Fisiologia

Xerostomia: sensação de boca seca pode ser alerta para doenças 

Além do processo de envelhecimento, doença tem 12 sintomas comuns


Publicado em 27 de abril de 2016 | 03:00
 
 
 
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Fisiologicamente, a salivação começa a diminuir a partir dos 30 anos. Aos 60, a pessoa tem metade da saliva de um jovem. O problema é que todos precisam de saliva para digerir os alimentos, limpar a boca e controlar a população de bactérias, evitando infecções.

De acordo com o cirurgião-dentista Artur Cerri, diretor da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD), a queda no volume de saliva produzida pela boca acaba dificultando a deglutição e diminuindo a resistência bucal. Quando não diagnosticada e tratada a tempo, essa condição pode resultar, inclusive, na perda dos dentes.

“A síndrome da boca seca pode ser fisiológica ou indicar algumas doenças sistêmicas, acelerando o aparecimento de cárie, infecção bucal e, principalmente, gengivite. Além de comprometer a saúde bucal do idoso, acaba interferindo na saúde em geral e em sua qualidade de vida, porque o paciente naturalmente passa a comer menos e ingerir apenas alimentos macios ou líquidos. Esse ciclo vicioso precisa ser interrompido”, alerta Cerri.

Segundo ele, além do processo de envelhecimento, uma das causas mais comuns são os efeitos colaterais de determinados medicamentos (veja infográfico). Também pode se tratar de um desdobramento de determinadas doenças, como diabetes, anemia, fibrose cística, hipertensão e artrite reumatoide, entre outras. “Não podemos descartar outras causas, como desidratação e danos ao sistema nervoso, principalmente após traumas ou cirurgias. Mas outra causa muito comum é o fumo. O fumante passa muito tempo respirando pela boca enquanto fuma, e isso acaba agravando o quadro”.

Ao identificar um ou mais sintomas, o paciente deve reportar o problema ao médico. Só assim poderão ser providenciados ajustes nas dosagens das medicações ingeridas diariamente ou até mesmo sua substituição.

“É importante que as pessoas mantenham uma excelente higiene oral. Além de prevenir contra a maior parte das doenças, escovar bem os dentes, fazendo uso do fio dental diariamente, poderá ajudar na prevenção da xerostomia. Ingerir bastante líquido ao longo do dia e adotar uma alimentação rica em alimentos com alto teor de água também é indicado para a maioria das pessoas, principalmente para o idoso”, diz Cerri, lembrando que essa rotina controla os efeitos da boca seca nas refeições e evita que a pessoa passe a comer menos e fique com a musculatura oral enfraquecida.

Parece, mas não é

Síndrome de Sjögren. É uma doença autoimune de causa desconhecida. Os sintomas são dificuldade de comer alimentos sem ingerir líquido, língua grudada no céu na boca, feridas nos cantos da boca e quebra fácil dos dentes.

Flash

Controle da doença. A higiene bucal e o controle da dieta devem ser rígidos. Para que seja tentada uma reativação da secreção das glândulas salivares, o uso de tabletes de fosfato de cálcio e gomas de mascar é recomendado e em condições extremas é indicado o tratamento químico com acompanhamento do dentista.

Células-tronco podem ajudar em reparação

A boca seca também pode ser um efeito colateral de tratamentos contra o câncer, já que a radiação pode danificar as glândulas salivares, prejudicando a produção de saliva.

Cientistas do Instituto de Pesquisas Dental e Craniofacial dos Estados Unidos se empenham na identificação de células, sinais biológicos e outros fatores-chave para o desenvolvimento de glândulas salivares embrionárias. Eles acreditam que células-tronco apresentam potencial para regeneração e reparação das glândulas salivares.

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