não monogâmico estará “presente no que pauta as relações para essa pessoa”.

Em um outro artigo que aponta aproximações entre a luta LGBTQIA+ e a não monogamia, os autores do blog “NM em Foco”, especializado no debate sobre não monogamia com foco em gênero, raça e sexualidade, citam um trecho do livro “Stonewall 40 + o que no Brasil?”, de Fernando Sneffer: “Conquistar direitos pode ser, em parte, ajustar-se à sociedade. Casar pode estar levando a reificar esta forma de relação, no sentido de mostrar que é a única ou a melhor possível para se viver afetos e sexo; adotar filhos e constituir família pode levar a pensar que esses agrupamentos são de maior qualidade do que viver o sexo de modo livre.”

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Uma publicação compartilhada por NM em Foco (@naomonoemfoco) em

A partir da reflexão, a publicação “Monogamia e a luta LGBTIA+” propõe questionamentos: “Lutar para conseguir direitos é justo e necessário, claro, mas acreditamos que devemos nos perguntar: só existe uma maneira de existir que seja digna de direitos? Para quem esses direitos conquistados vão surtir efeitos de fato?”.

Aos olhos da lei

Advogada especialista em direito de família e sucessões e docente do curso de direito em duas universidades de Belo Horizonte, Thais Câmara indica que, apesar de serem poucas, existem, há pelo menos 15 anos, exemplos de decisões conferidas por tribunais estaduais em relação a temas correlatos a não monogamia – como o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas, de forma que, em caso de morte ou de separação, nenhuma das famílias ficaria desamparada. 

Um exemplo é a decisão do desembargador José Fernandes Lemos, da 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, que deferiu reconhecimento  de duas uniões estáveis paralelas, públicas e contínuas.

Neste caso, foi elemento central da decisão a boa fé das partes envolvidas – o que diferencia a situação de um concubinato. “É importante frisar que tratavam-se de relações públicas e não clandestinas, enfim, diferente de uma relação de amantes”, pontua a advogada.

“Somos um país que privilegia a monogamia. O casamento com mais de duas pessoas não é permitido na nossa legislação. Se ocorrer um segundo casamento, ele será anulado. Mas ocorre que, na realidade prática, uniões estáveis paralelas acontecem e, portanto, é preciso resguardar o direito dessas pessoas, principalmente quando existe a boa fé das partes envolvidas”, avalia Thais, reforçando que existem efeitos jurídicos para esses relacionamentos, chamadas no juridiquês de uniões estáveis putativas.

“Em Minas, nosso Tribunal de Justiça é muito conservador nesse sentido”, adverte a especialista. Contudo, ela lembra que o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul já tem posicionamento diferente, como uma decisão do desembargador Rui Porta Nova, que reconheceu os efeitos das uniões dúplices.

O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda tem que se posicionar sobre as uniões simultâneas. Em setembro de 2019, a mais alta instância do poder judiciário brasileiro adiou o julgamento no caso de duas pessoas que tinham relacionamento estável simultâneo com um mesmo homem, já falecido, devem dividir a pensão por morte paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Entendimento sobre união poliafetiva é conflituoso

Desde 2018, os cartórios de registro civil estão proibidos de lavrarem escrituras de união estável pública poliafetiva, conforme definição do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“É uma nova forma de entidade familiar, dado que, diferente das uniões paralelas, em que uma das partes desconhece da outra, nas uniões poliafetivas, todos os companheiros têm ciência do relacionamento e estão de acordo com ele”, detalha Thais Câmara. A advogada aponta que, independentemente da decisão do órgão, alguns cartórios continuam lavrando o documento, mesmo ainda sendo um tema que tem grande resistência no judiciário e na sociedade.

Ela salienta que o tema está sendo debatido, conforme recomendado pela ministra do STF Cármen Lúcia, que, à época, presidia o CNJ. “É importante que isso seja regulamentado, dado que não vai gerar prejuízo nenhum para terceiros. As pensões, por exemplo, seriam fracionadas entre as companheiras, não causando prejuízo ao INSS. Então, acredito que o Estado não deveria interferir na vida privada e na intimidade das pessoas escolhendo quais entidades familiares podem surtir os efeitos jurídicos”, opina.

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