Savassi

'Hoje é dia da palavra escrita', diz Janot ao lançar livro em BH

Ex procurador-geral esteve na livraria de um shopping para uma sessão de autógrafos

Por Aline Diniz
Publicado em 10 de outubro de 2019 | 19:38
 
 
Rodrigo Janot Foto: Leo Fontes / O Tempo

Quinze minutos antes do horário previsto, o ex procurador-geral Rodrigo Janot chegou ao pátio Savassi na noite dessa quinta-feita (10) para o lançamento do livro “Nada Menos que Tudo”. Às 18h45, ele desceu do carro preto acompanhado de seguranças do Ministério Público Federal (MPF). Simpático, ele disse à reportagem de O Tempo que não daria entrevista. “Hoje é dia da palavra escrita”, brincou Janot. Ele acessou o shopping por uma porta “secreta” que dá acesso direto ao salão. O evento foi organizado pela Leitura e pela editora Planeta. 

Na porta do espaço Leitura, não mais que 20 pessoas esperavam pelo bacharel em Direito. Durante a sessão de autógrafos, esse número cresceu. Ele fez questão de conversar com cada um dos conterrâneos. Uma senhora de 94 anos, que parece ser da família, foi recebida na porta por Janot. Ela questionou: você ainda se lembra de mim? Ele respondeu com um abraço afetuoso é um: claro que sim.

Uma fila grande se formou  por interessados em ter o livro autografado por Janot. A Leitura vendeu durante a sessão 134 exemplares. Antes, outros 94 livros já haviam sido vendidos.

Lançamento em outras cidades

Depois de afirmar que foi ao Supremo armado e com o intuito de matar Gilmar Mendes, Janot amargou estreias mornas em São Paulo e em Brasília. Sem atrair muitos interessados, ele vendeu 43 exemplares na capital paulista  para jornalistas, seguranças e funcionários da editora. Em Brasília, onde construiu sua vida pública, Janot aumentou a cifra. Foram 251 livros comercializados. 

Nesta semana, Janot voltou a ser manchete após pedir afastamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A seccional do Distrito Federal informou nesta quarta-feira  que a Comissão de Seleção vai analisar o pedido. Na última semana, o governador do Distrito Federal e ex-presidente da OAB-DF, Ibaneis Rocha (MDB), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) já haviam protocolado representações pedindo a suspensão e a posterior cassação da licença para advogar do ex-procurador geral. Os pedidos ocorreram em virtude da declaração de Janot sobre o desejo de matar o ministro do Supremo Gilmar Mendes. 

O livro : uma prestação de contas 

"Nada Menos que Tudo" é uma obra de memórias de Janot coescrita pelos jornalistas Jaílton de Carvalho e Guilherme Evelin. Apesar de contar em uma das passagens que pensou em assassinar uma pessoa (sem citar o nome de Gilmar Mendes), a obra do ex-procurador revela seu papel como grande defensor do Estado e seu afastamento da política durante a Lava Jato. O bordão "a gente faz o que tem que fazer" deixa claro a intenção de se consagrar para a história como uma espécie de herói. Ele conta que mandou prender pessoas que admirava, recebeu propostas indecorosas e, em nenhum dos momentos, desistiu. No máximo, Janot chorou em casa após um dia exaustivo com uma taça de vinho na mão. O ex-procurador trata ainda da conduta dos procuradores de Curitiba, onde parte da força-tarefa foi concentrada, e  revela que foi duro com Deltan Dallagnol em uma ocasião em que os procuradores do Sul ameaçaram pedir demissão da força-tarefa porque havia a suspeita de que Janot aceitaria um acordo das empreiteiras. Apesar de no inicio do livro afirmar que não tem interesse na vida pública, o enredo deixa claro que Janot seria um político "correto".